(Avaliação) Novo Honda City é um sedan compacto premium de verdade

A Honda brasileira nunca confirmou, mas o Novo City veio pra “substituir” as versões de entrada e intermediárias do finado Civic nacional. Pra isso, ele ganhou inclusive a grife Touring na versão topo de linha, tradicional nos carros mais caros como Accord e CR-V. Esse é o modelo das fotos, um Novo Honda City Sedan Touring, que custa R$123.100. Como único opcional está a cor metálica por R$1.700 extras.

E, claro, é tudo novo nesse City 2022, afinal trata-se de um carro completamente diferente do anterior. Não só melhorou muito, como também surpreendeu quem esperava algo próximo de um “Fit sedan”, como era o caso da antiga geração, só que renovado.

Cresceu e apareceu: O Novo City sedan é quase do tamanho de um Civic (Foto: Lucca Mendonça)

Nem é preciso entrar no carro pra ver que o nível subiu, até porque ele está quase do tamanho do próprio Civic (são apenas 8 cm de diferença no comprimento e 5 cm na largura). Claro que é por isso que ele tem um dos maiores espaços internos da categoria, com entre-eixos de 2,60 m e generosos 520 litros de porta-malas, além de um quê de carro maior.

Sem fugir muito do assunto de espaço, é aqui que o City se mostra mais Civic do que nunca: Mesmo com os bancos dianteiros ajustados pra alguém com cerca de 1,85 m de altura, sobram quase dois palmos no vão para as pernas dos passageiros traseiros. Outros problemas comuns de sedans pequenos, como por exemplo as cabeçadas no teto por causa da carroceria baixa, não existem nesse Honda. Concepção interna das boas.

Espaço interno e modularidade: Show a parte, assim como o acabamento interno (Foto: Lucca Mendonça)

Na segunda fileira, inclusive, todos são mimados com saídas de ar-condicionado exclusivas e apoio de braço central com porta-copos. Ali não existem portas USB, infelizmente, mas isso é parcialmente compensado com uma tomada 12V que pode comportar um adaptador pra carregar dispositivos eletrônicos.

Chama a atenção também o cuidado com o nível de acabamento do interior desse City, já que os mesmos materiais e encaixes das peças encontrados na frente estão atrás, incluindo as quatro laterais de porta com forração em material macio (no carro avaliado), encaixes caprichados até no compartimento do porta-malas e carpete aveludado por todo o chão da cabine. Isso é coisa que, definitivamente, não se vê em concorrentes como VW Virtus, Nissan Versa ou Toyota Yaris, por exemplo.

Bom acabamento e carpete aveludado até no porta-malas de 520 litros (Foto: Lucca Mendonça)

Modularidade? Igualmente elogiável. Ninguém sofre com problemas para entrar, sair ou se movimentar dentro do carro, já que tudo aparentemente foi pensado em prol da folga dos ocupantes (portas grandes que abrem bastante, caixas de ar bem baixas e assoalho praticamente plano). Fora que, para a alegria do condutor, tudo é facilmente acessado e comandado na instrumentação, controles do painel e multimídia. Até aqui, ele se mostrou um show à parte, pelo menos dentro do universo dos sedans compactos mais requintados.

Muito conforto e silêncio a bordo

Marca registrada dos Honda, a tradicional suspensão durinha cedeu espaço para um conjunto muitíssimo confortável e suave nesse Novo City, com comportamento aprimorado na absorção das irregularidades do piso, mesmo quando está se rodando com a carga máxima.

Bom acerto de suspensões, freios e direção (Foto: Lucca Mendonça)

Graças aos amortecedores com stop hidráulico, sistema que evita as pancadas secas conhecidas como “fim de curso” e geralmente está presente em crossovers ou SUVs, também é possível atravessar buracos grandes, valetas e lombadas sem muitos sustos. Pena a pouca altura do solo fazer com que o parachoque dianteiro raspe com facilidade nessas mesmas situações…

Por outro lado, logo vem a dúvida: Com um acerto mais voltado para o conforto, o carro ficou muito molenga ou instável nas curvas mais rápidas? Definitivamente não. Ele ainda conserva a boa dinâmica na condução, típica dos automóveis japoneses, e isso se deve também à carroceria próxima ao chão. Calibração na medida certa, assim como acontece com os freios, que só poderiam ser a disco nas quatro rodas, e direção elétrica.

A baixa altura em relação ao solo tem seus lados bons e ruins (Foto: Lucca Mendonça)

Bacana perceber também que todo o reforço em isolamento acústico que a fabricante ressaltou no lançamento do modelo realmente faz efeito. Praticamente não se ouve nada durante o funcionamento, a não ser pelo motor que é “girador” e, não tem jeito, acaba ecoando seu som pra dentro da cabine nas acelerações fortes ou retomadas de velocidade. Do restante (leia-se suspensões, câmbio e demais ruídos, inclusive os de fora), tudo muito quieto.

Juntando isso com o jogo de bancos confortável (de desenho igual ao dos CR-V e Civic) e a boa combinação de creme com preto do interior desse carro avaliado, ele se passa tranquilamente por um carro de categorias mais altas. Ou pelo menos se sai melhor que seus principais rivais.

Bonita combinação de detalhes em creme com preto do carro avaliado ajudam no bem-estar (Foto: Lucca Mendonça)

Ganha-perde na motorização

Que esse Novo City é um carrinho pra lá de interessante, isso não dá pra negar. Mas falta falar do principal, ou seja, motor e câmbio, ou o casamento bem-sucedido dos dois. Nesse caso o compacto premium da Honda é mais honesto: Movido por um compacto propulsor 1.5 flex com quatro cilindros e 16 válvulas, ele dispensa o turbo, mas ao menos oferece duplo comando variável (o tradicional VTEC) e injeção direta de combustível.

Não podemos esquecer do câmbio automático do tipo CVT, continuamente variável, com simulação de sete marchas, possibilidade de “trocas” manuais e até modo Sport. Essa é a mesma caixa da antiga geração, mas amplamente melhorada e com uma velocidade simulada a mais. Números? Razoáveis 126 cv de potência a 6.200 rpm e contidos 15,5/15,8 mkgf de torque a 4.600 rpm (gasolina/etanol). Literalmente girador.

A caixa CVT é a mesma de antes, mas foi completamente reformulada (Foto: Lucca Mendonça)

Obviamente não dá pra tirar leite de pedra, então ele não tem o fôlego de um motor turbo com torque total aos 1.500 ou 2.000 rpm. Esse 1.5 e o CVT atrelado à ele exigem um pé mais pesado quando precisam acelerar de forma mais viva, e naturalmente fazem barulho pra isso. Mas guiando de forma pacata e sem pressa, não falta nada de força, mesmo com modo Eco ativado (que ainda mais o pique do conjunto).

Nas ultrapassagens com o carro lotado não tem melhor jeito a não ser apelar pro modo Sport, que deixa o carro mais arisco, ou então ter um pouquinho de paciência até o motor subir de giro. Mas, de novo: Não é turbo, e os menos de 16 mkgf de torque junto do CVT se mostram tranquilos até demais na maioria das situações de uso. Quem já dirigiu outros japoneses com powertrain parecido, como os Nissan Versa ou Kicks, ou então até os Fit e City antigos, sabe do que estou falando.

O motor é aspirado e tem menos de 16 mkgf de torque (Foto: Lucca Mendonça)

Mas de fato, como prometido pela Honda, a condução do Novo City é menos anestesiada, com respostas um pouco mais espertas ao comando dos pedais e até mais presença por parte da transmissão, que inclusive pode ser comandada por paddle-shifts atrás do volante. É algo mais próximo daquilo encontrado nos modelos mais caros da marca. Aquela sensação do carro com câmbio CVT que “parece uma enceradeira” parece ter ficado mesmo no passado.

Mas tem um belo bônus. Em que pese o tanque de apenas 44 litros, que limita bastante o alcance, ele consegue ir longe graças as ótimas médias de consumo, pelo menos com gasolina: Registrados 14,2 km/l na cidade e passando dos 20 km/l na estrada durante nossos testes. Fica claro que o foco não era fazer um carro rápido, mas sim eficiente e econômico.

Não é Civic, mas…

City não é Civic, apesar dessa nova geração agradar (Foto: Lucca Mendonça)

As coisas que o Civic tinha, só o Civic tinha. Falo das suspensões independentes nas quatro rodas, afiadíssimas quando o assunto era dinâmica em curvas, fixação multibraço do eixo traseiro, garantindo mais conforto e também estabilidade, freios a disco nas quatro rodas que paravam muito bem o carro e por aí vai. Isso sem contar na qualidade construtiva de um sedan médio, sempre superior à de um sedan compacto.

Por mais que tenha crescido, aparecido, melhorado e ficado mais bonito, o City sedan não é um Civic, nem está à altura para substituí-lo. Ganha sim em tecnologia embarcada, consumo de combustível, porta-malas, espaço interno e talvez até conforto, mas se mantém dentro da sua categoria. Resumidamente, ele é um belíssimo e excelente sedan compacto, mas que leva o “premium” ao pé-da-letra.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.497 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), aspirado, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: Automática do tipo continuamente variável (CVT), com simulação de 7 marchas e possibilidade de trocas manuais por paddle-shifts
Potência: 126 cv a 6.200 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 15,5/15,8 mkgf a 4.600 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: Independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: Eixo de torção com molas helicoidais
Direção: Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Dunlop Enasave EC300+, medidas 185/55. Rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,55 m/1,75 m/1,48 m/2,60 m
Porta-malas: 520 litros
Tanque de combustível: 44 litros
Peso em ordem de marcha: 1.170 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 11 segundos (aproximadamente)
Velocidade máxima: 180 km/h (aproximadamente)
Preço básico: R$123.100 (Carro avaliado: R$124.800)

Itens de série:

Auto High Beam (AHB) – Sistema de assistência automática de farol alto e baixo, que se ajusta de acordo com a situação, ACC (Adaptive Cruise Control) – Sistema que auxilia o motorista a manter uma distância segura em relação ao veículo detectado a sua frente, CMBS (Collision Mitigation Braking System) – Sistema de acionamento de freios ao detectar uma possível colisão frontal com o objetivo de mitigar acidentes, LKAS (Lane Keeping Assist System) – Sistema que detecta as faixas de rodagem e ajusta a direção com o objetivo de auxiliar o motorista a manter o veículo centralizado nas linhas de marcação, RDM (Road Departure Mitigation System) – Sistema que detecta a saída da pista e ajusta a direção com o objetivo de evitar a sua evasão e possíveis acidentes, Estrutura de deformação progressiva ACE (Advanced Compatibility Engineering), Alarme de segurança com imobilizador ECU, Freios com sistemas ABS e EBD (Anti-Lock Braking System / Electronic Brake Distribution), EBA (Emergency Brake Assist), Assistente de estabilidade e tração – VSA (Vehicle Stability Assist), Assistente de partidas em aclive – HSA (Hill Start Assist), ESS (Emergency Stop Signal – Sistema de luzes de emergência), Airbags frontais, laterais e de cortina (6 airbags), Cinto de segurança de 3 pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, Cinto de segurança dianteiro com sistema de tensionamento, Lembrete de afivelamento dos cintos dianteiros e traseiros, Trava infantil nas portas traseiras, Sistema ISOFIX de fixação para cadeirinhas infantis, Câmera de ré multivisão com linhas dinâmicas (três vistas), Alerta de pressão dos pneus, Sistema Honda LaneWatch – Assistente para redução de ponto cego, Lanternas traseiras em LED, Antena tipo Tubarão, Limpador de para-brisa com função intermitente com ajuste de velocidade, Espelhos retrovisores na cor do veículo com indicadores em LED e rebatimento elétrico, com rebatimento automático, Conjuntos óptico e DRL Full LED, Faróis com acendimento automático (sensor crepuscular), Sensores de estacionamento com aviso sonoro Dianteiros e Traseiros, Botão de travamento das portas (motorista e passageiro) com travamento automático de velocidade, Vidros elétricos com a função de subida automática dos vidros com “um toque” em todas as portas com anti esmagamento, Piloto automático (Cruise Control) Adaptativo, Alavanca de seta com One-Touch (pisca três vezes com um toque), Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, Banco traseiro com apoio de braço central e porta-copos, Porta-revistas no banco passageiro e motorista, Desligamento automático dos faróis após 15 segundos, Tomada 12 Volts Dianteira e Traseira, Jogo de tapetes com trava antiescorregamento (carpete), Ar-condicionado Digital Automático com ventilação para os ocupantes traseiros, Espelho retrovisor fotocrômico, Botão de partida do motor (START/STOP), Banco traseiro Bipartido (60/40), Volante e alavanca do câmbio revestidos em couro, Revestimento dos bancos de Couro na cor Preta ou Cinza Claro, Bancos com Estabilizador Corporal – Maior conforto e ergonomia, Interface para smartphones Apple CarPlay e Android Auto™ com Voice Tag, Alto-falantes de 20W cada – 8 alto-falantes, Multimídia 8” touchscreen com interface sem fio para smartphones com Apple CarPlay e Android Auto™ com Voice Tag, câmera de ré e USB, Controle de áudio no volante, Painel digital TFT 7″ de alta resolução (Thin-Film Transistor), Chave com função Smart Entry de destravamento e travamento das portas por sensor de aproximação, abertura do porta-malas, abertura e fechamento dos vidros e partida com controle remoto.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.