(Avaliação) Argo Trekking traz o bom de dois mundos, mas cobra por isso

A Fiat, querendo ou não, tem uma história de sucesso quando o assunto é versões aventureiras de carros comuns, e casos como Fiorino Trekking, Palio Weekend Adventure e Uno Way, por exemplo, não negam isso. Aproveitando o bom momento dos SUV’s e derivados, a Fiat, que ainda não tem nenhum modelo desse segmento aqui no Brasil, lançou o Argo Trekking em abril (confira mais detalhes do lançamento aqui), que se diferencia da concorrência por mudar não só na estética, mas também na engenharia (pneus de uso misto e suspensões elevadas). Isso faz dessa versão do Argo um bom multiúso para cidade/estrada e passeios um pouco mais “ousados” no fim de semana, mas claro que sem abusos, porquê ainda estamos falando de um hatch popular

Apesar de mais altinho, o Argo Trekking ainda é um hatch compacto (foto: Lucca Mendonça)

Na mecânica, quem brilha é o conhecido motor 1.3 8 válvulas Firefly que desenvolve 101/109 cv de potência e 13,1/13,7 mkgf de torque a 3.500rpm (gasolina/etanol). De construção simples e bastante econômico, ele é ligado somente a uma transmissão manual de 5 marchas nessa versão, e por enquanto não existe nenhuma previsão disso mudar (embora concorrentes como Ka Freestyle tenham a opção de câmbio automático). O bom desse conjunto é o baixo consumo de combustível: sempre abastecido com etanol e andando sem muita pressa, as médias ficaram próximas dos 10,5/11,0 km/l na cidade e bons 15,0/15,5 km/l na estrada.

O pequeno motor 1.3 Firefly (foto: Lucca Mendonça)

No dia a dia, as mudanças funcionais como os pneus de uso misto e molas mais altas (que juntos acrescentaram 40 mm na altura original do carro) são muito bem aproveitadas, principalmente na hora de passar por buracos e valetas em velocidades maiores sem medo de raspar os parachoques ou sentir aquela batida seca característica do fim de curso das suspensões. O bom é que praticamente nada disso prejudica o conforto, que continua sendo ponto positivo no hatch. Nos demais, os engates do câmbio, apesar de longos e um tanto moles demais, são bons, e o sistema de direção elétrica é bem ajustada e precisa ao comando do volante.

Alguns detalhes como o teto preto e emblemas da Fiat escurecidos chamam a atenção, e no interior os bancos são personalizados e feitos de um tecido mais resistente. Além disso nada muda: o espaço interno continua bastante elogiável mesmo com um entre-eixos que fica longe de ser o maior da categoria (2,52 m), dando folga para pernas e cabeça dos passageiros, e o porta-malas, que também mantém os mesmos bons 300 litros de capacidade, tem boa abertura e acomoda bem tudo que uma família de até quatro pessoas costuma levar em uma viagem.

O bom porta-malas de 300 litros (foto: Lucca Mendonça)

O carro avaliado estava equipado com os dois opcionais disponíveis, que são as rodas de liga-leve aro 15 e a câmera de ré, mas de série essa versão traz ar-condicionado, direção elétrica, conjunto elétrico (vidros, travas e retrovisores), computador de bordo, faróis de neblina, sensor de estacionamento traseiro, monitoramento de pressão dos pneus, volante multifuncional, central multimídia de 7” com conexões Android Auto/Apple CarPlay, entre outros. Falta grave para a ausência dos importantes controles eletrônicos de estabilidade e tração, que infelizmente só estão disponíveis nas versões com motor 1.8 ou com câmbio automatizado GSR.

Agora, o mais importante (e as vezem nem tão bom assim), que é o preço: sem opcionais e com pintura sólida, essa versão sai por pouco menos de R$59.990 (mais conhecido como R$60 mil), mas se escolher igual ao carro das fotos, o preço salta para exatos R$64.350. Comparando, caso você não faça questão da aventura, dentro da própria linha Argo, a versão Precision é equipada com motor 1.8 (que rende 135/139 cv e 18,8/19,3 mkgf de torque com gasolina/etanol) e câmbio automático de 6 marchas, custando R$63.990 (ou seja, R$360 a menos que a Trekking).

Todos os emblemas da Fiat são pretos nessa versão (foto: Lucca Mendonça)

Na lista de equipamentos algumas coisas mudam: essa versão Precision ganha controles eletrônicos de estabilidade e tração, além de assistente de partida em rampas, mas deixa de lado itens como a multimídia de 7” (no lugar dela, um rádio comum), faróis de neblina e as rodas de liga-leve (trocadas por calotas). Também esqueça o ótimo consumo do 1.3 Firefly: esse motor 1.8, apesar de ter melhor desempenho, bebe bem mais. E agora, 1.3 manual com mais equipamentos ou 1.8 automático mais simples? O Argo Trekking é uma boa pra quem quer um hatch mais “diferentão”, mas dúvidas como essa colocam em xeque se ele é mesmo uma boa escolha.

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Com 21 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.