A motorista atrapalhada que fez o coitado do pedestre de prisioneiro
Esse “causo” veio lá do passado, dos anos 50, mais precisamente de 1953. A história foi relatada por um amigo, filho da professora Marilu, muito querida entre os alunos da cidade serrana de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ele presenciou pessoalmente os fatos que conto a seguir. A outra protagonista era a grande amiga e vizinha dona Olga, que, inclusive, também era comadre de Marilu, pois havia batizado sua filha mais velha.
Dona Olga havia ganhado de seu marido um carro inglês Morris 1953, novinho em folha, na cor azul-marinho. Sedan imponente, tinha no seu estilo de design o principal diferencial. Um verdadeiro charme inglês!
Mas dona Olga tinha um sério problema: não era lá muito afeita a máquinas, e, para ela, dirigir era um bicho de sete cabeças. Na realidade, ela era uma barbeira de carteirinha. Pois bem, em um domingo, logo cedo, dona Olga telefonou para a professora Marilu convidando-a para irem juntas à missa das 10 horas. Poderiam ir juntas no novo carrão inglês que dona Olga ainda estava encantada, o tal Morris.
E assim foi feito: a professora Marilu deixou seu Chevrolet 1951 coupé de duas cores na garagem, e as amigas foram juntas à missa no elegante Morris.
O incidente com o carro novinho e o pé do pobre pedestre
Quando chegaram na igreja da matriz de Petrópolis, dona Olga passou em frente ao templo e virou na primeira travessa à direita, procurando uma vaga pra estacionar seu carro. Nesse momento, um homem aguardava para atravessar a rua bem na esquina. Ele já havia descido da calçada, estava no meio-fio e parou quando viu o carrão pronto para fazer a curva.
E não é que dona Olga parou o suntuoso carrão com a roda dianteira direita em cima do pé do infeliz? Nesse momento, o homem começou a gritar de dor e passou a esmurrar o capô do carro inglês.
Atrapalhada e em choque com o que tinha feito, dona Olga, em vez de movimentar o carro para frente ou para trás para tirá-lo de cima do pé do infeliz, desceu correndo do carro e, com as duas mãos no sovaco do pedestre, começou a puxá-lo para trás. Imaginem a cena: o homem reclamava e xingava de dor, dona Olga puxava ele para trás e o carro continuava esmagando o pé do cidadão. Um drama!
Dentro do carro, a professora Marilu, com toda calma do mundo, inclinou-se e soltou o freio de estacionamento. Como a rua era uma subida leve, o Morris lentamente começou a andar para trás.
Drama com final feliz
Esses poucos centímetros que o carro andou para trás foram suficientes para libertar o prisioneiro compulsório. Mas, lembre-se: dona Olga puxava o coitado para trás com o peso do seu corpo e, na hora que o pé do homem se soltou, os dois caíram sentados na calçada, dona Olga por baixo e o infeliz por cima.
A vítima da história levantou-se e saiu xingando a atrapalhada motorista, mancando do pé que havia sido atropelado. Nem ajudou dona Olga a se levantar: ela ficou caída na calçada certamente com uma boa dor na bunda.
A professora Marilu, que assistiu tudo de camarote sentada no banco do passageiro, teve um ataque de riso do qual não conseguia se conter. Na realidade, foi um acontecimento tragicômico. Os fatos desse domingo de 1953 ficaram marcados por décadas na família da professora Marilu: até hoje, é motivo de muitas risadas nos encontros familiares.
Professora Marilu, que já não se encontra mais entre nós há muitos anos, encerrava a história contando que a parte mais difícil de todo o episódio foi assistir à missa das 10 horas sem dar risada toda vez que olhava para dona Olga e lembrava da situação toda. Coisas da vida!