Os principais defeitos dos 10 carros seminovos e usados mais vendidos do Brasil

O carro novo encareceu muito nos últimos anos, e o popular, em sua essência, praticamente deixou de existir. Com isso, as atenções se voltaram aos seminovos e aos usados, que sofreram alta valorização nos últimos dois anos e voltaram a ser um bom negócio.

O carro 0 km encareceu bastante e os populares praticamente foram abolidos, o que levou ao aumento de preço dos usados (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Porém, antes de escolher um carro seminovo ou usado, é importante avaliar algumas coisas, como por exemplo seu estado de conservação, histórico de manutenções, histórico de proprietários e até mesmo seus “antecedentes” em sinistros através de empresas especializadas. Além disso, vale muito cotar o valor do seu seguro para evitar surpresas desagradáveis após comprá-lo, e quanto custa sua cesta básica de peças para se ter uma ideia dos preços de manutenção.

Para auxiliar você ainda mais na escolha, vamos relatar algumas informações sobre os principais defeitos dos 10 carros seminovos e usados mais vendidos no Brasil:

1 – Volkswagen Gol

Fora de linha desde 23/12/2022, é o seminovo e usado mais vendido a anos. Com várias remodelações, teve apenas três gerações, sendo a última lançada em 2008 e comercialmente reconhecida como G5, G6 e G7 e G8.

Gol é o carro usado mais vendido do Brasil há anos (Foto: VW/divulgação)

Falando desta terceira geração, o modelo possui poucos problemas crônicos. No caso dos motores EA-111 de 4 cilindros, seja 1.0 ou 1.6, há problemas de lubrificação em decorrência a uma falha de projeto no cabeçote, em especial na versão de 1.0 litro, que, associada à negligência na manutenção, seja por uso de óleo fora das especificações do fabricante, trocas de lubrificante fora do prazo, atraso na substituição do filtro de óleo, ou mesmo utilização severa com o motor frio, causa danos irreversíveis, com necessidade de retífica parcial ou total do motor. Unidades dotadas do câmbio automatizado i-Motion sofrem com problemas de consumo excessivo da embreagem e trancos nas trocas de marchas.

Nas versões mais recentes com o motor EA-211 1.0 de 3 cilindros, deve-se atentar apenas a vazamentos na bomba d’agua, que possui carcaça da válvula termostática, duas válvulas termostáticas e a bomba em uma única peça, com um preço bem elevado. Os bancos destes modelos são muito firmes, e a espuma do assento sofre desgaste acentuado, mas ao menos é barata de se repor com peças concessionária. Seu acabamento melhorou bastante se comparado ao da segunda geração, mas há reclamações de ruídos internos, em especial nas portas e painel, este causado pelo encaixe do painel de instrumentos na moldura.

Versões mais recentes, com motor de três cilindros, têm reclamações recorrentes de vazamento na bomba d’água, bem como ruídos de acabamento em seu interior (Foto: VW/divulgação)

2 – Fiat Uno

Fora de linha desde 2021, o veterano da Fiat teve apenas duas gerações e sempre foi bem quisto por seu espaço interno, resistência e confiabilidade. A primeira, reconhecida pelo mercado por seu design mais quadradinho, sofria com problemas de acabamento, por conta da construção bastante simples, sem contar a imprecisão dos engates do câmbio nas versões mais antigas (antes de 2008), ineficiência do freio de mão, e por sua suspensão que, apesar de robusta, era muito barulhenta e demandava bastante manutenção quanto às buchas e serviços de alinhamento. Se usado de modo severo, é bom conferir também se há trincas nas longarinas.

Versões mais antigas têm problemas nos engates das marchas, freio de mão ineficiente e ruídos de suspensão (Foto: Fiat/divulgação)

A geração mais nova, de 2010, pecava por um acabamento frágil e bastante barulhento, com peças mal encaixadas e de baixa qualidade, ruídos de funcionamento do câmbio, alto consumo de combustível (principalmente urbano), e baixa qualidade do acabamento do volante e manopla de câmbio, que apresentam desgaste acentuado, mesmo em veículos de baixa km. Unidades dotadas do câmbio automatizado Dualogic sofrem com problemas de consumo excessivo da embreagem e trancos nas trocas de marchas, ao passo que as GSR não tenham tantos relatos de dores de cabeça, embora não sejam tão confiáveis quanto a boa e velha transmissão manual.

Linha mais nova já sofre de outros males, a exemplo da baixa qualidade do acabamento interno (Foto: Lucca Mendonça)

3 – Fiat Palio

Lançado em 1996, o hatch da Fiat deixou o mercado em fevereiro de 2018 e teve duas gerações. A primeira pecava por seu banco com poucas regulagens, em especial nas versões mais simples, desgaste prematuro da embreagem de seu cabo de acionamento, desgaste prematuro dos anéis sincronizadores do câmbio (fazendo com que as marchas raspassem com certa facilidade), alto consumo de combustível nos modelos anteriores a 2008, e notável falta de potência, principalmente para o uso em rodovias.

O carro não era sinônimo de desempenho em suas versões com motores menores, e pode ter problemas crônicos relacionados a sua mecânica (Foto: Fiat/divulgação)

Já segunda geração, lançada em 2012, deixava seus motoristas frustrados com o baixo desempenho nas versões de baixa cilindrada (1.0, e até 1.4, dependendo da demanda), alto consumo de combustível, ruídos excessivos em seu acabamento, lâmpadas de farol que queimam com certeza facilidade, além de alguns problemas comuns à primeira geração, como desgaste da embreagem, cabo e anéis de sincronia do câmbio, que apresenta dificuldades de engate e a famosa raspada de marcha. Assim como no Uno, unidades dotadas do câmbio automatizado Dualogic sofrem com problemas de consumo excessivo da embreagem e trancos nas trocas de marchas.

Segunda geração definitiva pena com outros vícios (Foto: Fiat/divulgação)

4 – Fiat Strada

Carro mais vendido no Brasil nos últimos três anos, é o utilitário que mais emplaca há mais de uma década. A picapinha foi lançada em 1998, e está na segunda geração desde 2020. Alguns defeitos são comuns à linha Palio, como como desgaste da embreagem, cabo e anéis de sincronia do câmbio, além dos problemas de acabamento, também comuns à toda a linha. O modelo sofria também com o desgaste prematuro das buchas de suspensão dianteira, que desalinha com certa facilidade, além dos ruídos nos feixes de molas da suspensão traseira.

A segunda geração herdou a mecânica antiga para as versões de entrada, junto com seus devidos problemas, além de seguirem com o acabamento de baixa qualidade, com várias reclamações de ruídos internos feitas por seus proprietários. O modelo de 2020 usa peças de acabamento compartilhadas com o Fiat Mobi, modelo mais barato em produção da marca Italiana no Brasil. E consequentemente, alguns de seus defeitos, em geral, estão associados ao acabamento. O motor 1.4 Fire é robusto, mas exige manutenção seguida à risca, caso contrário apresentará desgaste excessivo nas válvulas e virabrequim, com barulhos atenuados quando funciona frio.

Geração atual herdou alguns problemas da sua antecessora, especialmente nas versões mais baratas, com motor 1.4 Fire (Foto: Fiat/divulgação)

5 – Chevrolet Onix

Lançado em nosso país em 2013, foi o nosso carro mais vendido de 2015 até 2020, e está em sua segunda geração. A primeira tem como principais reclamações à altura do banco do motorista, que mesmo com a regulagem na posição mais baixa (se houver), incomoda a condutores com mais de 1,80m. O hatch da Chevrolet também raspa a parte de baixo do parachoques dianteiro com facilidade por conta do baixo ângulo de ataque, e pode ser reconhecido pela suspensão traseira muito dura, com batidas secas denunciando o fim de curso em algumas situações, além de desgaste acentuado das pastilhas de freio, capas dos pedais, bieletas da suspensão, embreagem (não costuma passar de 80 mil km), e seu acabamento da cabine gera alguns ruídos.

Onix foi o carro mais vendido do Brasil durante alguns anos, mas não é perfeito… (Foto: Chevrolet/divulgação)

Na segunda geração, boa parte dos problemas permaneceram, como o alto desgaste das pastilhas de freio ou mesmo a baixa altura com relação ao solo, além de reclamações sobre o enrijecimento da espuma dos bancos, menor tempo de resposta do acelerador eletrônico nas versões aspiradas, desgaste prematuro da correia dentada banhada a óleo e qualidade geral de seu acabamento, com o empenamento de algumas peças plásticas do painel em casos de muito calor e exposição constante ao sol.

Segunda geração está presente no Brasil desde 2020, com algumas outras reclamações de seus donos (Foto: Lucca Mendonça)

Comum às duas gerações (e a quase todos os GM injetados) é a luz da injeção eletrônica acesa no painel, apontando irregularidade de funcionamento de sensores, bicos de alimentação do motor, combustível de má qualidade ou até mesmo erro de programação identificado pela central.

Luz de injeção acesa é típico não só dos Onix, como também de outros Chevrolet injetados (Foto: reprodução/Clube do Onix)

6 – Ford Fiesta

O Fiesta chegou em 1995 ainda importado na terceira geração, e teve a quarta produzida por aqui a partir de 1996. A quinta geração foi lançada em 2002, durando até 2014, em paralelo à sexta, que debutou em 2010 e seguiu em linha até 2019, contando sua fase mexicana e brasileira.

A quinta geração sofria bastante com seu acabamento simples e de baixa qualidade, além do sistema de arrefecimento, responsável por uma infinidade de cabeçotes empenados e problemas ainda mais graves nos eficientes motores Rocam. As reclamações quanto a consumo são unânimes nas versões 1.0, além do baixo desempenho.

Quinta geração do Fiesta sofria com baixo desempenho nos carros 1.0 e constantes problemas no sistema de arrefecimento (Foto: Ford/divulgação)

A sexta geração, identificada no Brasil como New Fiesta, peca também por seu ineficiente sistema de arrefecimento, e neste modelo também são frequentes os problemas com a baixa altura em relação ao solo, pouco espaço interno no banco traseiro, suspensão rígida e ruídos diversos em seu acabamento de plástico de baixa qualidade. Fuja das unidades dotadas do câmbio automatizado Powershift, bastante problemático e de manutenção com custo elevado.

Modelos New Fiesta trazem ainda problemas de superaquecimento e suspensões mais durinhas, sem contar o possível câmbio Powershift e seus defeitos crônicos seríssimos (Foto: Ford/divulgação)

7 – Hyundai HB20

O revolucionário Hyundai nacional chegou em 2012, teve três remodelações, mas mantém a plataforma PB desde seu lançamento, ou seja, é basicamente o mesmo carro por baixo. Seus usuários reclamam do espaço interno para motoristas com mais de 1,80m, e da densidade da espuma dos bancos dianteiros (em alguns casos, é possível sentir a estrutura metálica do assento ou encosto sob a espuma). Baixa altura com relação ao solo também é alvo de críticas, bem como a suspensão traseira que baixa bastante quando o carro está carregado, além de ruídos nas junções do painel e forros de porta, folga no pino da pinça de freio (que faz barulho) e desgaste prematuro da embreagem nas versões 1.0.

HB20 de 2012 ainda cede a plataforma aos modelos 2024, ainda que motorização e transmissão mudem (Foto: Hyundai/divulgação)

Nas versões com câmbio automático e motor 1.6, os proprietários reclamam de consumo excessivo de combustível, e, nas versões turbo, há um alto nível de ruído do motor em altas rotações. O acabamento das maçanetas, em especial das versões mais simples, descasca com certa facilidade, e os para-choques tendem a se soltar nas laterais. As unidades mais atuais, desde 2022, desagradam inclusive outros motoristas, que não conseguem enxergar as setas traseiras de direção, principalmente em trânsito urbano, pelas luzes estarem instaladas na parte inferior dos para-choques.

Modelos mais novos podem ter reclamações quanto a montagem de algumas peças, acabamento de outras, e alto consumo (Foto: Hyundai/divulgação)

8 – Chevrolet Celta

Lançado no ano 2000 e fabricado até 2015, o Celta usava a plataforma do Corsa de 1994, e herdava do irmão mais velho a robustez mecânica e confiabilidade, mas também, alguns de seus problemas crônicos. São muitas as reclamações da coluna de direção deslocada para a esquerda, com uma ergonomia bastante ruim, ruídos internos generalizados por sua construção simples e com peças plásticas de baixa qualidade, alto nível de ruído do motor na estrada por conta do escalonamento curto de seu câmbio, baixa estabilidade em curvas por culpa seu baixo peso e uso de pneus 165/70R13 (na maioria), além de vazamento de óleo pela tampa de válvulas, exigência de constantes regulagens da suspensão e a luz da injeção acesa. Se tiver as trocas de óleo negligenciadas, é comum grande folga no eixo do virabrequim, quando será necessária a retífica do componente.

Celta é robusto, mas crítico por sua ergonomia sofrível, bem como acabamento simplório e vazamento de óleo pela parte de cima do motor (Foto: Chevrolet/divulgação)

9 – Ford Ka

Presente no Brasil desde 1997, teve três gerações, sendo a segunda lançada em 2008 e a terceira em 2014, durando até a saída de linha do modelo em 2021. A segunda geração pós fim a uma reclamação da falta espaço interno da anterior, e trouxe mais conforto a bordo, graças à utilização da plataforma mais refinada do Ford Fiesta de sexta geração (base B2E).

Do Fiesta vieram também os problemas crônicos da primeira geração, tanto nas versões 1.0 quanto 1.6, como seu acabamento simples e de baixa qualidade, além do sistema de arrefecimento fraco, responsável por muitos problemas nos motores Rocam, que ferviam e empenavam o cabeçote. O pequeno Ka pecava também pelo desgaste prematuro de algumas buchas de suspensão e necessidade de alinhamento constante, além do ruído excessivo de rodagem.

Pelo compartilhamento de motorização e parte da mecânica, Ka e Fiesta também dividiram alguns problemas (Foto: Ford/divulgação)

Na terceira geração, os motores de 3 cilindros sofrem com os coxins de baixa resistência, passando a vibração para a carroceria e alavanca de câmbio, além da queima excessiva de lâmpadas, consumo alto de combustível em determinadas situações, acabamento barulhento e com rebarbas, além do clássico e ineficiente sistema de arrefecimento da Ford com muitos danos aos motores 1.0 e 1.5. Nas versões 1.0, é comum o desgaste acentuado da engrenagem do corpo de borboleta (TBI), feita em plástico, fazendo com que o carro perca força de aceleração.

Geração inédita de 2014 ainda sofria com o sistema de arrefecimento ineficiente, vitimando diversos motores 1.0 e 1.5 (Foto: Lucca Mendonça)

10 – Toyota Corolla

Modelo posicionado em um segmento médio, tem em suas versões usadas um bom custo X benefício para quem quer evitar populares, mas ainda levando boa dose de confiabilidade e robustez pra casa. Com melhor acabamento, seduz seus proprietários com a fama de “inquebrável”, justificada por muitos. Mas, mesmo assim, o sedan da Toyota padece de alguns males comuns às gerações 9 (2003 a 2008), 10 (2009 a 2013) e 11 (2014 a 2018).

O consumo pode frustrar alguns desavisados, principalmente nas versões automáticas, que trazem ainda trocas lentas das quatro velocidades da robusta transmissão. São comuns também ruídos na suspensão, desgaste maior nos rolamentos das rodas traseiras e ruídos nas pinças de freios.

Consumo das versões automáticas pode não ser tão bom quanto o esperado (Foto: Toyota/divulgação)

Na geração 10, são muitas as reclamações de barulhos no acabamento, além do desgaste da tinta dos puxadores internos, consoles e acabamentos do volante. Na geração 11, frusta alguns motoristas por não ser homologado para puxar reboques, o que, se contrariado, é passível de multa e apreensão do veículo para regularização.

Versões mais recentes não podem puxar reboque, o que desanima outros proprietários (Foto: Toyota/divulgação)

Todo carro tem qualidades e problemas, e aqui apontamos apenas os relatos mais recorrentes de proprietários e usuários, com o objetivo de que estas informações o auxiliem a escolher seu próximo carro. Sabendo delas, basta escolher os carros que menos vão te incomodar!

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.