(Avaliação) Peugeot 2008 1.6 16V e o significado de “custo X benefício”
Em tempos de populares a R$70 mil e qualquer sedan por, no mínimo, R$80 mil, um dos termos que mais se fala é o “custo X benefício”. É ele que viabiliza e deixa interessante vários negócios por aí, não só os que envolvem carros. É simples: se há mais benefício do que custo, ou se os benefícios valem a pena pelo baixo custo, é quase certo que ali existe um bom negócio. Falando em bom negócio, aqui está o Peugeot 2008 1.6 16V, simplesmente um SUV automático completão que custa pouco mais de R$100 mil. Na situação atual, quase uma pechincha.
Tudo bem que o carinha das fotos, da versão Style, chega nos R$107 mil, mas vamos focar naquele mais em conta, o 2008 Allure 1.6 AT. Podemos entregar à esse Peugeot o título de SUV mais barato do mercado nacional. E isso que ele já traz itens como piloto automático, câmera de ré, faróis de neblina, rodas de liga aro 16, carroceria pintada em dois tons, multimídia de 7” com Android Auto/Apple CarPlay, computador de bordo, 4 airbags, luzes diurnas em LED, freios a disco nas quatro rodas e o trivial ar, direção,vidros e trava. Lembra do tal esquema de ter mais benefícios do que o normal pelo preço?
Seu motor não esconde segredos: 1.6 EC5, de 16 válvulas e muitos anos de estrada, o que significa manutenção descomplicada, peças fáceis de encontrar e confiabilidade. São até 120 cv de potência e 15,7 mkgf de torque, nada espantoso para um SUV mas competente num carro do porte mais contido do 2008. O EC5 tem boa liga com o câmbio automático de seis marchas, caixa rápida que permite trocas manuais para evitar qualquer tipo de demora do sistema eletrônico.
Há ainda modo Sport de condução, que eleva a rotação do motor e estica as marchas pra priorizar a força e desempenho. Não é um THP, turbo, mas dá conta do recado quando exigido. Coloque nessa conta ainda o baixo consumo: nos nossos testes, não foi difícil atingir os 11,5 km/l na cidade e passar dos 16,5 km/l na estrada, abastecido com gasolina nos dois casos. Méritos para o outro modo de condução, o Eco, que “murcha” o powertain em prol da economia. Eficaz.
E quem disse que, por ser barato assim, ele precisa ser insosso ou sem prazer ao volante? Pois o 2008 é um dos SUVs mais bacanas de ser guiado, mesmo esse de entrada. O motivo é o i-Cockpit, resultado da soma do pequeno volante regulável em altura e profundidade, instrumentos em posição elevada com fácil leitura (que foi feito para ser visto por cima do volante) e multimídia na mesma altura da instrumentação. Bancos baixos e bons no tamanho, mas nem tanto na ergonomia pela espuma dura e tecido grosseiro, fecham o pacote.
Em outras palavras, o motorista vai em posição agradável, com maior sensação de controle do carro. Na parte da frente da cabine existe boa área envidraçada e comandos fáceis. Além da outra virtude do 2008, que é estabilidade bem equilibrada com conforto: ele absorve bem nosso piso lunar, focando num rodar mais suave, sem perder pontos na dinâmica em curvas, por exemplo. Isso, claro, também tem a ver com sua carroceria mais baixa que o comum, lembrando até uma perua mais “gorducha”. Há um centro de gravidade mais baixo.
Só em matéria de espaço interno que ele não é expert. Lados ruins de se ter menos comprimento e largura que o padrão para um SUV compacto. Na verdade, acomodados, cabem até cinco adultos, mas com certo aperto pra aqueles maiores de 1,80 m que vão atrás. Outro problema é o tamanho pequeno das portas, limitando o movimento de entra e sai. Mas, sim, ainda é mais espaçoso que a maioria dos hatches e sedans compactos que custam preço equivalente. Ah, e não podemos esquecer dos 402 litros de capacidade do porta-malas.
Custo X benefício no sentido literal
Para ver o quanto o 2008 Allure vale a pena olhando pelo lado do baixo preço e alto conteúdo, seu irmão de produção Citroën C4 Cactus começa em quase R$110 mil e com bem menos conteúdo que o Peugeot. Ele é o próximo na lista dos SUVs mais baratos, e vem com calotas e outras “simplificações”. Talvez esse 2008 seja um dos melhores exemplos do que significa a tal da relação custo X benefício. No lado bom, claro.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.584 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), aspiração natural, injeção indireta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão, bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automática com conversor de torque e seis marchas, com possibilidade de trocas manuais na alavanca |
Potência: 113/120 cv a 6.000 rpm (gasolina/etanol) |
Torque: 15,4/15,7 mkgf a 4.500 rpm (gasolina/etanol) |
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P7 medidas 205/60 e rodas de liga-leve aro 16 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,16 m/1,74 m/1,58 m/2,54 m |
Porta-malas: 402 litros |
Tanque de combustível: 55 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.222 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 14 segundos (gasolina/etanol) |
Velocidade máxima: 185 km/h (gasolina/etanol) |
Preço básico: R$102.990 (carro avaliado: R$106.990) |