Qual a melhor opção: os modernos motores com 3 cilindros ou o velho e bom motor 4 cilindros? A resposta para essa questão vai depender muito da cilindrada do motor a que se refere. Para motores de pequenas capacidades cúbicas, que podem variar de 900 cm³ até cerca de 1500 cm³, a configuração com 3 cilindros, ao que tudo indica, é a melhor opção.
Nesses motores tricilíndricos, cuja cilindrada de cada cilindro oscila entre 300 cm³ (centímetros cúbicos) e 500 cm³, temos um bom rendimento volumétrico, fato que favorece a performance do motor e de seu rendimento (inclusive com válvulas proporcionais de admissão e escapamento), um bom peso do conjunto biela/pistão e dimensões compactas. Teoricamente, o chamado conjunto mecânico ideal.
Devemos lembrar também que, comparando os motores de 3 cilindros com os de 4 cilindros, temos uma unidade a menos de pistão, anéis, pino de pistão, biela, válvulas e suas respectivas molas, além de um virabrequim mais curto e compacto. Tudo isso gerando menos peso e atrito quando o motor funciona.

Você já imaginou todas essas peças a 6.000 rpm, gerando peso e atrito ao motor? Pensou no que esse desperdício de energia se reflete negativamente no consumo e o desempenho? Agora, podemos intuir porque nesse tamanho de motor o bom mesmo é que ele tenha apenas 3 cilindros.
Você, leitor, poderia me questionar: “Por que, então, não fazemos esses motores com 2 cilindros?” Ficaria ainda melhor, não é?” Nesses casos, o problema é que não teríamos aquela cilindrada ideal de 300 ou 500 cm³ por cilindro. Não que os bicilíndricos sejam ruins, eles vão muito bem, mas desde que o conjunto tenha até 1000 cm³.
Para os 4 cilindros, cilindradas a partir de 1300/1400 cm³ começam a ficar bem adequadas. Em um motor de 1.600 cm³, por exemplo, em que a cilindrada de cada cilindro gira ao redor dos 400 cm³, o motor de 4 cilindros vem como número certo: o melhor rendimento volumétrico, o melhor rendimento térmico e a melhor relação do tamanho das válvulas com a câmara de combustão. Todos são indícios do caminho correto.

Um motor de 1600 cm³ com 3 cilindros, por exemplo, implicaria em uma cilindrada unitária de cerca de 530 cm³. Nesse caso, teríamos pistões e bielas maiores e mais pesados, além de válvulas desproporcionais ao tamanho das câmaras de combustão. Uma desproporção se refletiria no rendimento do motor. Tudo é uma questão de proporção e equilíbrio.
Só para que se tenha uma ideia do que quero dizer quando falo de proporção e equilíbrio, uso como exemplo os motores da família EA da Volkswagen. O EA111, um motor 1.0 de 4 cilindros que vinha sendo usado nos últimos anos, deu lugar progressivamente ao moderno motor 3 cilindros EA211. Em que pese o fato do novo motor utilizar uma liga de alumínio tanto no cabeçote quanto no bloco, nessa nova família o motor de mesma cilindrada pesa quase 25 quilos a menos, desenvolvendo uma potência e um torque bem superiores, emitindo menos poluentes e gastando menos combustível. Indiscutivelmente superior ao seu antecessor.
E aí, então, poderia surgir outra pergunta: “Se é mais barato para produzir, porque a fábrica não repassa essa redução de custos ao consumidor?” Na realidade todos os fabricantes que optaram pelo motor de 3 cilindros, escolheram também por transformar essa redução de custos em benefícios tecnológicos para melhorar ainda mais a performance desses motores. Quase todos, até agora, adotaram em suas configurações as 4 válvulas por cilindro, o duplo comando de válvulas e variador de fase pelo menos no comando das válvulas de admissão, além de processos mais sofisticados na fundição (agora sob pressão e não mais por gravidade).
E esses motores de 3 cilindros, graças à sua excelente performance, já estão ganhando versões turbo. No Brasil, a Volkswagen foi a primeira a trazer a superalimentação e a injeção direta para seu 3 cilindros, com desempenho que surpreendeu a todos. Depois vieram outras, como por exemplo a Hyundai com seu HB20 Turbo e a Ford com o Fiesta 1.0 Ecoboost.
Nos próximos anos, a Fiat chegará com sua nova família superalimentada (1.0 e 1.3, ambos com turbo) e a Chevrolet deverá trazer também sua família tricilíndrica (com variações turbo) da Coreia. Devo destacar também o excelente casamento entre o motor 1.2 3 cilindros da PSA com os hatches Citroën C3 e Peugeot 208, que conciliam bom desempenho e baixo consumo.