Meu Porsche Cayenne, um protagonista de novela das oito
Hoje vou trazer um carro que não foi interessante apenas pelo carro em si, mas também pelo que fiz com ele. Em 2007/2008, o Porsche Cayenne ainda era uma visão rara nas ruas. Lançada como ano-modelo 2003, esse SUV, de uma certa forma, salvou a Porsche de uma situação que poderia ficar insustentável, pois a marca precisava de um modelo de volume. E naquele momento, no início do século XXI, a tradicional fabricante alemã vinha com as finanças pouco saudáveis, literalmente com risco de falir. Nos EUA, o Cayenne foi muito bem aceito, apesar de não ser grande para aquele padrão de mercado e de não ter sete lugares, o que ajudou ainda mais a tirar a Porsche do buraco.
Fruto de um projeto denominado Colorado (1996), que por sua vez daria origem a um SUV, a primeira geração desse carro internamente na Porsche era conhecida como E1. Esse projeto gerou dois produtos distintos, o Cayenne e o Volkswagen Touareg. Elas eram literalmente o mesmo carro, obviamente com carrocerias e soluções diferentes, mas com uma grande quantidade de itens compartilhados. Para não nos alongarmos muito, basta saber que a primeira geração, no Brasil, era disponível com motor V6 de 3,2 litros e 250 cv (origem VW); um V8 de 4,5 litros com 340 cv; e as versões Turbo e Turbo S, com 4,5 litros e respectivamente 450 cv e 521 cv.
Outra curiosidade interessante é que não há, no mundo inteiro, um Cayenne modelo 2007. A Porsche pulou o ano, porque os estoques do modelo nos EUA eram altos e o carro estava para passar por um facelift de meia vida, que ocorreu no modelo 2008.
O meu era um 2006 versão S, praticamente zero km, pintado na cor Verde Musgo, que é um verde escuro que parece preto, mas que no sol fica verde… enfim, uma cor muito bacana na minha opinião. Era a cor que eu queria, mas comprei sem perceber. Fui ver o carro, que era praticamente zero, e achei que era preto. Sem problemas, era bonito do mesmo jeito. Somente quando levei ele para o sol para ver melhor, e conferi o documento, vi que era a cor verde que eu queria. Era para ser.
Em junho de 2008, a Rede Globo lançou a novela “A Favorita”, com Claudia Raia e Patrícia Pillar. O carro da protagonista era um Cayenne. E era o meu. Eu aluguei esse carro várias vezes para a realização das cenas, incluindo um curioso “câmera-car”, feito sobre uma Renault Master adaptada. Essa tal van adaptada foi literalmente cortada ao meio, na parte inferior foram soldadas longarinas, que compuseram uma espécie de prolongamento onde se alojava o carro para a cena. A parte traseira apresentava suspensão a ar e uma área lateral onde ficavam os cameraman.
O Cayenne foi usado em vários momentos da novela da Globo, e contava com um motorista que dirigia o carro vestindo roupas da mesma cor da atriz que interpretava a cena, bem como uma providencial peruca, para que – pelo menos de longe e de relance – ficasse a impressão de que era a atriz/personagem que estava guiando. Aliás, nas cenas em que ela estivesse realmente ao volante, em geral o carro estava sobre o estranho Master, para que a concentração na cena fosse total.
Mas, numa dessas vezes, o motorista da Globo não foi trabalhar, e era necessário gravar uma cena no interior de um túnel. E lá fui eu, de camisa vermelha e peruca, dirigir o carro na cena de alta velocidade, se aproximando de uma grua hidráulica que apresentava uma câmera remota em sua extremidade, para interpretar a Patrícia Pillar enlouquecida ao volante…