Lexus faz 25 anos de Brasil: como tudo começou

No último dia 30, a Lexus fez aniversário: 25 anos de Brasil. Através da sua “mãe” Toyota, a fabricante de carros de luxo desembarcou por aqui em janeiro de 1998 e tinha como meta complicar a vida das alemãs Audi, BMW e Mercedes. Se hoje a aposta é em SUVs, saiba que a marca chegou só com dois sedans de luxo e nada mais: LS400, líder de imagem eternizado pelo jogo de videogame Street Fighter, além do ES300, menor e carro-chefe da marca.

Toda a infraestrutura vinha da Toyota: desde equipe de direção, comunicação e processos de importação. De Lexus mesmo, seis concessionárias distribuídas em quatro estados (SP, RJ, CE e PE), que só foram estrear na primeira semana de fevereiro, coincidindo com o início de venda dos carros. Na época, havia promessa de outros cinco pontos de venda até março, para atender outras partes do país. Mas o foco era chegar até os empresários bem-sucedidos dos grandes centros urbanos. Pessoal endinheirado.

Na estréia eram seis concessionárias em quatro pontos. Hoje são nove lojas no total (Foto: Lexus/divulgação)

O ES, mais barato, começava em US$76,5 mil, algo como uns R$380 mil atuais numa conta de padaria. Ele venderia bem mais: a expectativa era passar dos 500 carros somente em 1998, ou dez vezes mais que o executivo LS400, de altos US$129,5 mil (quase R$650 mil). Marca desconhecida para o nosso mercado, público de nicho, modelos caros…no final nenhum dos dois bateu suas metas, mas mesmo assim seguiram se renovando com o tempo.

ES300 era bem mais barato e queria emplacar 500 unidades em um ano (Foto: Lexus/divulgação)

Ambos tinham luxos de sobra, claro, e mecânica ímpar para atender aquele público tão exigente. Maior que o ES, o LS400 foi um fenômeno para a Lexus, já que fez nascer a marca e a levou para os EUA. Esse, aliás, foi o intuito: a Toyota precisava de uma linha mais premium e luxuosa para abocanhar o mercado do Tio Sam, isso com bom custo X benefício e muita qualidade construtiva. Seu desenvolvimento começou em 1983, na época que a Toyota completava seus cinquenta anos. Uma meta foi estabelecida: criar um sedan topo de linha a preço de médio.

LS, fenômeno até nos videogames, fez a história da marca (Foto: Lexus/divulgação)

Na linha do tempo, em 1985 acontecia o auge das pesquisas sobre o mercado e público norte-americano pra desenvolver o carro, isso sem contar as preferências e gostos daquele povo. Em dois anos já haviam aprovado um design: quadrado, classudo e de linhas horizontais, mas com baixo cx de 0,29, para valorizar o que seria aquele primeiro carro.

Desenho quadradão mas baixo coeficiente de arrasto no primeiro LS (Foto: Lexus/divulgação)

Meses depois já haviam 450 carros rodando em testes pelo mundo, mas ainda sem o trunfo típico do LS400: seu V8tão, que, paralelamente, era finalizado no Japão. Foram testes, testes e mais testes, passando pelo crivo crítico dos japoneses.

Enquanto isso, os protótipos, que antes rodavam disfarçados de Toyota Cressida, já ganhavam identidade própria, apenas com emblemas e detalhes camuflados. Seu comportamento foi avaliado nas estradas mais frias do inverno europeu (incluindo testes de rodar em velocidade máxima um dia inteiro, programação de ABS e testes de frenagem), deserto dos EUA (para o fino ajuste das suspensões, tanto comuns quanto a ar), túneis de vento e até salas acústicas para regular o sistema de áudio com o gosto americano. Ufa!

Engenharia japonesa trabalhava duro no desenvolvimento do novo carro (Foto: Lexus/divulgação)

A produção dos últimos modelos pré-série e primeiros carros de linha aconteceu no final de 1988, com o lançamento oficial do LS400 em meados de 1989. E, claro: todo o evento de apresentação foi concentrado na Califórnia (principalmente Los Angeles) e Nova York, exatamente os tais centros urbanos ricos e cheios dos potenciais clientes da Lexus. Além dos EUA, a nova marca e o sedan executivo davam as caras à outros mais de setenta países pelo mundo.

O carro seria lançado justamente nos EUA em 1989, e com foco na clientela rica da Califórnia e Nova York (Foto: Lexus/divulgação)

O LS400 1998 já era reestilizado, com design mais moderno e coeficiente de arrasto ainda menor (0,27). Tinha muito luxo com madeiras internas de nogueira californiana, sistema de som com sete alto-falantes/disqueteira para seis CDs/duas antenas (selecionadas automaticamente de acordo com o sinal), ar-condicionado digital automático com duas zonas de temperatura, além de controles elétricos pra todo lado (até dos cintos de segurança dianteiros), teto-solar elétrico e acendimento automático dos faróis. Tilt-down no retrovisor direito e abertura dos vidros por controle remoto também estavam no pacote.

Interior, mesmo na configuração para o mercado japonês, esbanjava luxo (Foto: Lexus/divulgação)

Seu nível de segurança era próximo ao dos carros atuais: carroceria feita com aços de alta resistência, freios a disco nas quatro rodas, airbags frontais e laterais, controles eletrônicos de estabilidade e tração, além da tecnologia das suspensões independentes nas quatro rodas. Debaixo do capô havia um V8 de 4 litros com 32 válvulas e comando de válvulas variável (chamado até hoje de VVT-i pela Toyota). Saudáveis 284 cv e mais de 40 mkgf de torque moviam o sedanzão de 1.800 kg, força gerenciada por um câmbio automático de cinco marchas.

Preocupação com segurança era alta já na época (Foto: Lexus/divulgação)

Já o ES300 era menos espalhafatoso no tamanho, mas ainda um três volumes com mais de 4,8 m de comprimento. Seu desenvolvimento foi mais próximo ao do então Toyota Camry e, assim como ele, tinha motor V6 de 3.0 litros inteiro em alumínio (entregando cerca de 190 cv e 28 mkgf), com construção englobando suspensões independentes e freios a disco nas quatro rodas. Se no exterior ele tinha até câmbio manual, por aqui era sempre automático de quatro marchas, que cuidava de entregar seu torque para as rodas da frente.

Lexus ES300 era o irmão menor, mas ainda bem luxuoso (Foto: Lexus/divulgação)

Rival direto do Acura Legend, o Lexus “de entrada” também tinha luxos de sobra, além de um projeto mais recente, datado do início dos anos 90. Por isso não era quadradão como o LS, apostando em linhas até próximas as do Toyota Camry, e bom nível de segurança ativa e passiva. Era outro completão, com ar-condicionado automático digital, bancos em couro com ajustes elétricos e memória de posição, sensor crepuscular para acendimento dos faróis, sistema de som premium etc.

Menor no tamanho, mas nem tanto no conteúdo (Foto: Lexus/divulgação)

Lexus hoje no Brasil

De uns anos pra cá, a marca japonesa decidiu focar só em carros híbridos no mercado nacional. São quatro modelos, sendo três SUVs (o compacto UX250, o médio NX350 e o grande RX450) e um sedan (o ES300, mas de atual geração), todos seguidos do “h” no nome, que indica a propulsão mista. O trio de utilitários é bem arrojado, até estranhos para alguns, mas o três volumes ainda conserva aquela classe e estilo dos primeiros ES dos anos 90, claro que modernizado.

Linha atual da Lexus no Brasil é toda híbrida, e o ES300 ainda está lá em sua atual geração (Foto: Lexus/divulgação)

Preços? Nada abaixo dos R$265 mil, e nem acima dos R$520 mil. O ES300 2023, por exemplo, regula com o modelo de 1998, já que custa na faixa dos R$350 mil. Difícil é vê-los nas ruas: a Lexus continua uma marca de nicho para um público bem específico que quer fugir das tradicionais alemãs, por isso vendem pouquíssimo. Como diz o ditado, “devagar e sempre”, e assim está há 25 anos.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.