(Avaliação) Volvo C40 consegue ser SUV, coupé, bonito e esportivo

Tudo junto, quem diria. Geralmente SUVs não são propriamente esportivos, e SUVs coupé…bem…costumam passar longe da fonte da beleza, digamos assim. Os suecos da Volvo, ao que tudo indica, conseguiram a proeza de extrair o melhor dos cinco mundos com o C40, um SUV, coupé, bonito, esportivo e 100% elétrico, para a alegria de uns e tristeza de outros. Inclusive, esse é o primeiro carro da marca desenvolvido e criado do zero para ser movido só a eletricidade.

SUV

SUV porque é derivado totalmente do XC40, queridinho dos endinheirados nos últimos cinco anos, mas perde um pedaço da traseira e troca o vidro vertical pelo horizontal, junto da terceira coluna bem inclinada. A ideia de criar essa “mutação” coupé do XC40 veio de uns anos pra cá, com a popularização dos Audi Sportback, e seu nome, C40, remete ao antigo hatch médio C30, que também tinha lá seu visual incomum.

A Volvo repensou em tudo das portas dianteiras para trás (Foto: Lucca Mendonça)

Coupé

O lado coupé, que nem sempre combina num utilitário, foi bem elaborado pela Volvo, que, das portas dianteiras para trás, repensou o carro por completo: inclinação de teto, design de janelas, recorte das portas, lanternas, parachoque, tampa traseira e tudo mais. Deu certo: o C40 não é desproporcional, nem tem aquela traseira truncada que destoa de todo o restante da carroceria, mas sim uma série de linhas limpas, contínuas e que combinam. Dos faróis às lanternas, rodas ou pintura em dois tons, tudo é surpreendentemente harmonioso.

Esportivo

Vai ver que era esse toque de esportividade que o XC40 precisava, e que pode ser encontrado no seu primo coupé. E esse estilo até faz melhor jus ao duplo motor elétrico de 407 cv de potência que move os Recharge Twin (linha de elétricos com dois motores da marca). Com um propulsor para cada eixo, o SUV coupé da Volvo despeja ainda 67,3 quilos de força imediata para as quatro rodas, com todo o controle feito pela eletrônica do carro: o motorista não pode nem escolher o modo de condução, afinal só existe um.

100% elétrico

Esse modo único é totalmente versátil, fazendo dele um SUV para ir tomar sorvete no shopping aos domingos, rodando com conforto, suavidade e maciez, ou um esportivo pra acelerar junto de um Ford Mustang Mach 1 V8 nas pistas. Chega a causar mal-estar aos ocupantes o poder de aceleração do C40, que, mesmo parrudo e pesado com seus 2.200 kg, não leva nem 5 segundos para chegar aos 100 km/h partindo do zero.

Quem vê, nem pensa que o C40 pode fazer papel de esportivo (Foto: Lucca Mendonça)

A sensação de força de um elétrico, que sempre tem o torque máximo disponível, sem “perdas de tempo” para o processo de combustão, subida de giro ou operação do câmbio, é muito superior ao de um carro a combustão. Isso quer dizer que, apesar de o tal Mustang V8 ser um pouquinho mais rápido, quem sente o “coice” maior é o ocupante do Volvo. Um dos lados bons da eletrificação automotiva…

V8 vs. elétrico: o primeiro pode até acelerar um pouco mais rápido, mas o coice é mais sentido no segundo (Foto: Lucca Mendonça)

Só pra frente?

Mas não adianta só acelerar: tem que frear, fazer curva, lidar bem com o arrasto aerodinâmico e, de quebra, ser o tal SUV para passear de domingo. Vamos por partes: para parar, ele tem poderosíssimos discos de freio ventilados nas quatro rodas (322 mm na dianteira e 302 na traseira), que vão além da eficiência; as curvas não são problema pra um coupé baixo, largo, com pouca altura do solo (17 cm), pneus runflat (mais rígidos) igualmente baixos e bem largos, sem falar das quatro suspensões independentes, uma por roda, e tração integral. A sensação é que o carro está sempre sobre trilhos.

C40 é largo, baixo pra um SUV, com suspensões independentes nas quatro rodas e pneus runflat mais rígidos: parece que roda sobre trilhos (Foto: Lucca Mendonça)

Num jogo rápido de C40 com o XC40, são 5 cm a menos na altura, 1 cm a mais na largura e exatamente os mesmos números no comprimento e entre-eixos. Como o design coupé é mais fluído, o coeficiente aerodinâmico do C40 é ligeiramente menor, chegando a apenas 0,32, praticamente o mesmo arrasto de um sedan Nissan Versa. Só vantagem quanto a isso: Cx mais baixo significa ganhos no desempenho, dinâmica, consumo e até conforto, já que o atrito com o ar diminui.

Carroceria de estilo fluído ajuda no baixo arrasto aerodinâmico (Foto: Lucca Mendonça)

Dia-a-dia

Poucas coisas diferem o C40 de outros Volvo elétricos, até porque a marca sueca pouco ousa no design interno e funcionalidade dos seus carros. Assim como no XC40 Recharge, não existe comando do freio de mão nem botão de partida: o primeiro funciona sozinho, junto com o Auto Hold e sem a ação do motorista, enquanto o segundo é eliminado de forma definitiva (para “ligar” o carro, basta jogar o joystick da alavanca para D ou R, e ele “desliga” ao apertar o P).

Coisa ou outra tem funcionamento complicado, como é de praxe nas várias e várias tecnologias dos Volvo (esses elétricos são praticamente smartphones sobre rodas), mas no geral é fácil se adaptar ao esquema do C40. Pela multimídia vertical dá para acessar o Google Assistente, Maps, Spotify e outros, tudo em tempo real e atualizado graças a internet a bordo, que só serve ao carro. Não, não tem um roteador para você conectar seu celular no 4G. O painel digital espelha as rotas do Maps e deixa bem claro toda a operação do conjunto elétrico.

A posição de guiar desse coupé, contrariando os padrões, é até mais alta que a do seu equivalente SUV convencional, só que com o inconveniente do péssimo campo de visão lateral e traseiro. Explico: as janelas laterais são estreitas, divididas por nada menos que um palmo de coluna central, enquanto o inclinado vidro traseiro abre um pequeno espaço para o motorista enxergar pelo retrovisor interno. Isso se ele baixar os três encostos de cabeça traseiros, e torcer para ninguém muito alto viajar no banco traseiro, senão o campo de visão traseiro é quase zero. Sensores de estacionamento para todos os lados e câmeras 360º salvam no uso diário.

O contraponto, positivo, fica pelo espaço interessante para cinco ocupantes, coisa que também não é comum num SUV coupé. Tirando o gigante túnel central, que nem faz tanto sentido em um 100% elétrico, e assento/encosto central ressaltado, três adultos se acomodam sem tanto aperto ali atrás. Para não perder ainda mais altura do teto na região do banco traseiro, a Volvo eliminou a persiana do teto panorâmico, que geralmente se enrola na parte traseira do teto de vidro, formando um ressalto por dentro do forro.

Assim a altura para toda a cabine fica praticamente igual, no mesmo nível, permitindo, por exemplo, que eu, com 1,87 m de altura, nem encoste a cabeça no teto quando sentado atrás. Para o porta-malas, o espaço é razoável: somando o dianteiro, no lugar do motor a combustão, e o traseiro convencional, não são nem 450 litros. Ah, e o vidro fixo do teto panorâmico, claro, tem proteções e tecnologias para controlar o calor, luminosidade e raios UV, fazendo o papel da persiana.

Solução interessante essa do teto, que a Volvo levou para o lado da ecologia e sustentabilidade, assim como todo o interior do C40, feito em sua maioria de materiais reciclados e de origem sintética. Bancos, painel e laterais de portas, por exemplo, são “100% sem couro”, nas palavras da própria fabricante sueca. O lado “eco” não está só na propulsão elétrica que não emite gases poluentes ou ruídos.

Sustentabilidade está também nos materiais da cabine: tudo reciclado e ecológico. Detalhe para a iluminação ambiente, que mistura LED com luzes halógenas (Foto: Lucca Mendonça)

Comportado, seu sistema de suspensões trabalha com dois intuitos: fazer dele um SUV quase esportivo, e também evitar desconfortos aos ocupantes, inclusive nos ruídos. O conjunto só sofre nos piores pisos, mas ainda cumprindo suas metas. Para controlar o carro, dispensa maiores explicações: são exemplares. Esse avaliado tinha quase 18 mil km e continuava “mudo”, sem barulhos internos ou mecânicos.

Mesmo com pneus runflat e preparação para lidar com o comportamento mais esportivo, o C40 consegue ser confortável e silencioso (Foto: Lucca Mendonça)

Ponto de recarga (e de atenção)

Movido pelos dois motores elétricos, que consomem a energia guardada por 78 kWh das baterias de íon-lítio, o C40 roda até 440 km de uso misto pelo ciclo WLTP, cerca de 17,7 kWh consumidos a cada 100 km (5,65 km/kWh). O alcance real, contando já com ar-condicionado, algumas aceleradas ali e acolá, desativação do One Pedal (o melhor é mantê-lo sempre ligado, conforto, freios e alcance agradecem), cai para algo entre 415 e 420 km, também misturando cidade e estrada.

Tipos de recarga: atenção para esse ponto (Foto: Lucca Mendonça)

Só que ele não traz carregador residencial para tomadas comuns de 220V, apenas um para tomadas industriais CEE (a Volvo sequer recomenda recarga em tomadas comuns), e o wallbox original custa salgados R$9 mil, isso sem contar o valor de instalação e homologação pela companhia elétrica. Brincadeira das caras, que deixa o proprietário com quatro escolhas: pagar pelo wallbox, instalar uma tomada industrial em casa, insistir nos carregadores de tomadas comuns 220V ou depender dos eletropostos públicos espalhados por aí. Um detalhe que merece atenção.

Elétrico vs. híbrido

Cheio de qualidades, com estilo coupé que foge dos padrões, desempenho surpreendente e outras virtudes, o C40 é mais caro que seu equivalente XC40 na mesmíssima configuração (leia aqui a avaliação dele), e custa exatamente o mesmo preço de um XC60 híbrido Plug-In topo de linha (testado aqui). Quem quiser um C40 Recharge Twin desses, vendido no Brasil em configuração única, vai precisar desembolsar R$429.950. E aí, SUV coupé elétrico menor ou SUV híbrido plug-in maior? Tem gosto pra tudo. E bolso também…

Ficha técnica:

Concepção de motor: elétrico, duplo (dianteiro e traseiro), com refrigeração líquida de baterias e propulsor, conjunto de baterias de íon-lítio instaladas no assoalho, capacidade de energia de 78 kWh
Carregamento: entrada Tipo 2, carga via eletropostos (de 60 min. a 12h, dependendo da força), Wallbox (8h) ou tomadas 220V residenciais (48h). Regeneração de energia durante condução
Potência: 408 cv
Torque: 67,3 mkgf
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: independente, multibraço, com barra estabilizadora
Direção: assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e traseira
Pneus e rodas: Pirelli PZero Runflat, medidas 235/45 (frente) e 255/40 (traseira). Rodas de liga-leve aro 20
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,44 m/1,87 m/1,59 m/2,70 m
Porta-malas: 445 litros (frontal + traseiro)
Alcance: 440 km (ciclo WLTP)
Peso em ordem de marcha: 2.185 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 4,7 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$429.950

Itens de série:

Joystick de posições P-R-N-D trabalhado em material premium, Bancos dianteiros Comfort em material premium, Bancos dianteiros com ajustes elétricos, Banco do motorista com memorização de duas posições, Decoração Topography no painel e laterais de portas, Iluminação ambiente configurável Topography no painel e laterais de portas, Tapetes esportivos em tecido preto Charcoal, Console central preto Glossy Black, Volante esportivo trabalhado em preto Charcoal, Placas de piso dianteiras em alumínio “Recharge”, Gancho interno dobrável para bolsas, Descanso de braço central dianteiro e traseiro, Revestimentos para retrovisor em Black Stone, Teto panorâmico, Grade com revestimento na cor da carroceria, Rodas 20″ 5-Spoke Black Diamond Cut, Pneus runflat + kit de reparo, Hill Start Assist, Sistema climático de duas zonas individuais, Climatização de estacionamento pós-condução, Sistema CleanZone, Ar-condicionado automático e aquecedor elétrico de cabine, Sensor de Umidade, 9 Airbags, Trancamento automático de portas, Alarme, Maçanetas das portas na cor da carroceria com iluminação de piso, Travamento de segurança infantil automático, Pontos de montagem ISOFIX no banco traseiro, Luz de freio de emergência, Sinal de advertência de mudança de faixa, Monitor de ponto-cego, Faróis de LED matriciais e direcionais, Faróis de neblina em LED com luzes direcionais, Visor do motorista com tela digital de 12 polegadas, Espelhos retrovisores antiofuscantes automáticos, Tyre Pressure Monitoring (Monitoramento da pressão dos pneus), Direção eletricamente assistida adaptativa, Painel touch central de 9 polegadas, Adaptive Cruise Control (Controle de cruzeiro adaptativo), Pacote Pilot Assist, Espelhos retrovisores elétricos e retráteis, Função tilt-down para espelhos esquerdo e direito, Assistente de estacionamento dianteiro/traseiro/lateral, Câmera 360º, Porta-malas com tampa de abertura/fechamento elétricos, Sensor de presença para abertura da tampa do porta-malas, Entrada sem chave, Compartimento de carga dianteiro com abertura manual, Piso de carga dobrável com divisor para carga e sacolas de compras no porta-malas, Google Assistant, Google Maps e Google Play Store – incluídos por 4 anos, Funções remotas via aplicativo Volvo Cars – incluídas por 4 anos, Carregamento sem fio para telefone, Apple CarPlay, Bluetooth®, Subwoofer com ventilação a ar, Premium Sound da Harman Kardon, Controle de som no volante de direção Apoios de cabeça traseiros eletricamente dobráveis, Extensões manuais do assento para motorista e passageiro dianteiro, Suporte lombar elétrico com quatro níveis de ajuste para motorista e passageiro dianteiro, Cabo para carregamento doméstico CEE 16A

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.