(Avaliação) Renault Kwid Outsider é a versão aventureira de um SUV

Uma das estratégias de marketing da Renault foi chamar o Kwid de SUV desde seu lançamento em agosto de 2017. A verdade é que, apesar dos bons 18 cm de altura em relação ao solo e ângulos de entrada/saída bastante satisfatórios (24°/40°, na ordem), o carrinho franco-indiano não passa de um subcompacto. Na sua linha 2020, lançada em maio, a Renault apresentou também a versão Outsider: com visual aventureiro (em um carro que diz-se SUV, isso soa um tanto estranho), além de interior personalizado e novidades como a multimídia com conexões Android Auto e Apple CarPlay, ela chegou como topo de linha, posicionada acima da Intense (confira a avaliação dela aqui).

Fotos: Lucca Mendonça

Na mecânica, tudo continua igual (e isso é bom): o econômico motor 1.0 tricilindrico SCe que desenvolve 66/70 cv e 9,4/9,8 mkgf de torque (gasolina/etanol), e trabalha sempre em conjunto com uma transmissão manual de 5 marchas. Porém um incômodo permanece: a trepidação excessiva do propulsor, sentida até mesmo nos pedais e alavanca de câmbio, ainda é normal no Kwid. Quem não conhece o carro certamente estranha, mas depois de um tempo acaba acostumando.

O propulsor 1.0 SCe de até 70 cv (fotos: Lucca Mendonça)

Um dos destaques positivos do Renault, que é conhecido por ser o carro mais leve do Brasil (mesmo nessa versão mais completa ele pesa apenas 806 kg), é o consumo: médias de 15,5/16,0 km/l com etanol na estrada não são difíceis de serem atingidas (claro, rodando sem pressa a 100 km/h). Na cidade, também sem abusar muito, os números de consumo ficaram na casa dos 11/11,5 km/l também com o combustível de cana.

Em matéria de espaço interno ele também vai bem: os 2,42 m de entre-eixos garantem uma certa folga de espaço entre passageiros dianteiros e traseiros, além de 1,50 m de altura, o que facilita a vida de pessoas mais altas. Só não espere muito da largura, porque os 1,58 m dificultam a acomodação de mais do que duas pessoas no banco de trás. Se não cabe 5 pessoas, cabe bastante bagagem: seu porta-malas de 290 litros bate de frente com modelos maiores como VW Gol e Chevrolet Onix Joy.

O bom porta-malas de 290 litros (fotos: Lucca Mendonça)

“Agora, e essa versão, o que ela tem de diferente?”, certamente você deve estar se perguntando. Pois bem, a Outsider muda em relação as outras configurações, mas nem tanto: apliques nos parachoques dianteiro e traseiro, barras longitudinais no teto (que são apenas decorativas e não suportam peso), adesivos abaixo dos retrovisores externos, calotas pretas (as mesmas da versão Intense pintadas de outra cor), bancos personalizados, além de detalhes de acabamento em laranja nas portas, volante e pomo da alavanca de câmbio.

Preço? R$44.990, ou R$2,5 mil a mais que a Intense, que não perde nenhum equipamento de série em relação a Outsider: ar-condicionado, direção elétrica, conjunto elétrico (vidros dianteiros, travas e retrovisores), faróis de neblina, abertura elétrica do porta-malas (botão interno e chave), computador de bordo, quatro airbags, Isofix, rodas de aço com calotas aro 14, central multimídia de 7” com conexões Android Auto/Apple CarPlay e câmera de ré, entre outros. Um jogo de rodas de liga-leve cairia muito bem nessa versão mais aventureira (ou, pelo menos, uma calota com desenho exclusivo).

O interior é personalizado nessa versão Outsider (fotos: Lucca Mendonça)

Basicamente, o Kwid Outsider custa quase R$45 mil, cobra R$2,5 mil a mais por estética (barata, diga-se de passagem), e nada mais. Na boa e velha relação custo X benefício, a Intense certamente ganha. Ainda acha um bom negócio comprar essa versão pseudo-offroad? Saindo da linha Kwid mas continuando na própria Renault, por R$2 mil a mais se chega no preço do Novo Sandero (R$46.990 na versão Life), que perde basicamente a central multimídia e ajuste elétrico dos retrovisores, mas ganha (e muito) em espaço interno e porta-malas. Talvez a aventura de levar um Kwid Outsider pra casa não seja tão boa assim…

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Com 21 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.