(Avaliação) Volvo V60 é uma belíssima alternativa aos SUV’s

O segmento de station wagon, ou simplesmente SW, praticamente não existe mais no Brasil: a categoria que era sucesso por aqui no final dos anos 90 e começo dos anos 2000 hoje respira com a ajuda de aparelhos, e tem apenas três representantes ainda a venda no mercado nacional (além da V60, resiste também a veterana Fiat Weekend, que perdeu o nome Palio, a Audi A4 Avant, e só). Os substitutos (e também matadores) das peruas foram os SUV’s, que caíram no gosto tupiniquim e logo dominaram as ruas. E o crescimento desse segmento é um caminho sem destino.

Foto: Lucca Mendonça

Mas, falando dessa Volvo, ela é oferecida em versão única (Momentum T5), custa R$213.950 e tem excelentes argumentos para convencer o comprador de levá-la pra casa no lugar de um utilitário. De início, apesar de ser um aspecto bastante pessoal, é difícil encontrar alguém que não ache a V60 bonita: com um design que mescla bem estilo e requinte com um toque de esportividade, o “pacote beleza” ainda é complementado pelas belas rodas aro 19 e a tonalidade Vermelho Fusion metálico da unidade avaliada. E daqui saem dois dos principais predicados das SW: o estilo e a discrição, duas palavras que dificilmente se juntam quando o assunto é SUV.

Na mecânica, ela é equipada com um motor 2.0 turbo com injeção direta movido somente a gasolina que rende 254 cv e bons 35,7 mkgf de torque, sempre trabalhando junto com uma transmissão automática de 8 marchas. Seu desempenho é bem empolgante levando em consideração sua proposta familiar: 0 a 100 km/h em 6,7 segundos e velocidade máxima de 230 km/h, segundo dados da própria Volvo. Esse comportamento arisco é bastante percebido na hora da condução: mesmo com o seletor no modo Eco, as respostas ao comando do acelerador são rápidas.

O moderno propulsor 2.0 turbo de 254 cv (Foto: Lucca Mendonça)

Dirigindo, sua carroceria baixa (1,43 m) obviamente se resulta em uma posição de dirigir mais “colada” no chão, ideal para quem curte uma condução mais esportiva e colada no chão. Mas isso também traz problemas: não é difícil raspar o parachoque dianteiro na hora de passar em valetas ou lombadas, característica comum em carros baixos, grupo que a V60 faz parte. Destaque para o sistema de direção, que é bastante preciso e pouco anestesiado, garantindo respostas imediatas e passando segurança para quem dirige.

Ok, já vimos que ela é bonita e anda bem, mas e o consumo de combustível, preocupa? Não! Na estrada, andando com calma a cerca de 100 km/h, as médias cercam os 16 km/l, nada mal levando em consideração seu desempenho e tamanho. Na cidade, a história é outra: no anda e para do trânsito, é difícil fazer mais que 7 km/l, culpa principalmente do seu alto peso, o que exige mais esforço do motor a cada saída. Mas o (pequeno) grande problema está no seu tanque subdimensionado, que possui apenas 55 litros de capacidade (quantidade próxima a de populares como VW Gol e Chevrolet Onix). O resultado prático disso é uma autonomia limitada, e um marcador que sempre está baixando, mesmo com as médias de consumo satisfatórias conseguidas em velocidades mais elevadas.

Foto: Lucca Mendonça

Quem compra um carro desses procura espaço interno, e nisso a V60 se sai bem: seus 2,87 m de entre-eixos e 1,85 m de largura garantem conforto para até quatro passageiros. O único incômodo é o túnel central gigante, que acaba atrapalhando bastante a acomodação de quem vai no meio do banco traseiro. Dentro do seu porta-malas vai tudo e mais um pouco: 529 litros de capacidade. Além da boa litragem, o compartimento tem uma abertura bem ampla, ideal para acomodar bagagens grandes.

O porta-malas comporta excelentes 529 litros (foto: Lucca Mendonça)

A lista de equipamentos de série também é grande: ar-condicionado digital dual-zone, direção elétrica, conjunto elétrico (vidros, travas e retrovisores), sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, partida do motor sem chave, retrovisor interno eletrocrômico, painel de instrumentos digital de 12,3”, bancos em couro com ajuste elétrico para motorista e passageiro dianteiro, configurador de modos de condução, teto solar panorâmico, sistema de som com 10 alto-falantes e 170 watts, sensor crepuscular, faróis de LED, freio de estacionamento elétrico, 6 airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma com assistente de direção, sistema de alerta de mudança de faixa, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), monitoramento de pressão dos pneus, sistema Pilot Assist, central multimídia de 9” com conexões Android Auto/Apple CarPlay e câmera de ré, rodas aro 18 (o jogo 19” é opcional mas não tem nenhum custo a mais), entre outros.

Devemos concordar que a Volvo V60 é uma excelente alternativa para quem quer fugir da mesmice dos utilitários, mas também convenhamos que só um SUV consegue ter a modularidade e conveniência de um tal: portas maiores e carroceria mais alta (coisas que facilitam bastante o entra e sai dos ocupantes e de carga), assoalho mais plano, teto mais alto, e por aí vai. Só não espere deles a mesma dinâmica e posição de dirigir esportiva de uma wagon como a V60. Por R$10 mil a menos (cerca de R$204 mil), por exemplo, você leva um XC40 na mesma versão Momentum, com a mesma mecânica e lista de equipamento bem parecida. Colocando tudo na ponta do lápis, talvez o sucesso estrondoso dos SUV’s e a queda das SW aqui no Brasil tenha mais lógica do que parece.

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Com 21 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.