(Avaliação) Novo Hyundai HB20 turbo mostra a evolução com muita tecnologia

O HB20 2023 trocou as arredondadas e confusas linhas por algo mais reto, limpo e moderno, ousando menos. Melhorou no que precisava pra não perder sua preciosa fatia de mercado. Nem parece, mas esse hatch mantém a plataforma e estrutura básica desde seu primeiro lançamento, lá em 2012. Pra quem duvida, basta olhar formatos de janelas, desenho das colunas e porte geral da carroceria. Se isso é ruim? Jamais. Até porque foi um dos hatches que mais evoluiu ultimamente.

Sua versão mais cara Platinum Plus (R$120 mil), por exemplo, entrega tecnologias de fazer inveja até para alguns SUVs médios e sedans ditos de luxo. O nível de segurança também surpreende, assim como a motorização moderna. Tudo “baseado” naquela mesma plataforma PB da Hyundai/Kia, e montado numa carroceria que muito tem a ver com o carro de onze anos atrás. Esse vendido hoje é quase como uma segunda grande reestilização da primeira geração.

O formato da carroceria, recorte das janelas e inclinação das colunas não nega: a plataforma é a mesma da primeira geração (Foto: Lucca Mendonça)

Tacada de mestre da engenharia da fabricante coreana: trabalhou com o que tinha e ainda colocou o HB20 2023 como o hatch compacto flex mais moderno do mercado nacional, despontando inclusive concorrentes que se atualizaram por completo numa nova geração de verdade. Em contrapartida, o Hyundai é também um dos mais caros nessa versão topo de linha das fotos, mas vale o dito: “não existe almoço grátis”.

É o mais moderno do segmento, ainda que seja um dos mais caros nessa versão completa (Foto: Lucca Mendonça)

TGDI, o flex

O conjunto motriz mais refinado continua sendo formado pelo silencioso 1.0 TGDI (Turbo Gasoline Direct Injection, que, vai entender, é flex). É um pequeno tricilíndrico turbo, com injeção direta, duplo comando variável e a despreocupação da sincronia por corrente ao invés de correia, que hoje chega aos 120 cv de potência e 17,5 mkgf de torque, quer seja com gasolina ou etanol. Números mansos pra esse nível de tecnologia, mas ótimos num compacto leve como o HB20.

O TGDI flex é compacto e silencioso, tanto que a ausência da manta acústica do capô nem foi sentida (Foto: Lucca Mendonça)

Casado a um câmbio automático de seis velocidades, o TGDI entrega tudo que pode em força aos 1.500 rpm, bem cedo. Explica a ânsia da transmissão em subir marchas e reduzir as rotações a qualquer custo, em busca de economia e suavidade: até nessas situações o torque é abundante (devagar, ele consegue subir uma ladeira a 1.200 rpm, por exemplo).

Transmissão AT6 é ansiosa, mas pela boa causa da economia. Modo manual nem precisa ser ativado (Foto: Lucca Mendonça)

É um conjunto rápido, pronto pra reduzir marchas e acelerar em momentos de pressa. Se não há como mudar o modo de condução, aletas para comandar o câmbio atrás do volante dão certo toque de esportividade. Mas geralmente nem é preciso usá-las, assim como o modo manual ativado na alavanca. Os 10,7 segundos declarados no 0 a 100 km/h parecem demorar bem menos e, como antes, é elogiável seu “ronco” nas acelerações, lembrando motores maiores.

Desempenho parece ser até melhor do que a ficha técnica informa (Foto: Lucca Mendonça)

Só não dá para falar o mesmo do consumo de combustível, pelo menos com o etanol do carro avaliado. Em 480 km ele gastou um pouco mais que os 50 litros do tanque, com a surpresa negativa dos 9,1 km/l de média geral. As marcas subiram para cerca de 12,2 km/l em um uso só rodoviário, mas podiam baixar de 8,8 km/l no trânsito pesado da cidade. O pouco discreto sistema Start&Stop fez sempre seu trabalho. Num carro pequeno, leve, com motor moderno de baixa cilindrada e transmissão focada em economia, esperava mais.

Pequeno, leve, motor moderno e câmbio programado para reduzir o consumo: ainda assim poderia ser bem mais econômico (Foto: Lucca Mendonça)

Certeiro

Virtudes desse Hyundai desde que veio ao mundo, dinâmica e dirigibilidade continuam das boas. O motorista guia mais baixo, sugerindo até certa esportividade, com visibilidade que agrada, ótimo comportamento da direção elétrica (leve e precisa), suspensões (até um pouco durinhas para não falhar com o comportamento da carroceria) e freios (nada de discos traseiros, infelizmente). Esses pontos somados a facilidade de se ajeitar graças aos ajustes de banco e volante fazem do HB um bom exemplo de hatch compacto prazeroso de dirigir.

Mas justamente os bancos, que receberam melhorias nessa última reestilização, mostraram um problema que só algum tempo de produção deve corrigir: sua espuma é muito macia, o que pode significar mais conforto, mas bem pouco densa. Quem é mais pesado acaba sentindo a estrutura metálica depois de algum tempo sentado, principalmente por dentro do assento. Nada terrível, mas precisa melhorar. Só isso: eles são bons no tamanho e formato.

Afronta aos médios

Até surpreende saber que um hatch pequeno, de entrada, consiga ter tantos assistentes e equipamentos que mal estão em SUVs médios. Ponto para a Hyundai nesse caso. Essa versão Platinum Plus, basicamente, só fica devendo um piloto automático adaptativo (ACC), mas seria pedir demais. Faróis de LED, nem tanto: esses já estão inclusive em carros mais baratos, e mereciam figurar num HB20 completão desses. Pelo menos suas lâmpadas halógenas com projetor são eficientes.

Faróis não são em LED, mas luzes halógenas com projetor dão conta (Foto: Lucca Mendonça)

O carro já entrega alerta de colisão frontal e traseiro (avisa em caso de acidentes eminentes), frenagem autônoma de emergência frontal e traseira (evita os tais acidentes freando o carro), monitor de ponto-cego (avisa nos retrovisores caso haja obstáculos laterais), alerta de saída de faixa ativo (detecta que o carro está “comendo faixa” e ajuda a recoloca-lo na trajetória), assistente inteligente de manutenção em faixa (consegue contornar curvas leves e mudar a direção do carro automaticamente, sempre seguindo as faixas de rodagem), farol alto automático (comuta sozinho o controle da luz alta para melhorar a visibilidade a noite) e, como exclusividade, o assistente de desembarque, que avisa os ocupantes com porta aberta que outro carro se aproxima na via.

Baita oferta de tecnologias nessa Platinum Plus: nenhum outro concorrente entrega tanto (Foto: Lucca Mendonça)

E tem mais: fora os serviços do BlueLink, plataforma de concierge da fabricante, alguns sistemas são bem úteis no dia-a-dia. Um deles é o alerta de tráfego fluindo, que em caso de o trânsito andar à frente, o carro avisa no painel e com uma sonora campainha no ouvido do motorista caso ele não acelere (algo como um “se liga aí, o trânsito andou!”). Ótimo para os distraídos com o celular quando abre o semáforo, por exemplo.

Radares e sensores fazem todo o papel, praticamente (Foto: Lucca Mendonça)

Espaço e porta-malas

Integrante do clube dos 2 e cinquenta e poucos de entre-eixos (2,53 m no caso) com 300 litros de porta-malas, o HB20 é mediano no primeiro e generoso no segundo. Quatro adultos viajam até folgados, mas um quinto ocupante se aperta, principalmente na cabeça e ombros atrás. Na frente não há problemas. Uma carroceria compacta por fora, ágil e fácil de estacionar, acaba quase sempre tirando espaço de dentro. Em resumo, ele não tem o vão para as pernas de um Fiat Argo, nem a altura e largura de um Chevrolet Onix, mas agrada.

2023, sim senhor!

Moderno como nunca, o HB20 mostra que vive sua melhor fase, e está mais do que contemporâneo para 2023. Para um projeto que recebeu tanto investimento e melhorias, a idade acaba nem pesando. Agora, o preço? Esses quase R$120 mil da versão avaliada completona Platinum Plus pouco convidam, apesar do farto conteúdo e bom conjunto da obra.

Ainda bem que tem HB20 pra praticamente todo mundo: são sete versões diferentes, desde uma de entrada 1.0 aspirada de R$82 mil (recheada, mas esqueça as virtudes ali de cima), passando pela interessante 1.0 turbo com câmbio manual de seis marchas (R$99 mil) e outra Platinum, também topo de linha, só que um pouquinho menos completa, isso por R$110,5 mil.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 998 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automática com conversor de torque e seis velocidades, com opção de trocas manuais na alavanca ou paddle-shifts
Potência: 120 cv a 6.000 rpm
Torque: 17,5 mkgf a 1.500 rpm
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na frente e tambores atrás
Pneus e rodas: Michelin Primacy 4, medidas 195/55 com rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,01 m/1,72 m/1,47 m/2,53 m
Porta-malas: 300 litros
Tanque de combustível: 50 litros
Peso em ordem de marcha: 1.110 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,7 segundos
Velocidade máxima: 190 km/h
Preço básico: R$119.590 (carro avaliado: R$121.190)

Itens de série:

Central multimídia flutuante com tela touchscreen de 8 polegadas, Apple CarPlay e Android Auto sem fio, Antena tipo barbatana, Sistema de som com seis alto falantes, Bluelink® Sistema de carro conectado com serviços de prevenção ao roubo, assistência 24h, controles remotos do veículo, diagnóstico via app, Carregador wireless para smartphones, 3 portas USB (1 tipo A, 1 tipo C no console central e 1 tipo C para os passageiros traseiros), Direção elétrica progressiva, Travas elétricas nas portas e porta-malas (travamento automático a 20 km/h), Espelho de cortesia no para sol para motorista e passageiro, Abertura e fechamento dos vidros elétricos via controle remoto, Retrovisores externos rebatíveis com ajuste elétrico e luz indicadora de direção, Limpador e desembaçador do vidro traseiro, Banco do motorista com ajuste de altura, Volante com regulagem de altura e profundidade, Luzes de teto dianteiras e traseiras, Tomada de 12V no console, Acendimento automático dos faróis, Faróis com funções welcome e follow-me, Sensores de estacionamento traseiros, Apoia braço deslizante no console central, Piloto automático e limitador de velocidade, Chave presencial Smart Key, Partida do motor por botão, Banco traseiro bipartido 60:40, Aletas no volante para troca de marchas, Sistema Start&Stop, Computador de bordo, Ar-condicionado automático digital, Vidros elétricos dianteiros e traseiros com funções one-touch (descida e subida) e antiesmagamento, Partida remota do motor pela chave, Maçanetas externas cromadas, Faróis de neblina dianteiros com projetor, Rodas de liga leve diamantada de 16″, DRL em LED, Lanternas em LED, Faróis halógenos com projetor, Volante e manopla do câmbio revestidos em couro, Painel de instrumentos digital colorido Supervision Cluster, Bancos em couro e tecido preto, 6 Airbags, Freios ABS com EBD, Controle de estabilidade (ESP), Controle de tração (TCS), Sinalização de frenagem de emergência (ESS), Assistente de partida em rampa (Hill Holder), Alarme perimétrico, Fixação ISOFIX® com Top Tether para cadeirinha de bebê, Monitoramento de pressão dos pneus (TPMS), Alerta de presença no banco traseiro (ROA), Detector de fadiga (DAW), Sistema de alerta e frenagem autônomo (FCA) para carros, pedestres e ciclistas, Assistente de centralização em faixa (LFA), Assistente de permanência em faixa (LKA), Farol alto adaptativo (HBA), Assistente de ponto cego (BCA), Assistente de tráfego cruzado traseiro (RCCA), Alerta de desembarque seguro (SEW), Câmera de ré

Compartilhar:
Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.