(Avaliação) Citroën C4 Cactus THP 2024: mínimos detalhes, grandes diferenças

Muita gente que esperava grandes novidades na teoria para o C4 Cactus nessa linha 2024 não ficou tão contente assim com a realidade: apliques pela carroceria aqui, rodas novas acolá, alguns equipamentos novos por ali, nada mais. Não foi uma revolução, apenas uma evolução pequena, mas que fez grandes diferenças para o conforto, dirigibilidade, ergonomia e consumo do SUV compacto. Como boa parte das melhorias veio nas versões mais caras, nada melhor do que conferi-las de perto na Shine Pack THP, topo de linha, de R$130 mil.

Compra online? desconto!

Mas, calma lá, pois esse preço tem uma pegadinha: ele é válido apenas para compra online, através do site da própria Citroën, que requer uma reserva quase simbólica de R$990 via cartão de crédito. Compra feita, é só esperar cerca de 30 dias para o carro chegar na concessionária mais próxima e, lá, finalizar o processo de pagamento do restante do valor, financiado ou a vista. Quem preferir ir direto numa loja da marca, falar com o vendedor, olhar o carro no showroom, preencher papelada e fechar o negócio lá, vai precisar desembolsar R$10 mil extras.

Ainda por R$140 mil, o Cactus é um dos SUVs topo de linha mais em conta vendidos 0 km hoje em dia. Só perde para seu “irmão” Peugeot 2008 Griffe, que já está prestes a sair de linha, e Fiat Pulse Impetus, que, convenhamos, está mais para crossover. Só que nenhum deles traz algo que esse Citroën tem de sobra: dinâmica e esperteza ao volante, heranças de um projeto francês que previa quase um hatch aventureiro lá no começo da década passada.

1.6 THP ajustado

Por si só, o motor 1.6 turbo já garante muita diversão ao volante: tem 165/173 cv de potência e 24,5 mkgf de torque a mínimos 1.400 rpm, o que garante uma bela “estilingada” quando se pisa fundo, sem que o conta-giros digital, um tanto impreciso pelo registro a cada 500 rotações, marque números altos. O interessante é que sua entrega de força está um pouco mais amena e progressiva nos carros da linha 2024: mudanças na pressão do turbo e faixa de torque do THP são os causadores, e a culpa é das leis de emissão de poluentes. Como esse propulsor já não é tão moderno (veio da BMW), já requer aperfeiçoamentos para continuar sendo aprovado pelo Proconve.

O tempo de 0 a 100 km/h está alguns milésimos de segundos maior (eram até 7,5 segundos, hoje são ao menos 7,7), porém, dada sua performance esportiva, não é nenhum crime falar que o carro ficou até melhor assim: continua muito rápido, com respostas ágeis ao comando do acelerador e um ótimo trabalho do câmbio automático de seis marchas, só que acelerando de forma um pouco mais progressiva, sem todo aquele “coice” de antes, que erguia sua frente em demasia e jogava tudo para trás. Leia-se: está mais confortável mesmo quando é programado para acelerar, com modo Sport ligado e pé na tábua.

Economia e ergonomia

E, como não poderia deixar de ser em mudanças em prol de leis de emissão, o 1.6 turbo recalibrado também deixa o Cactus 2024 mais econômico. Para um carro que, antes, rondava os 16 km/l de na estrada ou 11 km/l na cidade, hoje consegue passar de 18,5 km/l e 12 km/l, na ordem, claro que com gasolina em todos esses casos. Por culpa das limitações do computador de bordo do seu painel de instrumentos digital, que inclusive merecia um novo layout (com mais de uma medição simultânea de consumo, ao menos), não foi possível fazer uma média total para os 350 km de testes entre cidade e estrada, mas é certo que ele não gastou muito mais que 26 litros de gasolina para tal.

Mais conforto nas acelerações, mais economia de combustível, e também mais ergonomia na hora de dirigi-lo. A enorme falta que fazia um apoio de braço central, melhorando a vida a bordo do motorista nas viagens mais longas, é um problema do passado: a nova peça, que acompanha o console central mais alto, é regulável e, de quebra, até serve também ao passageiro da frente. A Citroën tirou o atraso e colocou ainda no Cactus um carregador de celular sem fio e mais portas USB, sendo uma perto do tal apoio de braço e outra para os passageiros traseiros. Lá agora tem até um enrolador de cabo de carregador, para o fio não ficar solto. Antes, ele penava com a USB única próxima da multimídia.

Evoluções que demoraram, mas chegaram, assim como a multimídia de 10” emprestada do C3. Com tela maior, o novo aparelho pode até ficar um pouco escondido atrás do volante, obrigando o motorista a inclinar a cabeça para operá-lo, só que é muito mais prático de mexer e completo de funções que o anterior, de 8” e layout antiquado. Valorizou bastante o interior do Cactus a nova central, maior, mais colorida, e com câmera de ré de boa resolução embutida no pacote. Os sensores de estacionamento traseiros, presentes no carro avaliado, só podem ser adquiridos como acessório de concessionária por R$560 extras, em pleno 2024. Vai entender…

SUV, crossover, hatch médio

Sua habitabilidade é interessante, enquanto isso. Motorista e passageiro dianteiro vão bem acomodados com bancos grandes e forração extremamente confortável (ao menos na Shine Pack avaliada), e é nítido até algum avanço no acabamento interno, que infelizmente nunca foi bom como deveria. O estranho retalho de tecido que decorava uma parte do painel, por exemplo, agora dá lugar a um aplique plástico de aparência e textura bem melhores. Pena que ele ainda é mal montado por dentro: vãos desiguais, peças desniveladas, e por aí vai.

A sensação a bordo do Cactus não é muito diferente de um hatch médio, assim como o espaço interno para até quatro adultos e uma criança no meio do banco traseiro. Com carroceria compacta, ele não esbanja na altura, com relação ao solo ou no habitáculo de passageiros, nem na capacidade de porta-malas, compensando com o agradável vão para as pernas e ombros (méritos dos 2,6 m de entre-eixos e arranjo interno esperto), além da facilidade nas manobras e agilidade no trânsito diário. Para a altura de motorista e passageiros, é elogiável ainda a visibilidade de dentro para fora, assim como o quão arejada e iluminada é a cabine desse crossover metido a SUV.

Bom de andar e de parar

O conforto a bordo segue ótimo como sempre foi, fazendo valer o ajuste certeiro da engenharia francesa na hora de garantir maciez sem prejudicar a estabilidade do Cactus, mesmo nesses THP mais nervosos. Ao mesmo tempo que é capaz de absorver a buraqueira pesada e pisos ruins do dia-a-dia, as molas e amortecedores são responsáveis pela pouca rolagem lateral da carroceria, baixa inclinação e dinâmica nas curvas ou desvios rápidos de trajetória. Provavelmente, continua sendo o SUV compacto mais bom de curva do mercado nacional, e também um dos campeões na capacidade de frenagem. Nessas horas, fala mais alto seu perfil de hatch altinho ou crossover.

Talvez, com a chegada do SUV Coupé Basalt, que deriva do C3 e usa a plataforma modular CMP (bem mais evoluída que a PF1 do Cactus), a vida dele fique um pouco mais complicada. Hoje, sendo o único SUV da Citroën no Brasil, seu nível de concorrência interna é praticamente zero. Só o tempo dirá. Certamente, essas tais melhorias da linha 2024, que já fizeram uma diferença e tanto no seu comportamento, consumo e conforto, serão armas importantes para que o Cactus garanta seu lugar ao sol por mais algum tempo.

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Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.598 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: Automática com conversor de torque e 6 velocidades, com possibilidade de trocas manuais na alavanca
Potência: 165/173 cv a 6.000 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 24,5 mkgf a 1.400 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: Independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: Eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Goodyear Wrangler, medidas 205/55 e rodas de liga-leve aro 17
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,17 m/1,71 m/1,53 m/2,60 m
Porta-malas: 320 litros
Tanque de combustível: 55 litros
Peso em ordem de marcha: 1.225 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 7,7 segundos (etanol)
Velocidade máxima: 212 km/h (etanol)
Preço básico: R$129.990 online (carro avaliado: R$133.290)

Itens de série:

CAPA DE RETROVISOR COM PINTURA BRILHANTE, BARRAS DE TETO LONGITUDINAIS E FUNCIONAIS, MOLDURAS DO FAROL DE NEBLINA COM PINTURA BRILHANTE, PROTETORES LATERAIS DE PORTA – AIRBUMPS® COM PINTURA BRILHANTE, FARÓIS DIANTEIROS HALÓGENOS, FARÓIS DE NEBLINA, LANTERNAS TRASEIRAS COM EFEITO 3D, ASSINATURA LUMINOSA EM LED (DRL), CÂMBIO AUTOMÁTICO SEQUENCIAL DE 6 MARCHAS COM MODO MANUAL, VOLANTE REVESTIDO EM COURO, ANDROID AUTO E APPLE CARPLAY, COMANDOS DE SOM NO VOLANTE, PAINEL DE INSTRUMENTOS DIGITAL, LIMPADOR DO PARA-BRISA AUTOMÁTICO COM SENSOR DE CHUVA, 6 ALTO-FALANTES (2 DIANTEIROS, 2 TRASEIROS, 2 TWEETERS), VIDROS ELÉTRICOS ONE-TOUCH NAS QUATRO PORTAS, TOMADA 12V, ECONÔMETRO, COMPUTADOR DE BORDO COM INDICADOR DE TEMPERATURA EXTERNA, TRAVAMENTO AUTOMÁTICO DAS PORTAS E DO PORTA-MALAS COM VEÍCULO EM MOVIMENTO, RETROVISORES EXTERNOS COM REGULAGEM ELÉTRICA, ESP (CONTROLE DINÂMICO DE ESTABILIDADE) + ASR (ANTIPATINAGEM), ALERTA DE SAÍDA DE FAIXA, DETECTOR DE FADIGA DO CONDUTOR COM ALERTA PARA DESCANSO, SISTEMA DE FRENAGEM AUTÔNOMA DE EMERGÊNCIA, ALERTA DE COLISÃO, 6 AIRBAGS (2 FRONTAIS, 2 LATERAIS, 2 CORTINA), FIXAÇÃO ISOFIX E TOP TETHER PARA CADEIRINHAS, CINTOS DE SEGURANÇA DIANTEIROS E TRASEIROS COM LIMITADOR DE ESFORÇO, ALARME PERIFÉRICO, ACIONAMENTO DAS LUZES DE EMERGÊNCIA EM CASO DE FRENAGEM BRUSCA, PILOTO AUTOMÁTICO COM LIMITADOR DE VELOCIDADE, VOLANTE COM REGULAGEM DE ALTURA E PROFUNDIDADE, HILL ASSIST – ASSISTENTE DE PARTIDA EM RAMPA, ACENDIMENTO AUTOMÁTICO DOS FARÓIS, GRIP CONTROL, GUARDA VOLUMES ENTRE OS BANCOS DIANTEIROS, BANCO DO MOTORISTA COM REGULAGEM DE ALTURA, BANCOS TRASEIROS REBATÍVEIS (1/3, 2/3), APOIOS DE CABEÇA DIANTEIROS E TRASEIROS COM REGULAGEM, CITROËN CONNECT TOUCHSCREEN 10″ – CENTRAL COM ESPELHAMENTO SEM FIO PARA SMARTPHONES, RODAS DE LIGA LEVE 17″ MODELO “CROSS” COM ACABAMENTO DIAMANTADO, CARREGADOR DE CELULAR POR INDUÇÃO

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.