Goleada do Roberson: A valiosa coleção de VWs praticamente 0 km no interior de São Paulo


Esta coluna não se trata de futebol, tão menos falaremos do atacante Roberson do Juventude Esporte Clube, mas sim do Roberson Fernandes, colecionador da linha VW Gol de Ribeirão Preto, interior de SP.
Sua paixão pelo modelo começou no início de sua carreira, há 20 anos, quando foi estagiário de uma concessionária VW da cidade. À ocasião, Roberson fazia a entrega técnica, ou seja, explicava as funções e recursos técnicos do veículo no ato da entrega ao proprietário.

Anos se passaram e, após Roberson iniciar sua coleção, que já teve exemplares como um GM D-20 1992/1993 com apenas 8 mil km, a paixão pelos carros da Volkswagen falou mais alto. Em 2019, o D-20 e outros modelos foram vendidos, cedendo espaço ao primeiro carro da coleção atual: um VW Saveiro SuperSurf 2002/2003.

Este Saveiro é integrante da primeira safra, e tem suas particularidades como para-choques na cor cinza, grade cromada, retrovisores cromados, faróis de dupla-parábola com interior cromado, faróis de neblina, lanterna traseira de neblina, rodas aro 15 (lançadas originalmente no Gol GTi 16v 4 portas e Saveiro TSi, ainda em 1999), grafismo exclusivo em adesivo nas laterais e o nome da versão na traseira.

Além do motor de 1,6 litro, a direção hidráulica e os bancos especiais davam conforto ao condutor. Seu acabamento esmerado, capota marítima original e o easter-egg do mergulhador gravado no vigia lateral (não é adesivo, é gravado de fato) dão o charme à versão. Seus pneus são os 195/55R15 Goodyear NCT-5 que vieram originalmente no carro.

Ostentando uma conservação digna de um carro 0km, o hodômetro marca apenas 1.737km e tudo nela é original, inclusive os pneus. Seu motor é o AP-1600 a gasolina com 92,5 cv a 5500 rpm e 13,9 kgfm de torque a 3000 rpm.
O segundo carro da coleção trouxe o terceiro em um pacote. Trata-se de um VW Gol City G3 Preto Ninja 2004/2005, movido a gasolina, com apenas 252,1km rodados, ou seja, ainda 0km. Este carro possui direção hidráulica, ar quente, vidros verdes, limpador e desembaçador traseiro, plásticos originais nos bancos e o tradicional cheiro de carro novo. Assim como a Saveiro, ele também conserva os pneus 175/70R13 Firestone F-590 originais de fábrica.
Do mesmo proprietário do Gol G3 preto, veio outro G3, mas pintado na cor vermelha, ano 2003/2004 e movido a gasolina, com atuais 8.713,4km rodados. O estado de conservação, como é de se esperar, é igualmente perfeito, e ele também possui ar-quente, vidros verdes, limpador e desembaçador traseiro. Com tão pouca quilometragem, seus pneus Firestone F-570 nas medidas 175/70R13, originais, se mostram bem íntegros.
A diferença entre o Gol preto e o vermelho está no interior e equipamentos escolhidos: No primeiro, por conta da direção hidráulica adquirida como opcional, o volante é o mesmo usado em toda a linha G3, lançada em 1999, destoando do restante do interior mais antigo, da geração 2, adotado nos Gol City a partir de 2003. Enquanto isso, o vermelho traz o mesmo volante do Gol bolinha (combinando com o restante do interior), maior e de aparência mais simples, uma vez que ele não é equipado com direção hidráulica.
O quarto modelo da coleção tem uma história bastante curiosa. O VW Gol City G3 cinza 2004/2004 a álcool, com atuais 4.499,4km rodados, possui o mesmo estado de conservação dos exemplares preto e vermelho, e além de trazer vidros verdes, limpador e desembaçador traseiro e um alarme Positron instalado na concessionária, ainda em 2004.

No seu manual do proprietário, preenchido, constam as informações do primeiro dono com a letra do próprio Roberson. Sim caro leitor, quem fez a entrega técnica do carro à época coincidentemente foi o Roberson, que hoje é o segundo proprietário do exemplar. Assim como todos os representantes desse acervo de ouro, o Gol G3 cinza ostenta os pneus de fábrica, também Firestone F-570, medidas 175/70R13.

Falando do Gol City, os modelos a gasolina traziam motor EA-111 com 65 cv de potência a 6000 rpm e 9,1 kgfm de torque a 4500 rpm, e já eram dotados de acelerador eletrônico. O modelo a álcool também trazia o propulsor 1.0 EA-111, mas na sua primeira configuração, intitulada à época AT-1000, com 61,2 cv a 5000 rpm e 9,7 kgfm de torque a 4500 rpm. Seu acelerador era mais “tradicional”, controlado via cabo.
A partir da linha 2004, o Gol 1.0 passou a ser oferecido também com a tecnologia Total-Flex, até então opcional, com 68/71 cv a 5750 rpm e 9,4/9,7 kgfm de torque a 4750rpm (gasolina/etanol). No ano seguinte, o motor bicombustível passou a ser a única opção para a linha 1.0 G3 e posteriormente para a G4, lançada no mesmo ano como linha 2006.
Mas, voltemos à coleção do Roberson, que ganhou um novo integrante no final de 2020: O VW Gol Rallye 2005/2005 G3,5 (apelido da reestilização de meia-vida do modelo), pintado na cor branca, com motor 1.6 Total-Flex e atuais 28.028 km rodados. O carro possui quase todos os opcionais disponíveis a época, com exceção do ar-condicionado, e ostenta um som CD Pionner do mesmo ano. Um charme à parte.

Com conservação digna de muito seminovo com 1 ou 2 anos de uso, esse Rallye recebeu uma vasta revisão com troca de correias, velas, cabos, fluídos, além de amortecedores e pneus, onde os 195/55R15 Firestone Firehawk 700 originais da época deram lugar aos novos Dunlop Sport FM800, na mesma medida. O motivo é que o Roberson, vez ou outra, usa esse Gol Rallye no seu dia a dia e, passados mais de 16 anos de sua fabricação, os pneus originais lá de 2005 já estão “vencidos”, não mais recomendados para uso.

Embora os pneus de rodagem tenham sido trocados, o estepe continua o mesmo 195/55R15 Firestone Firehawk 700 de época, que nunca foi ao chão. Seu motor é o AP-1600 bicombustível com 97/99 cv de potência a 5750 rpm e 14,1/14,4 kgfm de torque a 3000 rpm (gasolina/etanol).
O último a integrar a coleção é o mais novo deles, em todos os sentidos. Adquirido em 2021, o Gol City G4 ano 2012/2013 e pintado na cor Preto Ninja ostenta apenas 126 km rodados no hodômetro. De fábrica, traz direção hidráulica, vidros elétricos nas portas dianteiras, travas elétricas nas 4 portas, vidros verdes, limpador e desembaçador traseiro. E nem é preciso dizer que seus pneus são os 175/70R13 Goodyear GPS-3 que vieram no carro lá em 2012.

No interior desse G4, ainda estão todos os plásticos protetores e, no vidro traseiro, o discreto adesivo que comemorava os 25 anos consecutivos de liderança do modelo mercado. Vale lembrar que o Gol foi líder mais por mais dois anos depois disso, totalizando 27 anos como o carro mais vendido do Brasil.

Sob seu capô também está o EA-111 com 68/71 cv de potência a 5750 rpm e 9,4/9,7 kgfm de torque a 4750rpm (gasolina/etanol). Diferentemente dos G3, esses Gol de geração quatro traziam câmbio com diferencial mais longo, capaz de fazer boas médias de consumo, tanto em cidade quando em estrada.
O amor do dono por essas joias é tão grande que, com exceção do Gol Rallye, nenhum deles sequer circula nas ruas: Quando precisam sair, uma vez ao ano para trocar o óleo na concessionária Volkswagen da região, só vão e voltam de plataforma. Se algum deles está à venda? Definitivamente não! E, por enquanto, o objetivo do Roberson é trazer mais alguns exemplares à esta curiosa coleção do carro mais vendido do Brasil. Uma verdadeira goleada.
