Fiat Prêmio: o primeiro carro nacional com computador de bordo

O Fiat Prêmio foi a primeira variação da linha Uno e chegou ao mercado em 1985 como sedan compacto de 2 portas nas versões S e CS, sucedendo o Oggi como carro familiar da marca. Com motores 1.3 Fiasa de 59,7 cv de potência a 5200 rpm e 10,0 kgfm de torque a 2600 rpm (etanol) na versão S ou 1.5 Sevel de 71,4 cv a 5500 rpm e 12,3 kgfm de torque a 3000 rpm (etanol) na CS, o modelo se vangloriava por ser o mais econômico da categoria, independente do propulsor.

Primeiro Premio chegava em 1985 (Foto: Fiat/divulgação)

A versão 1.3 fazia de 0 a 100 km/h em 17,64s e atingia 144,578 km/h de velocidade máxima, percorrendo 8,48 km/l de etanol na cidade e 13,32 km/l na estrada. Já a versão 1.5 fazia de 0 a 100 km/h em 15,77s e atingia 158,590 km/h de velocidade máxima, percorrendo 8,29 km/l de etanol na cidade e 13,22 km/l na estrada. Era notória a superioridade do motor maior, que oferecia mais potência, torque em baixas rotações com o mesmo consumo do 1300.

Racionalidade, bom espaço interno e área envidraçada eram lados bons do sedan do Uno (Foto: Fiat/divulgação)

A racionalidade de suas linhas, amplo espaço interno e generosa área envidraçada eram elogios do Premio. A versão CS trazia um acabamento primoroso, com volante espumado, retrovisor com comando interno, ar quente, conta-giros, check control, câmbio de 5 velocidades, além do bom porta-malas de 521 litros de capacidade, o maior em sedan até então.

Porta-malas era o maior dentre o dos sedans da época (Foto: Fiat/divulgação)

Como opcionais, trazia retrovisor do lado direito, vidros elétricos, além de interior monocromático e belas cores de carroceria. O câmbio de 5 marchas era um opcional para a versão S, nesse caso casado com motor 1.3.

Interior simpático e que poderia combinar com a cor da carroceria (Foto: Fiat/divulgação)

Inovadora como sempre, a Fiat entrou para a era da informática, e lançou no Fiat Prêmio o primeiro computador de bordo em um carro nacional, opcional disponível também para o Fiat Uno. Com 8 funções, o sistema media:

  • Quilômetro por litro instantâneo

  • Média de quilômetros por litro

  • Litros de combustível consumidos

  • Quilômetros percorridos

  • Autonomia

  • Quilômetros por litro para autonomia

  • Velocidade média

  • Cronômetro/hora e data

Bastante inteligente, principalmente se considerada a tecnologia da época, o computador de bordo tinha ainda outras funções. Na medição de quilômetro por litro instantâneo, caso o veículo estivesse parado ou a menos de 10 km/h, a medição passava a ser em quilômetro por hora. Nas medições de quilômetro por litro para autonomia, a base de cálculo se dava nos últimos 1,5l consumidos, e tinha ainda alerta sonoro para os últimos 90, 60 e 30 km de alcance. Quando atingido 30 km de autonomia, o alerta sonoro emitia um Bip a cada minuto.

Computador de bordo estava disponível no Uno e Premio (Foto: Fiat/divulgação)

Além disso o painel ainda fornecia termômetro, manômetro de óleo, check-control para faróis e lanternas, além do velocímetro e marcador de combustível. Uma pena o conta-giros ter ficado de fora, disponível nas versões sem o computador. Faltava também o hodômetro parcial. De 1986 a 1988, o motor 1.3 passou a ser fornecido também para a versão CS, com os opcionais da versão 1.5.

Carroceria de quatro portas estreava junto da versão luxuosa CSL (Foto: Fiat/divulgação)

O modelo tinha pontos de melhoria como o câmbio (impreciso e de engates duros) e o acesso ao banco do passageiro, sendo este corrigido a partir de 87 com a oferta da versão CSL 1.5, bem mais luxuosa e enfim com 4 portas. Chegava ainda o ar-condicionado, e com ele o Premio era visto como um moderno sedan compacto de luxo, fazendo frente aos maiores como VW Santana e GM Monza.

Em 88, chegava à versão S com motor 1.3 e 4 portas, com grande enfoque nos taxistas. A partir de 89, já era oferecida a SL 4 portas em substituição a S de mesma carroceria. A SL 4P contava com as mesmas modificações estéticas da CSL, como o novo e ergonômico painel. 

Painel mais moderno e refinado do CSL ia parar também no SL de quatro portas (Foto: Fiat/divulgação)

Para 90, saía de cena a versão S 2 portas, permanecendo em linha apenas as versões CS 2 portas, SL e o novo CSL, agora com motor argentino Sevel 1.6 de 84 cv a 5700 rpm e 13,2 kgfm de torque a 3250 rpm quando movido a gasolina. Fazia de 0 a 100 km/h em 12,55s e atingia 156,5 km/h de velocidade máxima. Suas médias de consumo eram de 9,47 km/l na cidade e 14,10 km/l na estrada.

CS de duas portas era a única versão remanescente do lançamento em 1985 (Foto: Fiat/divulgação)

Em 91 o sedan da Fiat recebia nova frente, com faróis afilados e grade inédita, enquanto, nas versões CS e SL, o motor 1.3 dava lugar ao 1.5 Fiasa de 67,2 cv a 5000 rpm e 12 kgfm de torque a 3000 rpm (gasolina). Fazia de 0 a 100 km/h em 14,15s e atingia 148,8 km/h de velocidade máxima, com bom consumo de 9,01 km/l na cidade e 15,32 km/l na estrada. O motor tinha mais rendimento se comparado ao antigo Sevel 1.5, em que pese sua menor potência liquida.

Linha 91 de cara nova: motor 1500 Fiasa entrava no lugar do 1300 em algumas versões (Foto: Fiat/divulgação)

No ano de 93, a família Premio se despedia da carroceria 2 portas e da versão SL, sendo que a CS 1.5 e a CSL 1.6 já eram equipadas com injeção monoponto (recebendo o sobrenome “i.e.”). O motor Fiasa 1.5 não tinha alterações de potência e torque, mas seu desempenho melhorava: injetado, fazia de 0 a 100 km/h em 13,09s e atingia 157 km/h de velocidade máxima. O consumo urbano melhorava (9,2 km/l), enquanto o rodoviário piorava (13,2 km/l).

Versão SL saía de linha com motor 1.5 injetado e sempre quatro portas (Foto: Fiat/divulgação)

O motor Sevel 1.6 com injeção monoponto tinha algumas alterações nos números. Rendia agora 83,1 cv a 5500 rpm e 13,2 kgfm de torque a 3000 rpm na variante a gasolina, permitindo que o carro acelerasse de 0 a 100 km/h em 12,50s, atingindo os 157 km/h de velocidade máxima. Percorrendo 9,8km/l na cidade e 14km/l na estrada, os consumo era outro que mudava. A menor potência não era sentida, já era atingida em rotações mais baixas se comparada a versão carburada, assim como seu torque máximo.

1994: últimos Premio (Foto: Fiat/divulgação)

A Fiat encerrava a produção do Fiat Prêmio em 1994 no Brasil, descontinuando a versão CS e oferecendo a versão CSL importada da Argentina, identificada como Duna 1.6 i.e, exclusivamente com motor 1.6 Sevel. Como Fiat Duna, hoje há registros de 751 unidades 1994 e outras 101 1995 emplacadas. 1995 foi ano em que o modelo saiu de linha no Brasil.

Duna, importado da Argentina, encerrou a vida do Premio por aqui em 1995 (Foto: Fiat/divulgação)

Atualmente, somando Fiat Prêmio e Duna, são 156.551 unidades rodando em terras tupiniquins (dados são da PUP Consultoria, especialista em análise de dados e business intelligence). A partir de 1997 a Fiat passou a importar o Siena da Argentina, que já era um derivado do Palio, mas esta já é outra história.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.