(Comparativo) Toyota Yaris Sedan CVT vs. Fiat Cronos CVT: qual o melhor sedan compacto automático?

No mundo dos sedans compactos, a concorrência já foi mais acirrada, porém segue boa, com uma turma “briguenta”, composta por franceses, coreanos, italianos, japoneses e afins. Falando nesses dois últimos, surge a dúvida: Fiat Cronos Precision e Toyota Yaris Sedan XS, ambos automáticos tipo CVT, com motores econômicos e pequenos de aspiração natural, bons equipamentos, conforto e espaço interno, qual é a melhor compra? Começando, vamos falar de preços: R$114 mil pelo Toyota e R$113 mil pelo Fiat, que, por essa etiqueta, já entrega o opcional único dos bancos em couro ecológico com detalhes marrons (um básico sai por 112 mil). Sem dúvidas, rivais diretíssimos.

Os dois têm origem distinta, mas da mesma época: entre 2017 e 2018. O Yaris nacional, feito em Sorocaba (SP), é uma variante para países emergentes, com muitos componentes emprestados de seu finado irmão mais barato Etios, diferente do carro vendido na Europa, por exemplo. Design nunca foi seu forte, ainda que seja até ousado para um Toyota, mas aposta na segurança e na confiabilidade que sua marca transpira. O argentino Fiat Cronos, sedan do Argo, é um projeto brasileiro e sempre foi considerado bonito pela maioria, até hoje. Baixo consumo de combustível e interior espaçoso, incluindo porta-malas, são suas virtudes.

O câmbio automático CVT está nos dois carros, e combina bem com a proposta de sedans automáticos menos caros. Aliás, Yaris Sedan e Cronos compartilham exatamente a mesma transmissão, fabricada pela Aisin, simulando sete velocidades. No Fiat ela é casada sempre com o motor 1.3 8v Firefly, simples e compacto, mas eficiente e com força prematura: os 13,7 mkgf de torque máximo (etanol) são progressivos, ou seja, apesar de o pico de força estar a mais de 4.200 rpm, é possível fazer o carro ganhar velocidade na metade dessa rotação. Isso significa que o motor acaba trabalhando mais suave e silencioso, acentuado pelo trabalho linear desse CVT. O motivo está numa simplicidade do projeto do Firefly: sua admissão de ar se torna mais fácil e rápida, afinal são apenas duas válvulas por cilindro, e não quatro, o que se traduz em torque abundante nas menores rotações.

Apesar de ter potência tímida, de não mais que 107 cv, o Cronos só vai se tornar lento quando carregado com pessoas mais bagagem. Não há milagres em um sedan de aspiração natural e com tal tipo de transmissão. Ao menos existem formas de deixá-lo um tanto mais esperto: o modo Sport de condução, que melhora as respostas do CVT e do acelerador, graças ao aumento de rotação do motor, é de série, assim como as trocas manuais das 7 pseudo-marchas (no modo manual, aliás, ele simula bem o trabalho de uma transmissão automática convencional, e é nele que surge um maior freio-motor nas desacelerações, que praticamente não existe quando o CVT está operando no modo normal e com trocas automáticas).

O Yaris Sedan, movido por um 1.5 16v (com quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas e variadores de fase para admissão e escape, tecnologias que não existem no 1.3 do Cronos), segue uma receita parecida, porém com números mais interessantes na ficha técnica: são praticamente 15 mkgf de torque quando ele bebe etanol, e cerca de 110 cv de potência máxima. As acelerações do Toyota exigem um pouquinho mais de paciência, apesar do seu peso menor e força extra: o motivo está na calibração do CVT7 nele, que tende a “escorregar” um pouco mais, e consequentemente operar de forma mais suave. Sem contar que, pelas quatro válvulas por cilindro, as respostas do 1.5 são mais vivas e nítidas nas maiores faixas de rotação (nesse caso, ele brilha de verdade entre 3 e 4 mil giros).

Também são de série no Toyota os recursos para driblar as limitações de força de seu pequeno motor aspirado, como o modo de condução mais esportivo e a opção da seleção manual das sete “velocidades” do CVT (paddle-shifts e na alavanca, igual ao sistema do Fiat). Embora gire mais, e consequentemente faça um pouco mais de barulho nas acelerações, é mérito do Yaris Sedan ter um melhor comportamento nas maiores velocidades, como em ultrapassagens na estrada, por exemplo. São quase 1,5 quilos de força a mais que no Cronos, e mais ou menos 30 kg a menos na balança, fazendo com que o sedan de origem japonesa desenvolva bem, principalmente no uso rodoviário.

Só que dá para ir mais longe com o Cronos sem parar nas viagens, por exemplo. Além do tanque maior do Fiat, com 47 litros (45 no Toyota), o 1.3 Firefly vence em matéria de consumo, e os motivos são justamente sua cilindrada menor e números mais tímidos de potência/torque. Com etanol, o Cronos Precision pode ir além dos 14 km/l de média rodoviária, enquanto o Yaris Sedan fica sempre entre 13 e 13,5 km/l (ainda ótimos, vale falar). Lembrando que só o Toyota conta também com um modo ECO de condução, retardando as respostas do motor e suavizando o funcionamento do câmbio, em prol de economia. Esse “plus” seria muito bem-vindo no Fiat, para usar nas situações de pouco peso a bordo e uso urbano, principalmente. Inclusive, na cidade, os dois se equivaleram com médias ao redor dos 10 km/l de etanol.

Ao volante, é nítida uma melhor ergonomia no Toyota, apesar das limitações típicas de projetos baratos em ambos os carros, como o volante sem ajuste de profundidade (só há o de altura). O Yaris Sedan traz bancos dianteiros grandes e largos, com espuma adequada, que lembram bastante os da antiga geração do Corolla (até 2019), um volante mais distante do painel, consequentemente próximo ao motorista, além da sensação de estar envolto pela cabine do carro. No Cronos, os bancos são menores, até para atiçar certa esportividade, e há uma posição de guiar um tanto alta e “livre”, com painel e laterais de porta em posição mais baixa, coisa que pode incomodar quem tiver maior estatura. A folga para os pés no Toyota também é maior, já que seu espaço da pedaleira supera o do Fiat.

Incomoda no Yaris Sedan o peso da sua direção elétrica, que mais parece hidráulica, fazendo um contraponto ao Cronos e sua levíssima assistência nas baixas velocidades. Nas maiores, lógico, ela endurece, por questões de segurança, e aí os sedans passam a ter semelhanças na precisão das respostas e agilidade aos menores comandos. Só que, para as manobras e balizas, é inegável: o Cronos cansa menos, permitindo que se vire o volante apenas com um dedo, de tão leve que é sua direção. Sem contar que, ainda no assunto de praticidade e facilidade a bordo, comandos de computador de bordo, multimídia, ar-condicionado, teclas de vidros elétricos e até os da alavanca de transmissão são muito mais diretos e descomplicados no Cronos, mostrando seu lado funcional bem aliado com a beleza interna.

Além dos freios similares, e de suspensões igualmente macias e confortáveis, mesmo que sem prejudicar a estabilidade, Yaris Sedan e Cronos são ótimos “hóspedes” para os passageiros e bagagens. Apesar do teto alto que lhes é comum, o Toyota oferece um vão levemente maior para as pernas de quem vai atrás (são 3 cm a mais na distância entre-eixos), sem contar que seu assoalho traseiro é totalmente plano, sem ressalto central como no Cronos. Bem mesmo, e sem apertos, vão até quatro adultos no interior de cada um, mas, por essas vantagens, um quinto ocupante tende a ficar melhor instalado no Toyota. Ele só não tem um porta-malas imbatível como o do Fiat, com 525 litros, nem um banco traseiro de espuma tão espessa e macia.

Nos itens de série, a coisa se complica para o valente e simpático Cronos: é que a Toyota não poupou esforços para equipar o Yaris Sedan com interessantes tecnologias de assistência a condução, como alerta de colisão frontal, frenagem autônoma emergencial e alerta de saída de faixa, todos de série na versão XS e inexistentes na lista de equipamentos do Fiat, que peca ainda por ter só os dois airbags frontais obrigatórios por lei, contra as sete bolsas do Yaris. O Fiat Precision, por ser topo de linha (a versão XS é intermediária do Yaris Sedan), tenta compensar com retrovisor interno fotocrômico, bancos em couro ecológico com dois tons, volante em couro (legítimo) e detalhes externos mais refinados, como maçanetas cromadas, frisos nos parachoques, rodas 16″ diamantadas e até úteis luzes de cortesia sob os retrovisores dianteiros, que tentam prevenir “incidentes” como pisar no cocô do cachorro na hora do embarque. Seu acabamento interno também ganha de lavada, seja pelos materiais ou montagem.

Ar-condicionado automático digital, volante multifuncional, multimídia completa (a do Cronos é bem mais rápida e intuitiva que a do Toyota), bancos em couro (mesclados com tecido no Yaris), chave presencial, partida do motor por botão, piloto automático, DRLs em LED, sistema de som com seis alto-falantes, painel de instrumentos com tela digital colorida, vidros/travas/retrovisores elétricos, rodas de liga-leve, ESP e Hill Holder são itens de série presentes nos dois sedans. Bem completinhos, por sinal.

Toyota e Fiat, cada um deles merece um pouquinho da sua atenção na hora de comprar um novo sedan compacto 0 km. Valem um test-drive, pelo menos. Para quem prefere uma dirigibilidade mais pacata, com o máximo de comodidade a bordo, e prezando pela segurança, o Yaris Sedan é a opção mais interessante. Na busca por economia de combustível e maior autonomia, porta-malas pra levar tudo e mais um pouco, requinte (dentro do possível) e um belo design, vai de Cronos. A briga é boa…

Fotos e ficha técnica Yaris Sedan:

Concepção de motor: 1.496 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), aspiração natural, injeção indireta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio

Transmissão: automática tipo CVT com simulação de 7 marchas e opção de trocas manuais pela alavanca ou paddle-shifts

Potência: 105/110 cv a 5.600 rpm (gasolina/etanol)

Torque: 14,3/14,9 mkgf a 4.000 rpm (gasolina/etanol)

Suspensão dianteira: independente, McPherson com barra estabilizadora

Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais

Direção: com assistência elétrica progressiva

Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira

Pneus e rodas: Dunlop Enasave EC300+ medidas 185/60 com rodas de liga-leve aro 15

Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,42 m/1,73/1,49 m/2,55 m

Porta-malas: 473 litros

Tanque de combustível: 45 litros

Peso em ordem de marcha: 1.130 kg

Aceleração 0 a 100 km/h: 12 segundos (aproximadamente)

Velocidade máxima: 185 km/h (aproximadamente)

Preço básico: R$113.790 (carro avaliado: R$115.420)

Fotos e ficha técnica Cronos:

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Concepção de motor: 1.332 cm³, flex, quatro cilindros, 8 válvulas (duas por cilindro), aspiração natural, injeção indireta de combustível, comando de válvulas único, variador de fase na admissão, bloco e cabeçote em alumínio

Transmissão: automática tipo CVT com simulação de sete marchas e opção de trocas manuais na alavanca ou paddle-shifts

Potência: 98/107 cv a 6.250 rpm (gasolina/etanol)

Torque: 13,2/13,7 mkgf a 4.250 rpm (gasolina/etanol)

Suspensão dianteira: independente, tipo McPherson, com barra estabilizadora

Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais

Direção: assistência elétrica progressiva

Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira

Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P1 medidas 195/55 com rodas de liga-leve aro 16

Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,36 m/1,72/1,51 m/2,52 m

Porta-malas: 525 litros

Tanque de combustível: 47 litros

Peso em ordem de marcha: 1.160 kg

Aceleração 0 a 100 km/h: 11,6/10,6 segs. (gasolina/etanol)

Velocidade máxima: 178 km/h/183 km/h (gasolina/etanol)

Preço básico: R$111.990 (carro avaliado: R$115.270)

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.