GM Kadett Turim: a série especial da copa do mundo de 1990

O Kadett era a sensação do ano em 1989, quando chegou às ruas nas versões SL, SL/E e GS. Era a sexta geração de um modelo produzido desde 1938 pela Opel, e que rodava no Brasil desde 1973 com o nome de Chevette, estratégia da GM para evitar a comparação com patentes do exército no regime militar e que acabou possibilitando a convivência das 2 gerações por pelo menos 4 anos.

Fazendo barulho em sua chegada em 1989, o Kadett era oferecido em três versões (Foto: Chevrolet/divulgação)

Com um coeficiente de penetração (Cx) de apenas 0,32, ante 0,34 do Uno CS a modo de comparação, o Kadett passava a ser o carro mais eficiente em aerodinâmica do Brasil, e logo viraria sonho de consumo da classe média.

Suas linhas modernas e soluções atuais foram alavancas para o sucesso nas vendas (Foto: Chevrolet/divulgação)

Suas linhas eram modernas, mesmo datadas de 1984, ano de lançamento daquela carroceria no exterior, e seu processo de construção trazia inovações vistas até hoje, como soldagem do monobloco feita por robôs ou mesmo vidros colados à carroceria. Foi um projeto que consumiu US$ 225 milhões, 900 mil horas de trabalho de engenheiros e técnicos brasileiros, além de 1.320.000 km rodados em testes de durabilidade. Isso talvez explique o porquê temos 378.786 unidades ainda em circulação em pleno 2023, passados 25 anos do fim de sua produção.

Em 1990, passados pouco mais de doze meses da sua estreia, acontecia a décima quarta edição da Copa do Mundo de Futebol, sediada na Itália, tendo partidas realizadas nas cidades de Milão, Roma, Nápoles, Turim, Bari, Verona, Florença, Cagliari, Bolonha, Údine, Palermo e Gênova.

O marketing da Chevrolet, assim como o das demais marcas, sabia que no Brasil, carro e futebol são grandes paixões nacionais. A Volkswagen fez várias edições do Gol Copa, e a Chevrolet não ficou atrás lançando sua série especial alusiva à então Copa do Mundo sediada na Itália: GM Kadett Turim, apresentado no dia 14 de maio de 1990, como linha 1991.

Baseado na versão SL/E, o Turim tinha mecânica padrão, e podia ser escolhido na configuração movida a etanol ou a gasolina. Seu motor era o mesmo 1.8 de 95 cv de potência a 5800 rpm com 14,9 kgfm de torque a 3000 rpm com gasolina (95 cv a 5600 e 15,1 kgfm a 3000 rpm com etanol). Era capaz de atingir os 168,5 km/h de máxima, levando 12,22s para acelerar de 0 a 100 km/h. Com gasolina, alimentado por um carburador de corpo duplo, fazia 9,35 km/l na cidade e bons 15,6 km/l na estrada, números respeitáveis para sua cilindrada. O câmbio era sempre manual de cinco marchas, acompanhado da direção sem assistência, em um carro de apenas 994 kg.

A série vinha em uma configuração exclusiva. As unidades produzidas tinham a cor metálica Prata Níquel com uma faixa cinza escura abaixo do friso da porta, acompanhando a linha de cintura dos para-choques, na mesma cor. Trazia também rodas de liga leve em aro 13, as mesmas da versão SL/E, porém diamantadas (polidas), e pneus 165SR13 Pirelli P4 ou Firestone F-560. Completando a aparência externa, tinha um aerofólio traseiro cinza, o mesmo encontrado na versão GS esportiva, e uma faixa adesiva com filetes em verde, vermelho branco, cores da bandeira italiana, acompanhando o vinco dos paralamas e dos vidros. A logotipia “KADETT TURIM” tinha o mesmo efeito, disposta abaixo do friso da porta, em adesivo.

Por dentro, o Kadett especial da Copa tinha como itens de série os bancos RECARO com ajuste de altura para motorista e passageiro, tecido com padronagem exclusiva, vidros verdes, vidros traseiros laterais basculantes, limpador e desembaçador do vidro traseiro, encosto do banco traseiro bipartido, retrovisores externos com comando interno manual, painel com conta-giros, relógio digital com iluminação verde e função cronômetro, ventilação forçada com 3 velocidades e parabrisas com acabamento degradê. Além desses itens, a lista de opcionais do Turim era composta por ar-quente com desembaçador dianteiro, alarme antifurto com sirene eletrônica e um rádio AM/FM acompanhado de quatro alto-falantes.

A série, que deveria durar alguns meses e ter 2 mil unidades produzidas, acabou se estendendo até o ano seguinte por conta de uma longa promoção, onde foram sorteadas 82 unidades do Kadett Turim no Bolão do Faustão, durante a cobertura da Copa pela Rede Globo. Existem registradas no DENATRAN atualmente 5.816 carros destes, sendo 5.621 produzidos em 1990 e apenas 195 em 1991. Achar um Turim em bom estado não é uma tarefa muito difícil, afinal, além de resistente, o Kadett sempre foi muito querido por seus proprietários, mas grande parte desses carros especiais da Copa de 1990 rodam por aí bastante descaracterizados.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.