(Avaliação) Fiat Cronos 1.0 não conquista só pelo preço

O Fiat Cronos não é novidade pra ninguém. Sedan do Argo desde o lançamento, no comecinho de 2018, ele só mudou alguns detalhes nesses cinco anos, porém consegue esconder bem a idade com soluções ainda modernas e design no melhor estilo europeu (por enquanto, atual). No mercado nacional ele nunca foi best-seller, enquanto na Argentina, seu país de origem, lidera as vendas há anos. Não é à toa, ainda mais depois da estreia do motor 1.0, que fez seu preço inicial baixar.

Se tem uma coisa que o Cronos não é, é novidade, mas mesmo assim é líder de vendas na Argentina, onde é fabricado (Foto: Lucca Mendonça)

Firefly e o Grand Siena

Ok, a demora da Fiat para oferecer nele o pequeno 999 cm³ Firefly tricilíndrico, de 71/75 cv de potência e 10,0/10,7 mkgf de torque (gasolina/etanol) tinha um motivo chamado Grand Siena, que ficou segurando as pontas como sedan mais barato até sair de linha, quando, aí sim, passou esse bastão ao Cronos. Mas, levando em conta que esse exato motor já estava pronto desde antes de o Cronos “nascer”, e sempre existiu no Argo, poderia ter chegado antes para a linha do sedan.

É fácil entender, e mais fácil ainda listar, os motivos que fazem do Cronos um carro melhor que o Grand Siena, mas esse “comparativo” fica pra outra hora. O que mais tem se falado sobre sedan do Argo ultimamente é o preço bem interessante para os padrões atuais: um 1.0 de entrada custa só R$72 mil, bem abaixo dos R$90 mil que a Chevrolet cobra por um Onix Plus 1.0 ou dos R$92 mil pedidos pela Hyundai no HB20S 1.0.

Preço atraente é um fato no Cronos 1.0, ainda mais com os incentivos do governo (Foto: Lucca Mendonça)

Mais em conta

Com folga de quase R$20 mil, é o nosso sedan mais barato, por isso não oferece nada que a lei não obrigue: só tem dois airbags, ABS, e se quiser ESP ou Hill Holder, são opcionais. Mancada, afinal com segurança não se brinca. Essa “pechincha” veio mesmo depois dos incentivos do governo para baratear os carros populares, medida que tem tempo limitado: foram R$6 mil de desconto oficial mais R$6,8 mil de desconto extra da Fiat. O preço normal é de mais de R$85 mil.

A Drive 1.0

Aproveitando enquanto é tempo, hora de dar uma olhada na versão Drive 1.0, a segunda mais em conta, de R$78 mil. De cara já é um carro mais caprichado, com retrovisores e maçanetas pintados, rodas com calotas aro 15 ao invés de 14, multimídia de 7” de série (a 1.0 nem rádio tem), sensores de estacionamento traseiros, assinatura em LED nos faróis, vidros elétricos nas quatro portas, mas ainda com ESP ou Hill Holder a parte por R$490. Passou da hora de tê-los de série…

Mancada é não ter ESP de série: ele fica exatamente no limite do que a lei obriga, e nada mais (Foto: Lucca Mendonça)

E para quem quiser um carro mais completo, outro pacote de opcionais inclui rodas de liga-leve aro 15, retrovisores com ajustes elétricos e câmera de ré, mas aí a conta já sobe muito, a ponto de colocá-lo em xeque frente a um Cronos Drive 1.3. Cá entre nós, já tendo multimídia completa, ar-condicionado, vidros elétricos com abertura/fechamento automáticos, travas elétricas, computador de bordo completo, volante multifuncional, direção elétrica, porta USB e luzes de leitura traseiras, esses itens opcionais são até supérfluos.

Bom Cronos, Bom Firefly

O papel de ser um popular de entrada, meio de transporte, o Cronos cumpre com maestria, fora bônus como o porta-malas gigante de 525 litros e comportamento correto ao volante. Seu motor 1.0 não é o ápice do desempenho, mas aliado ao curtíssimo câmbio manual de 5 marchas e com só duas válvulas por cilindro (uma simplicidade de projeto, vale falar), se move com bastante agilidade no uso urbano, mesmo com uma ou duas pessoas extras a bordo.

Nas curtas e médias rotações a força disponível é boa. Ajuda muito uma mexidinha que a Fiat deu nesse câmbio manual, alongando um pouco a 2ª e a 3ª marcha, e aproximando ainda mais as cinco velocidades (a relação final não mudou). Com o câmbio curto, e 4 mil rpm a 120 km/h, o Cronos pode perder velocidade nas subidas, porém continua perto ou até acima da sua faixa de torque máximo (3.250 giros). Só é preciso apelar para a 4ª na estrada em caso de ultrapassagens rápidas ou se levar fechada de alguém mais lento. Sair em 2ª é fácil.

Econômico e bem calibrado

Se souber trabalhar bem com as cinco marchas, é fácil fazer desse sedan 1.0 um carro ágil e, principalmente, econômico. Se não dá para ir tão longe com os 47 litros de capacidade do tanque de combustível, ele compensa rodando 14,5 km/l (ou até mais) na cidade, e passando dos 19 km/l na estrada, usando gasolina. A diferença de torque entre os dois combustíveis não é tão grande, então o fator de decisão sobre usar etanol ou gasolina é praticamente só o preço na bomba.

Consumo é extremamente baixo, como se espera de um 1.0 moderno (Foto: Lucca Mendonça)

O motorista tem ajuste de altura do banco, volante e cinto de segurança, mas quem for mais alto vai precisar guiar com os braços esticados: faz muita falta o ajuste de profundidade da direção para corrigir esse mal da plataforma MP1. Os bancos são confortáveis, mas seguram pouco o corpo, e aquele comportamento molenga e impreciso da alavanca do câmbio é padrão. Tem quem goste desse estilo de trambulador mais “flácido”, porém é fato que nas Toro e Jeep Renegade manuais, essa mesma caixa tinha engates e trocas melhores.

O Cronos continua agradando em suspensão, freios, direção e dinâmica de carroceria: equilibra conforto e estabilidade com competência, trabalha bem no nosso solo lunar e não costuma dar sustos aos motoristas apressadinhos, desde que não passem dos limites. Ainda é um sedan popular, não um Abarth esportivo. Comparando com os últimos Fiat 1.0 testados, esse sedan rodou mais silencioso, quer seja dos barulhos de motor e câmbio, ou então do mundo externo. Aparentemente a fabricante italiana deu uma caprichada nas mantas acústicas.

Conforto dos bancos é elogiável, mas a ergonomia nem tanto (Foto: Lucca Mendonça)

Os ocupantes traseiros, dois adultos com, no máximo, uma criança no meio, tem espaço generoso para as pernas e ombros (o arranjo interno dele e do Argo sempre foi exemplo, são só 2,52 m de entre-eixos). Difícil alguém com menos de 1,9 m se incomodar com a altura do teto, que no sedan é abaulado e só vai inclinar no vidro traseiro, então sem problemas nisso também. A versão Drive tem porta-revistas atrás do banco do passageiro, porta-copos traseiro, porta USB no console central e um banco traseiro mais anatômico que os dianteiros. Ótimo.

Resumo da ópera (italiana)

Quer seja na versão 1.0 básica ou nessa Drive 1.0, o Fiat Cronos continua com o fôlego de um jovem garoto, e deixa o peso da idade pra lá mostrando suas outras qualidades, como esperteza ao volante, economia, conforto, espaço, porta-malas e dinâmica. Não é só um preço interessante: ele vai além.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 999 cm³, flex, três cilindros, 6 válvulas (duas por cilindro), aspiração natural, injeção indireta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: manual de 5 marchas + ré
Potência: 71/75 cv a 6.000 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 10,0/10,7 mkgf a 3.250 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P1, medidas 185/60 e rodas de aço com calotas aro 15
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,36 m/1,73 m/1,50 m/2,52 m
Porta-malas: 525 litros
Tanque de combustível: 47 litros
Peso em ordem de marcha: 1.118 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 15,1 seg./13,9 seg. (gasolina/etanol)
Velocidade máxima: 162 km/h (etanol)
Preço básico: R$78.190 (carro avaliado: R$81.210)

Itens de série:

Central Multimídia UCONNECT de 7″ Touchscreen com Android Auto e Apple Car Play, Bluetooth, entradas USB (2) e Sistema de reconhecimento de voz, Porta USB no console central, LED Design nos faróis dianteiros, Luzes de leitura dianteira e traseira, Sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico, Vidros elétricos nas quatro portas com one touch e sensor antiesmagamento, Volante com comandos de rádio e telefone, Alarme antifurto, Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, Ar condicionado com filtro antipólen, Banco do motorista com regulagem de altura, Brake light, Chave canivete com telecomando para abertura das portas, vidros e porta-malas, Cintos de segurança dianteiros com regulagens de altura e pré-tensionadores, Cintos de segurança traseiros (laterais e central) retráteis de 3 pontos, Computador de Bordo, Desembaçador do vidro traseiro temporizado, Direção elétrica progressiva, Encostos de cabeça traseiros (laterais e central), ESS (Sinalização de frenagem de emergência), Follow me home, Gancho universal para fixação cadeira criança (Isofix), Airbag duplo (motorista e passageiro), Freios ABS com EBD, Iluminação do porta-malas e porta-luvas, TPMS (Monitoramento de pressão dos pneus), Maçanetas e retrovisores externos na cor do veículo, Sistema de som com 4 alto-falantes e 2 tweeters, Quadro de instrumentos com tela de 3,5″ multifuncional, Retrovisores externos com comando interno mecânico, Rodas de aço com calotas integrais aro 15, Travas elétricas, Volante com regulagem de altura

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.