VW Voyage 2018 com 455 mil km: um nobre guerreiro!

VW Voyage com 455 mil km - Foto: Leonardo França

O Voyage é guerreiro! A cultura do brasileiro é de carro com baixa km, com pouco uso, e de preferência atualizado. Brasileiro compra carro por status, e não pelo que ele oferece. Em países como Estados Unidos, Inglaterra, Portugal ou mesmo Argentina, é comum que um veículo tenha 300 ou 400 mil km com um único proprietário, pois eles entendem que esse é um bem durável, e não de investimento. 

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Carro é bem durável

Um bem durável é um produto físico que não se esgota rapidamente com o uso. Sua principal característica é a utilidade e a vida útil prolongada, geralmente superior a três anos. Serve a uma necessidade ou a um desejo, perde valor conforme o tempo passa e conta com o importante fator de obsolescência programada. Nesse lote entram carros, aparelhos eletrônicos, móveis, eletrodomésticos e por aí vai. Seu objetivo não é gerar renda, mas sim proporcionar conforto e praticidade. 

VW Voyage 1.6 Automático – Foto: VW/divulgação

Já um bem de investimento, ou ativo, é adquirido com o objetivo principal de gerar renda ou valorização de capital. Ele é comprado para “trabalhar para você”. Pode aumentar o patrimônio do proprietário e até valorizar com o tempo. Aqui já são exemplos ações comerciais, imóveis de aluguel, ouro, joias e afins. Um ativo coloca dinheiro no seu bolso.

E onde o carro se encaixa? Usando as definições acima, fica claro que um carro para uso pessoal é um bem de consumo durável, e não um bem de investimento. Ele se comporta como um passivo financeiro: gera despesas (manutenção, combustível, impostos), deprecia de 15 a 20% já na saída da concessionária, tira dinheiro do seu bolso, mas, em contrapartida, oferece conforto, praticidade e pode te levar pra onde quiser.  

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Com isso em mente, fica claro que um carro deve ser usado, como bem de consumo que é. Não vai valorizar, te dá despesas mesmo parado (manutenções ou estacionamento), e, se for colocado na rua, serve justamente ao seu propósito inicial: transportar pessoas do Ponto A ao Ponto B. E tem pessoas que entendem bem este conceito, caso da dona desse VW Voyage 2018 com atuais 455 mil km rodados. 

VW Voyage tem suas qualidades

VW Voyage 1.6 Automático – Foto: VW/divulgação

O Voyage sempre foi aquele sedan compacto que entregava um pouco mais do que o Gol. Espaço de porta-malas, conforto para a família e a mesma confiabilidade da linha popular da Volkswagen. Em 2018, o Voyage já carregava quase 40 anos de história, mantendo seu posto de carro simples, prático e barato de manter. Não era o mais moderno, nem o mais refinado, mas era um dos últimos representantes da velha escola de sedans nacionais: motor aspirado, câmbio manual e pronto para rodar milhares de quilômetros sem reclamar. 

Dentre estes pontos, a versão 1.6 8 válvulas era a mais procurada. Seu motor EA-111 fornecia 101/104 cv de potência com 15,4/15,6 mkgf de torque (gasolina/etanol), acoplado a uma confiável transmissão manual de 5 velocidades. Era robusto, entregava boa potência e, associado a um câmbio longo, entregava boas médias de consumo. De acordo com a fabricante, seu consumo era de 7,5 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada com etanol, ou então 11,1 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada com gasolina. 

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Queridinho dos veículos usados, não esquenta pátio: tem venda garantida e baixa desvalorização. Na versão básica oferecia o pacote dignidade, com ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, airbags frontais, freios ABS e desembaçador traseiro, com rodas de aço aro 14, calotas plásticas e pneus de perfil 185/65. 

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Ao volante, o Voyage 1.6 2018 entrega exatamente o que se espera de um sedan popular com motor aspirado, levando a preferência na escolha de muitos taxistas, motoristas de aplicativos, frotistas em geral e pais de família. O motor MSI, aliado ao câmbio manual, dá agilidade no uso urbano e até surpreende nas estradas, onde o torque em médias rotações ajuda nas ultrapassagens. O carro é leve, tem boa estabilidade em curvas, mas sofre com um pobre isolamento acústico (o motor grita mais alto quando exigido). É honesto.  

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

455 mil km e muita saúde

Sabendo cuidar, esse motor dura muito. Esta unidade avaliada é um veículo que roda diariamente (e muito) na grande Florianópolis/SC, e seu uso é similar ao de rodovia. Tem manutenção básica feita periodicamente, como conferência de óleo, líquido de arrefecimento, entre outros. Demonstrou robustez ao exigir troca do conjunto de embreagem pela primeira vez com 405 mil km, quilometragem muito acima da média. Isso se deve ao uso em estradas e perfil de utilização da proprietária. Sim, é de uma mulher! 

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Discos e pastilhas também duram muito, com trocas a cada 100 mil km. O detalhe mais curioso é que o motor nunca foi aberto, e mesmo assim funciona sem barulhos de rajada ou mesmo de tuchos descarregados. Vale citar que esse Voyage roda com GNV desde novo.  

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Olhar odômetro não garante compra de um carro em bom estado. O motor MSI 1.6 é “pau para toda obra”. Confiável, fácil de consertar e presente em diversos modelos da Volkswagen. A manutenção preventiva é barata e não exige nada além do básico: óleo correto, revisões regulares e cuidados simples. É o tipo de carro que, bem cuidado, ultrapassa 600 mil km sem grandes problemas. 

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Problemas do Voyage com 455 mil km 

Pequenos ruídos internos, desgaste de suspensão em pisos ruins, espuma do banco do motorista que se desgasta com certa facilidade, bucha da barra estabilizadora que começa a ranger a cada 3 anos e o famoso consumo levemente elevado em etanol. Nada que comprometa a confiabilidade geral, mas pontos que se repetem entre donos, independente da quilometragem. 

VW Voyage com 455 mil km – Foto: Leonardo França

Carro tem que servir ao dono, e não o contrário. E quando ele deixar de te atender, seja por falta de equipamentos, espaço interno, visual desatualizado ou mesmo falta de peças de reposição, escolha um modelo que vá te atender por um bom tempo. Afinal, é para usar! 

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.