VW Gol Star: a série especial em duas fornadas do carro mais vendido do Brasil

Foto de capa: acervo pessoal/Leonardo França

O Volkswagen Gol rende sempre muita pauta. Pudera, hoje ostenta o título de veículo mais vendido da história do Brasil, com uma marca difícil de ser alcançada por outro carro. Ele é fabricado há 42 anos e está na sua terceira geração. Tem fama de robustez e baixa desvalorização, além de cativar o mercado e angariar fãs, mesmo que nunca tenha sido um carro barato.

Gol é, disparado, o carro mais vendido da história do Brasil, e por essas e outras rende tantas pautas (Foto: VW/divulgação)

Ao todo, foram fabricados pouco mais de 8,5 milhões de unidades do Gol, um número bastante expressivo. Para se ter ideia, o segundo carro mais vendido do país é o Fiat Uno, com 3,2 milhões de unidades, e o terceiro, o saudoso VW Fusca, que vendeu 3 milhões de unidades. A marca do hatch popular é ainda mais expressiva quando comparamos com o VW Kombi, carro que ficou em produção por 56 anos ininterruptos (um recorde até hoje imbatível no Brasil), e vendeu 1,5 milhões de unidades.

Um Gol L em julho de 1980 custava Cr$ 278.762,00, equivalente hoje a R$ 60.643,16, corrigidos pelo índice IPCA/IBGE. Hoje, um Gol 1.0 12v, a única versão disponível à venda e que não carrega nome ou sigla, é ofertada a R$ 74.150,00.

Hoje, em sua versão mais básica, oferece freios ABS com EBD, alerta de frenagem de emergência, 2 airbags (passageiro e motorista), 3 apoios de cabeça no banco traseiro com ajuste de altura, 4 portas, Alerta de não utilização do cinto de segurança do motorista, Antena no teto, Ar-condicionado, banco do motorista com ajuste de altura, Desembaçador do vidro traseiro, Direção hidráulica, Lavador e limpador do vidro traseiro, limpador do para-brisa com temporizador, Luz de freio elevada (brake light), Painel de instrumentos com conta-giros, velocímetro e marcador do nível de combustível, Para-sol com espelho para passageiro, travamento elétrico das portas sem controle remoto e vidros dianteiros elétricos.

Sim, ele evoluiu, mas não muito, pois alguns de seus concorrentes oferecem mais, e em alguns casos, cobrando menos.

A série especial Copa, de 1982, foi a primeira e trazia motor 1.6 (Foto: VW/divulgação)

Reforçando sua fama ante seus fãs, muitas versões e edições especiais foram lançadas nesses mais de 40 anos: Copa 1982, Plus 1986, Star 1989, Copa 1994, Rolling Stones 1995, Atlanta 1996, Star 1997/1998, Série Ouro 2000, Do Mês 2000, Fun 2001, Power 2001, Trend 2001, Highway 2001, Sport 2002, Highway 2003, Rallye 2004, Copa 2006, Rallye 2007, Seleção 2010, Vintage 2011, 25 Anos 2012, Black 2012, Seleção 2014, Fun 2015 e Rock in Rio 2015. Hoje vou falar de uma delas: o Gol Star.

Dentre tantas, vamos falar da Star (Foto: reprodução/propagandasdecarros.com.br)

Lançada em 1989, ainda na primeira geração, e com uma tiragem de 6.000 exemplares, ela chegou ao mercado com motor 1.8 a etanol de 99 cv de potência a 5400 rpm e 16,5 mkgf de torque a 3200 rpm, capaz de levar a estrela quadradinha de 0 a 100 km/h em 11,41 seg. e atingir 164,6 km/h de velocidade máxima. Números respeitáveis no seu tempo.

Usando o Gol GL como base, trazia faróis maiores (os mesmos do Voyage/Parati/Gol GTS e GTi), grade e retrovisores pintados na cor da carroceria, lanternas traseiras fumê (as mesmas do GTi), saída de escapamento dupla (a mesma do GTS/GTi), supercalotas pintadas em branco, filetes brancos nos para-choques, logotipia específica “Star 1.8” nos paralamas dianteiros e tampa do porta-malas, além do novo emblema “VW” na traseira, que só seria usado por toda a linha a partir de 1991.

Na traseira estavam as lanternas do esportivo GTi, escapamento com saída dupla e o emblema VW que só seria adotado oficialmente em 1991 (Foto: reprodução/Picelli Leilões)

No interior, padronagem exclusiva dos bancos com o nome da versão bordada nos encostos dianteiros, velocímetro com conta-giros marcando até 220 km/h, além do volante de 2 raios espumado, o mesmo utilizado pelo modelo GL. Trazia também regulagem interna e manual dos retrovisores, vidros verdes, limpador e desembaçador do vidro traseiro e relógio digital no painel.

Vale ressaltar que, nessa época, o Gol GL ainda tinha painel simples, sem os comandos satélite já utilizados pelo Voyage e Parati GL desde 1988. Ele só foi receber essa modificação na linha 1991.

Com um ronco vigoroso e preço menor que o do esportivo Gol GTS, era uma excelente opção para quem queria o motor 1.8, e ao mesmo tempo um carro exclusivo. O Gol Star foi, àquela época, o primeiro Gol não-esportivo com motor 1.8, que só chegaria no GL em 1990.

Logo o modelo começou a ser disputado entre o mercado de usados, e achar um conservado nunca foi difícil, afinal, seu design e detalhes sempre foram admirados pelos fãs. Muitos o incrementavam com as rodas aro 14 e pneus 185/60 do Gol GTS/GTi do mesmo ano, popularmente chamadas de rodas Pingo D’agua, que deixavam o carro ainda mais bonito.

O carro originalmente já era bonito, e ainda ganhava melhorias dos seus proprietários na época (Foto: VW/divulgação)

A segunda geração do Gol foi lançada em 1994, quando foi apresentada a linha 1995. Com a nova plataforma AB-9 e motor ainda disposto na posição longitudinal, tinha mais espaço interno, maior rigidez torcional além de maior conforto, principalmente para os passageiros do banco traseiro. Logo em 1995 foi lançada a primeira versão especial da nova geração, o Gol Rolling Stones, e em 1996 o Gol Atlanta, em comemoração as Olimpíadas do mesmo ano.

O Gol Rolling Stones brasileiro era de segunda geração, a “bolinha” (Foto: VW/divulgação)

Em 1997, a alta demanda por carros 1.0 fez com que a VW dividisse sua produção entre as duas plantas do Brasil e uma da Argentina, sendo que as nacionais produziam as versões 1.0 8v, 1.0 16v, além das esportivas TSi, GTi 8v e GTi 16v. Os modelos dotados do motor 1.6 e 1.8 tinham sua maioria vinda da fábrica argentina, que produzia as versões CL Mi e GL Mi. No mesmo ano, quando foram emplacados mais VW Gol no Brasil (361.402 unidades, sendo 251.615 delas com motor 1.0), a Volkswagen lançou a segunda edição do Gol Star, que também vinha da Argentina.

A segunda safra de Gol Star vinha no final de 1997 (Foto: Acervo pessoal/Leonardo França)

Foram 6.900 unidades trazidas entre Dezembro de 1997 e Fevereiro de 1998, todas com motor 1.6 a gasolina e injeção multiponto, fornecendo 88,5 cv de potência a 5.500 rpm e 13,2 kgfm de torque a 3.250 rpm, capaz de levá-lo de 0 a 100km/h em 13,27 seg. e atingir 169,5 km/h de velocidade máxima. Mesmo sendo menos potente e mais lento nas acelerações do que a versão de 1989, o modelo tinha melhor coeficiente aerodinâmico, justificando assim sua velocidade máxima maior.

Foram importadas 6.900 unidades, todas 1.6 (Foto: VW/divulgação)

Trazia como itens de série para-choques na cor do veículo, vidros verdes, para-brisas degradê, faróis de duplo defletores (os mesmos do GTi), rodas de liga leve aro 14 com pneus 185-60, antena no teto, limpador e desembaçador do vidro traseiro, volante espumado de 4 raios, padronagem dos bancos exclusiva, além de opcionais como vidros elétricos, travas elétricas, direção hidráulica e ar-condicionado. O grafismo do velocímetro também era exclusivo.

Sua carroceria podia ser pintada de branco, prata, vermelho, verde, azul e cinza. Já no ano seguinte, 1998, uma pequena tiragem chegava com nova padronagem dos bancos, em veludo, mas com os mesmos itens de série e opcionais.

 

Bem gostoso de dirigir e econômico, este modelo tem alta valorização no mercado, e seus preços variam entre R$ 15.000,00 e R$ 30.000,00, dependendo do estado de conservação, quilometragem e da quantidade de opcionais. Dentre as várias edições especiais do Gol, essa Star foi, para muitos, a de maior brilho do carro mais vendido do Brasil.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.