VW Gol 1.6 AT6 x Ka 1.5 AT6: O duelo dos pequenos automáticos

Não tem jeito, mesmo que os puristas não queiram, o câmbio automático está cada vez mais comum: antes exclusividade de carrões grandes e chiques, hoje em dia eles estão presentes em todos os segmentos e preços, inclusive nos hatches compactos. Volkswagen Gol e Ford Ka entraram recentemente nessa onda (os dois tiveram suas versões sem embreagem lançadas em 2018), e hoje custam praticamente o mesmo preço: R$57.890 no Ka SE 1.5 AT e R$58.120 pelo Gol 1.6 16v Automatic.

Foto: Lucca Mendonça
Foto: Lucca Mendonça

Nos carros das fotos, enquanto o Gol está equipado com todos os seus pacotes de opcionais (Urban e Interatividade Composition Touch, o que faz seu preço subir para ainda mais salgados R$63.370), o Ka é uma série especial que comemora o centenário da Ford no Brasil (limitada em 1.000 unidades e que custa R$66 mil). Basicamente, a única diferença entre eles e os carros citados aqui no comparativo é a lista de equipamentos (e, obviamente, preço) maior.

Falando um pouco de passado, essa quinta geração do Gol foi apresentada em junho de 2008 (chamada popularmente de G5) e já passou por três reestilizações: 2012 (chegando como a sexta geração), 2016 (lançada como sétima geração) e 2018. Mesmo sofrendo diversas mudanças, uma coisa não dá pra esconder: o Gol é um dos carros de projeto mais antigo em produção no Brasil, completando 11 anos de lançamento em 2019. O Ka é mais novo: essa terceira geração é um projeto global desenvolvido em terras tupiniquins, chegou por aqui em julho de 2014 e foi remodelado exatamente quatro anos depois (em julho de 2018), ganhando nova mecânica e várias melhorias (inclusive o câmbio automático).

Foto: Lucca Mendonça
Foto: Lucca Mendonça

Começando pela mecânica, os dois são bem servidos: enquanto o VW é equipado com motor 1.6 16v MSI que desenvolve 110/120 cv e 15,8/16,8 mkgf de torque (gasolina/etanol), o Ford contra-ataca com o moderno 1.5 12v Dragon tricilíndrico de 128/136 cv e 15,6/16,1 mkgf de torque (g/e). A transmissão automática é de 6 velocidades nos dois. No duelo, enquanto o Gol se destaca pelo desempenho mais ágil por conta do maior torque em um regime de rotação menor (4.000 rpm, contra 4.750 no Ford), o Ka vence no consumo (dados do Inmetro), conseguindo 7,8/11,0 km/l na cidade e 10,1/14,2 km/l na estrada com etanol/gasolina (o Gol fez 7,7/11,1 na cidade e 9,6/13,6 na estrada, também com etanol/gasolina, respectivamente).

O projeto mais novo do Ka é notado na hora da condução: além da direção elétrica, mais leve e precisa do que a obsoleta assistência hidráulica do Gol, a dirigibilidade é mais bem acertada (posição de dirigir melhor, freios mais eficientes, mais silêncio e suavidade ao rodar, todas características de um carro mais moderno). Ponto para o Ford também no conforto: enquanto o Gol tem um acerto de suspensão mais duro, o Ka possui um conjunto com melhor calibração: macio ao passar por buracos e irregularidades, mas sem muita “moleza” a ponto de prejudicar a estabilidade.

Foto: Lucca Mendonça
Foto: Lucca Mendonça

No quesito porta-malas, veterano Gol leva bastante vantagem: 285 litros, 28 a mais que o Ka, que acomoda até 257 litros de capacidade. Mas a história muda e o Ford sai ganhando quando o assunto é espaço interno: além o entre-eixos 2 cm maior que o VW (2,49 contra 2,47 m), ele é mais alto (1,52 contra 1,47 m) e mais largo (1,69 contra 1,65 m). O que também atrapalha no Gol é o seu painel maior e pouco recuado, o que obriga o passageiro dianteiro a apertar os joelhos contra ele caso alguém sente atrás, coisa que não acontece no Ka.

No acabamento, eles se igualam: plástico duro em excesso no painel e nos acabamentos das portas (nesse caso principalmente no Ford, que possui só uma pequena parte em tecido nas portas dianteiras), mas com encaixes e arremates bem feitos, levando em conta a categoria da dupla (hatches compactos). O Gol comete algumas faltas graves, como os trilhos dos bancos totalmente a mostra e a ausência de acabamentos plásticos nas laterais dos bancos dianteiros (que escondem as estruturas de fixação).

O 1.6 16V MSI do Gol (foto: Lucca Mendonça)
O 1.5 12v Dragon do Ka (foto: Lucca Mendonça)

Nos equipamentos de série, o Gol oferece bem pouco, principalmente considerando seu preço que beira os R$60 mil: ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, direção hidráulica, rodas de aço com calotas 15” e vidro traseiro com limpador e desembaçador. O Ford, além dos itens do VW, sai ganhando por ainda oferecer piloto automático, rádio AM/FM com conexão Bluetooth, computador de bordo, porta-malas com abertura elétrica, Isofix, cinto de 3 pontos traseiro central e coluna de direção ajustável (altura). Aqui, ponto positivo para o Ka, sem chance de discussão.

Foto: Lucca Mendonça

A briga é boa e cada um tem suas vantagens e desvantagens, mas se olharmos pela boa e velha relação custo X benefício, o Ka leva a melhor nesse comparativo: mais equipamentos, motor com mais cavalos (embora o Gol tenha mais torque), projeto mais moderno e dirigibilidade mais bem acertada, tudo isso ainda custando R$230 a menos que o VW. Fora essa dupla, não podemos deixar de falar do Toyota Etios X AT, que leva o troféu de automático mais barato do país (sem contar os automatizados como I-Motion da VW e GSR da Fiat), e que sai por R$56.390. Agora, a opção pela maturidade do Gol, modernidade do Ka ou confiabilidade do Etios vai do gosto do freguês, só escolher.

Foto: Lucca Mendonça
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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.