Test-drive: BYD Song Pro ataca com conforto e espaço interno
Já que o BYD Song Plus já andava caro para os padrões de Toyota Corolla Cross ou GWM Haval H6 HEV, restou à BYD trazer ao Brasil o Song Pro, seu irmão menor, que mantém a tecnologia híbrida plug-in na motorização. O novo SUV PHEV, de porte similar ao de um Chevrolet Equinox, estreou em duas versões com preços promocionais mais baixos que os da concorrência: GL, de R$190 mil, e GS, de R$200 mil. Hoje, um Corolla Cross Hybrid não sai por menos de R$203 mil, enquanto o GWM começa nos R$213 mil, e nenhum dos dois é plug-in.
As duas versões do Song Pro trazem o mesmo trem de força (motor 1.5 16v aspirado a gasolina, mais um motor elétrico dianteiro, além das baterias), mas há algumas diferenças entre elas: a potência combinada, aquela somando gasolina mais eletricidade, é de 223 cv na GL e 235 cv na GS, enquanto a versão de entrada tem baterias de cerca de 13 kWh de capacidade (alcance elétrico de 71 km, ciclo NEDC) e a mais cara traz 18,3 kWh (mesmo ciclo). A transmissão é sempre uma contínua dedicada aos híbridos, que se assemelha a um CVT.
Num rápido test-drive pela região do estádio Allianz Parque, na capital paulista, a bordo da versão GS mais cara, algumas características do carro ficaram evidentes. Com design de carroceria que chama a atenção pelas ruas, talvez pela novidade, o mais novo lançamento da BYD já traz as qualidades conhecidas dos carros da marca: cabine “clean” com excelente nível de acabamento, a tradicional tela rotativa de 12,8” como multimídia (cheia de funções bacanas e rápida na operação), painel de instrumentos digital (de tamanho ideal e com as informações fáceis), além dos tradicionais bancos inteiriços, que acomodam bem o corpo, mesmo de quem é mais alto.
Na versão GS o motorista já conta com ajustes elétricos de assento e encosto, enquanto o volante traz de série regulagens de altura e profundidade, o que ajuda a encontrar a boa posição de guiar. Ainda assim, quem tiver maior estatura pode precisar manter os braços mais esticados do que o esperado, afinal o curso do ajuste de profundidade da coluna de direção é um tanto limitado, provavelmente idealizado para chineses de não muito mais que 1,70 m de altura. Ainda assim, a ergonomia agrada.
O espaço interno é ponto forte. O assoalho do carro inteiro é plano, e há apenas um leve “degrau” das caixas de ar, facilitando bastante o entra e sai e a movimentação interna. No banco traseiro é possível acomodar muito bem dois adultos e uma criança no meio, mas há um ressalto no assento/encosto central. Com 1,87 m de altura, consegui me sentar no banco traseiro mantendo a cabeça longe do teto e o joelho distante do banco da frente, que estava ajustado para a minha posição de dirigir. O porta-malas é bastante longo e largo, chegando a bons 520 litros, e as duas versões trazem de série a tampa elétrica.
Apesar do curto trajeto do test-drive, ficou nítida a calibração confortável da direção elétrica e das suspensões, ainda que essa não seja uma má notícia para a dinâmica do carro: os BYD costumam ser macios sem que isso deixe a condução instável. A aceleração, mesmo no modo ECO de condução, é quase imediata como a de um modelo 100% elétrico, e o carro desenvolve com maestria nas baixas e médias velocidades, graças ao abundante torque de 43 mkgf. Na versão GS, o 0 a 100 km/h é cumprido em menos de 8 segundos. O 1.5 16v permaneceu desligado o tempo todo, já que havia carga suficiente nas baterias, o que permitiu um rodar muito silencioso e quieto.
Faz falta, especialmente nesse carro mais caro, um teto-solar panorâmico, item bastante comum nos SUVs médios, mas o recheio de série é amplo, incluindo rodas de liga-leve aro 18, conjunto óptico inteiro em LED, bancos em couro sintético, ar-condicionado digital automático dual zone, carregador de celular sem fio, internet 4G a bordo, multimídia com apps nativos (Spotify, por exemplo), GPS online integrado (similar ao Waze), saídas de ventilação traseiras e por aí vai.
Uma função interessante do painel de instrumentos digital é mostrar, de forma clara e separada, a quantidade de gasolina do tanque e quanto as baterias têm de carga, informando ainda os dois alcances (elétrico e misto). Também há dois computadores de bordo: um para o modo elétrico e outro para o misto, que tem trips próprias e trabalham ao mesmo tempo. Outra tecnologia é a V2L, que transforma o carro em gerador, fornecendo energia elétrica para aparelhos elétricos e dispositivos eletrônicos através de um cabo. O tal cabo é acessório, mas sai de graça para os primeiros 3.000 compradores do Song Pro. São eles que pagam o preço promocional do lançamento, também.