Stepway CVT: Agora melhorado, será que ele virou um SUV mesmo?

Convenhamos que considerar o Kwid um SUV é um exagero e tanto: com apenas 3,67 m de comprimento, ele é basicamente um hatch subcompacto de entrada. Mas, e o Stepway? Ele foi lançado em setembro de 2008 e era basicamente uma versão aventureira do Sandero que veio pra brigar com o VW CrossFox. Mas, com o tempo, o modelo foi discretamente se distanciando do seu hatch de origem, e por fim, nessa última reestilização da linha, a Renault aproveitou para colocá-lo definitivamente como um SUV. Agora ele se chama apenas Stepway, não leva mais Sandero no nome e tem sua própria linha (as três configurações Zen, Intense e Iconic).

O carro avaliado, da versão Iconic, custa R$73.090 e é equipado com o mesmo powetrain dos irmãos maiores Captur e Duster (esses sim SUV): motor 1.6 16V de 115/118 cv e 16,0 mkgf de torque (gasolina/etanol), aliado a um câmbio CVT que simula 6 marchas. Na prática, pesando cerca de 1.150 kg, ele sofre um pouco pela demora no surgimento do torque total (que só vem a cerca de 4.000 rpm), além do característico funcionamento pacato do câmbio CVT. Para uma aceleração mais forte ou ultrapassagem, o melhor é usar o modo manual da transmissão, onde as 6 marchas virtuais podem ser trocadas na alavanca.

Apesar de não brilhar no desempenho, essa mecânica mostrou médias de consumo satisfatórias: na rodovia, rodando de forma suave a cerca de 100 km/h e abastecido com etanol, os números oscilaram entre 11 e 11,5 km/l. Um dos argumentos de venda do Stepway como SUV é a altura do solo: ótimos 18,5 cm, o que acaba ajudando na hora de passar por vias mais esburacadas, valetas, lombadas, entre outros. Na condução, enquanto freio tem ajuste regular e a direção com assistência eletro-hidráulica é mais pesada do que deveria, o ponto positivo vai para a boa calibragem do sistema de suspensões: não tão mole para não prejudicar a estabilidade, nem tão dura a ponto de ser desconfortável.

Apesar da nova identidade, o Stepway ainda é um Sandero quando o assunto é tamanho, e isso quer dizer que seu espaço interno é positivo assim como no hatch: os 2,59 m de entre-eixos são ótimos, livrando os passageiros dianteiros e traseiros de aperto. Além disso, sua carroceria é alta por dentro, ideal para pessoas de maior estatura. Destaque também para o porta-malas de 320 litros de capacidade.

Essa versão Iconic é bastante recheada: ar-condicionado automático, direção eletro-hidráulica, conjunto elétrico (vidros, travas e retrovisores), computador de bordo, sensores de chuva e crepuscular, comando de som no volante, luzes diurnas de LED, sensor de estacionamento traseiro, 4 airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, Isofix, piloto automático, multimídia de 7” com conexões Android Auto/Apple CarPlay e câmera de ré, rodas de liga-leve diamantadas aro 16, entre outros.

No interior, mesmo tendo ganhado melhorias como apliques emborrachados nas portas, o acabamento do Stepway continua pobre, com excesso de plástico duro e até alguns deslizes como parafusos a mostra, falta grave em um carro de quase R$75 mil. Mas agora voltemos a pergunta inicial: será que ele convence o consumidor de que é um SUV? Durante a semana que o Renault foi avaliado, três pessoas que não conhecem carros profundamente (o que representa a maioria do público consumidor) e que ainda não haviam visto o modelo, se referiram a ele como um “mini-SUV” ou “SUVzinho”, sinal que o objetivo da Renault de transformar seu hatch aventureiro em “utilitário” possivelmente foi alcançado.

Agora, dando aqui minha opinião totalmente pessoal, o carro mudou e evoluiu bastante, mas chamá-lo de crossover já estaria de bom tamanho. O termo SUV no Stepway caiu muito bem para o marketing, disso não temos dúvida, mas categorizá-lo como tal é um pouco presunçoso por parte da Renault. Como um bom aventureiro urbano, ele se sai bem.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.