Renault Captur CVT: Vale o que custa?
Lançado no início de 2017, o Renault Captur brasileiro não seguiu à risca o conceito do seu projeto original francês: Apesar de conceitualmente a proposta ser a mesma, o modelo nacional difere esteticamente do seu irmão europeu por ser quase 21 cm mais longo (o que permitiu o aumento do porta-malas de 377 para 437 litros), ter posição de dirigir 10 cm mais alta e a distância entre-eixos de 2,67 m (7 cm a mais que europeu). Isso é resultado do uso da plataforma do Duster no modelo nacional (Na Europa, a plataforma utilizada nele é a do Clio de 4ª geração). Mas isso não é totalmente positivo, pois ele utiliza também a mesma mecânica do irmão mais velho: A versão topo de linha do Captur ainda utiliza os jurássicos motor 2.0 16v (que desenvolve 148 cv e 20,9 mkgf de torque) e câmbio automático de apenas quatro marchas. Com essa mecânica, o Captur não é uma boa compra, já que sofre pelo elevado consumo de combustível.
A versão que avaliei, chamada de Intense 1.6 CVT X-Tronic, não sofre desse mal da mecânica obsoleta: Tanto o motor 1.6 SCe quanto o câmbio CVT são modernos, priorizando consumo e melhor dirigibilidade. De série, essa versão oferece ar-condicionado automático, direção eletro-hidráulica, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos e rebatíveis, chave presencial, câmera de ré, piloto automático, luz diúrna de LED com função cornering light, sensores de chuva e crepuscular, os importantes controles de tração e estabilidade, quatro airbags e sistema Isofix (esses três últimos itens estão presentes desde a versão de entrada Zen). A crítica fica pelo acabamento bastante simples, com abuso de plástico duro (Até a alavanca do freio de mão tem acabamento totalmente em plástico), além de arremates com algumas imperfeições. Outro ponto negativo é a utilização do obsoleto freio a tambor nas rodas traseiras: Os discos traseiros deixariam o sistema mais leve e eficiente, principalmente em um carro desse porte e preço.
E por falar em preço, o Captur CVT não tem um valor dos mais atraentes nessa versão: R$91.090. Aliás, é bem semelhante ao de seus concorrentes (Creta Pulse Plus 1.6 AT6 por R$92.990, VW T-Cross 200 TSI AT6 por R$94.490, Kicks SV CVT por R$91.390, entre outros). Nessa versão, como opcionais, estão os bancos em couro e a pintura em dois tons, ambos presentes no carro que testei. O câmbio CVT, em conjunto com o bom e moderno motor 1.6 de 120/118cv (etanol/gasolina), dão ao Captur um desempenho satisfatório: Aceleração de 0 a 100 km/h ao redor dos 13 segundos e velocidade máxima na casa dos 170km/h. Segundo o Inmetro, os números de consumo no trecho urbano são de 7,3 km/l (etanol)/10,5 km/l (gasolina). No trecho rodoviário, os números são de 8,1 km/l (etanol)/11,7 km/l (gasolina). Resultados positivos para seu porte.
Em que pese a força dos concorrentes e seus pontos negativos, gostei do Captur. Nessa versão, com a pintura em duas cores, o carro ficou bonito e atraente. Destaque para os bancos, bem amplos e que acomodam bem o corpo. Outro ponto que chamou minha atenção foi o silêncio ao rodar: Em longas viagens, isso é um ponto bastante elogiável. No todo, o carro agradou bastante. Se eu o compraria? Precisaria olhar com mais cuidado seus concorrentes, mas certamente o Captur estaria na minha lista de escolhas.