Proconve L8 exige novas tecnologias antipoluição e até 40% menos monóxido de carbono

Desde o dia 1 de janeiro, já está valendo a fase 8 do PROCONVE, Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores. Ela será dividida em três etapas: a primeira é essa que entrou em vigor, seguida por uma próxima em janeiro de 2027 e outra em janeiro de 2029. Suas normas são baseadas na Resolução 492 do CONAMA, de 2018, que também já previa a fase anterior, chamada de PROCONVE L7. 

Foto: Gandini Centro Tecnológico/divulgação

A meta básica é reduzir as emissões de gases poluentes provindos dos automóveis, em um movimento que tem como ápice a total eletrificação da frota. A nova fase atinge todos os veículos comercializados no Brasil a partir do primeiro dia do ano, mas há algumas ressalvas: unidades que não atendam ao PL8 produzidas até o dia 31 de dezembro de 2024, em solo nacional ou não, poderão ser vendidas até 31 de março de 2025. Ou seja, a partir daí, todos os automóveis e veículos comerciais vendidos como 0 km deverão estar de acordo com a nova fase do programa.  

Por conta das novas regras, alguns modelos tiveram que sair de linha, já que traziam motorizações e tecnologias que não estavam de acordo com o Programa. O Citroën C4 Cactus, juntamente com seus motores 1.6 16v EC5 e 1.6 THP, são exemplos. Algumas marcas também tiveram que mexer em seus powertrains para não tirar nada de linha: a Jeep, por exemplo, modificou o motor 1.3 turboflex (T270) que equipa Renegade, Compass e Commander. Agora, ao invés dos 185 cv de potência com etanol de antes, ele é anunciado com 176 cv. A fabricante ainda não divulgou oficialmente as modificações, nem a potência atual com gasolina.  

Mas, o que muda? De início, os limites de emissão de gases poluentes estão menores: falando de gases orgânicos e óxidos de nitrogênio, desde 2022 eram até 80 mg/km rodado nos carros de passeio, número que cai para 50 mg/km rodado agora em 2025. Para os veículos comerciais flex ou a gasolina, continua o teto de 140 mg/km rodado, enquanto veículos utilitários a diesel (vans, caminhões, ônibus e afins) não podem emitir mais que 320 mg/km. As emissões de monóxido de carbono (CO) tiveram o limite reduzido em cerca de 40%, também.

Não para por aí. Essa primeira etapa da fase 8 do Proconve também estipula a emissão máxima de 50 mg de vapores de combustíveis a cada litro abastecido. Para isso, entre outras soluções, também passa a ser obrigatório o uso do ORVR, sigla para “Sistema Integrado de Recuperação de Gases” no bom português. A tecnologia funciona graças a válvulas e um filtro especial de carbono, que captam o vapor do combustível, enviando tudo para a combustão no motor, junto do líquido. O ORVR reduz em até 98% a emissão dos gases tóxicos provenientes dos combustíveis, segundo a Eaton, uma das fabricantes do sistema. 

Foto: Eaton/divulgação

Nos modelos a diesel, o Programa estabelece um novo limite para os índices de fumaça em acelerações: 0,4 dm³ (decímetros cúbicos) em áreas com até 2.000 metros de altitude. A nova fase também exige veículos mais silenciosos: os níveis de ruídos não poderão ser maiores que 74 decibéis nos carros de passeio, ou então 76 decibéis nos comerciais.  

Foto: Fiat/divulgação

Outra novidade envolve as medições de emissões em tráfego real, o Real Drive Emissions (RDE), presente desde 2022, no Proconve L7. A partir de 2025, um veículo não poderá emitir mais que o dobro de gases poluentes no uso real frente aos testes de laboratório, em ambiente fechado. Nas próximas etapas do PL8, as diferenças dos resultados entre os dois tipos de testes deverão ser ainda menores.  

Foto: Bosch/divulgação

É novo ainda o método de cálculo por média da frota, ao invés de ser por unidade comercializada, como antes. No esquema chamado “limite corporativo”, determinada fabricante poderá vender veículos que não atendam todos os requisitos do Proconve L8, desde que ofereça outros modelos com índices bem abaixo dos estipulados pelo Programa. Será possível, por exemplo, manter um modelo que emite mais gases em produção, desde que outro elétrico da mesma marca compense o mais poluidor. Esse formato também é adotado em outros países, como nos EUA.  

Foto: Jeep/divulgação

E quem oferecer modelos com melhores índices de poluição e emissão de gases, ganharão os “créditos de emissão”, apurados pelo IBAMA. Esses créditos poderão ser “vendidos” para outras marcas que não se enquadrarem nas novas normas do Proconve, em um trabalho de cooperação entre as fabricantes.  

Por enquanto, é quase certo que os custos de todas essas melhorias serão repassados ao consumidor final, especialmente no caso dos modelos mais atrasados, que necessitem de mais modificações para continuarem em produção. Alguns, portanto, deverão sair de linha “de fininho”, caso as vendas baixas não compensem as atualizações. Nomes cotados para deixarem o mercado por conta disso? Renault Stepway, Kia Stonic e Suzuki Jimny Sierra, por exemplo.  

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Com 23 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.