Os cinco melhores carros dos 100 anos da Chevrolet no Brasil, na minha opinião

Foto: Heitor Hui/Quatro Rodas

Já se vão 100 anos desde que, em 26 de janeiro de 1925, a General Motors resolveu, lá nos EUA, que teria uma linha de montagem de seus produtos no Brasil. O começo de tudo foi em galpões no bairro do Ipiranga, em São Paulo, mais precisamente na Avenida Presidente Wilson, que chega até São Caetano do Sul. E a marca, para não errar na dose, iniciou com algo que eles sabiam que não poderia dar errado: produção de veículos comerciais. 

Primeiros carros da Chevrolet feitos no Brasil eram comerciais (Foto: divulgação GM/acervo de Jason Vogel)

Nosso país crescia, e os norte-americanos sabiam que precisaríamos de veículos comerciais para entregas e distribuição de mercadorias, tanto que iniciou sua produção montando furgões e picapes. Somente no final de 1925, começou a montar veículos de passeio. Mas, ainda assim, a prioridade eram os modelos destinados ao trabalho. Claro, com o passar do tempo, já no final dos anos 30, começou a fazer também ônibus e caminhões, igualmente fundamentais para o Brasil daquela época.  

Por aqui, a marca chegou a fazer automóveis de passeio, ônibus e caminhões. Na foto, o pátio da GM em 1948 (Foto: divulgação GM/acervo de Jason Vogel)

Depois, nos anos 50, com a evolução da nossa indústria automotiva, a GM já estava adiantada, e tinha até mesmo bons índices de nacionalização em seus produtos, sem contar a liderança em vendas no mercado da época. Final dos anos 50 e primeira metade dos anos 60, os veículos de trabalho ainda eram os carros-chefe da marca, com caminhões e ônibus que levavam nas costas o progresso do país. O Chevrolet Opala, considerado o primeiro verdadeiro sucesso da marca, é justamente quem abre essa minha lista, com os cinco melhores carros dos 100 anos da GM brasileira, na minha opinião. 

Opala SS 250 

Opala SS 250: um esportivo que merece lugar na minha lista (Foto: Chevrolet/divulgação)

Lançado em 1968, o Opala logo virou sonho de consumo da classe média brasileira, quer seja com motor de quatro ou seis cilindros. Mas meu escolhido é um esportivo: Opala SS, que, na realidade, tinha esse nome por conta dos bancos dianteiros separados (“Separated Seats”), afinal trazia câmbio de quatro marchas com alavanca no assoalho. Sem dúvidas, a cereja do bolo era seu motor de 250 pol³, seis cilindros em linha, que rendia espantosos 171 hp brutos na época (algo ao redor dos 130 cv ABNT atuais). O carro estava entre os mais rápidos de produção nacional, e se destacou principalmente na década de 1970.  

Monza 500 E.F. 

Monza 500 E.F foi primeiro Chevrolet brasileiro com injeção eletrônica. A sigla, obviamente, era homenagem a Emerson Fittipaldi (Foto: Chevrolet/divulgação)

No início dos anos 80, tínhamos como grande novidade na GM o Chevrolet Monza, que debutou como um hatch 1.6. Porém, só foi virar estrela quando estreou a carroceria sedan com motor 1.8, de duas ou quatro portas, que fizeram dele um sucesso imbatível: foi o carro mais vendido do Brasil em 1984, 1985 e 1986, feito inédito para um modelo de porte médio e um nível, digamos alto, de luxo. Minha versão escolhida é a 500 E.F., grande destaque de todos os Monza, que foi apresentada no Salão do Automóvel de 1988.  

O modelo, já com motor de 2 litros, era o topo de linha do Monza na época (Foto: Chevrolet/divulgação)

Foi o primeiro carro da GM brasileira equipado com injeção eletrônica (Bosch LE Jetronic, igual a do VW Gol GTI), na época alimentando já o motor 2.0 8v, que dava um salto em performance e baixo consumo. O Volkswagen chegou primeiro, mas o Monza merece seu espaço pela iniciativa e pioneirismo. Seu nome era uma homenagem à Emerson Fittipaldi e sua vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, conseguida naquele ano de 1988.  

Corsa Wind 

Houve uma evolução no nível dos populares 1.0 com a chegada do Corsa, em 1994 (Foto: Chevrolet/divulgação)

Lançado logo nos primeiros dias de 1994, o Chevrolet Corsa, com sua primeira versão Wind, revolucionou nosso mercado de modelos populares. Abandonava o carburador em prol da injeção eletrônica monoponto, elevava o nível de conforto e acabamento interno, trazia equipamentos que o diferenciavam e um design muito mais moderno que o dos rivais. Na época, um alemão ainda moderno até na Europa. Trazia um motor 1.0 que não brilhava com a potência (50 cv), mas compensava com o baixo consumo, alta eficiência energética, silêncio de funcionamento e robustez.  

Vectra GSI 

Vectra GSI era um dos nacionais que melhor unia conforto, esportividade e dirigibilidade (Foto: divulgação Chevrolet/Museu MIAU)

O Vectra foi outro sucesso da Chevrolet nos anos 90, e também era um projeto Opel alemão. Ele atendia bem as necessidades do consumidor brasileiro e, principalmente na versão esportiva GSI da sua primeira geração, era um carro de sonho. Por isso seu lugar aqui na minha lista. Sob o capô estava o moderno 2.0 16v alemão com 150 cv líquidos (ABNT), e conseguia conciliar como poucos o conforto ao rodar de um sedan médio, desempenho esportivo e dirigibilidade acima da média para um modelo nacional. Sedan de se tirar o chapéu. Pena que durou pouco… 

Onix 1ª geração 

O primeiro Onix foi outro produto de muito sucesso (Foto: Chevrolet/divulgação)

Desde que surgiu no Brasil, no final de 2012, o Onix nunca teve a pretensão de ser o melhor do segmento. Mas, em contrapartida, era um carro equilibrado em suas qualidades. E justamente esse equilíbrio caiu no gosto do brasileiro, que precisava de um hatch com preço acessível, design acertado, boa revenda, mecânica confiável e barata de ser mantida, e bons equipamentos, ou seja, exatamente o que o consumidor queria da marca.  

Quando o Onix chegou, Corsa e Celta já estavam obsoletos, e o consumidor pedia um hatch Chevrolet mais moderno (Foto: Chevrolet/divulgação)

Eram tempos que Corsa e Celta já estavam obsoletos, e a Chevrolet precisava de um hatch que os suprisse com qualidades. O Onix foi sucesso garantido, tanto que conseguiu a liderança do mercado por seis anos consecutivos (de 2015 até 2020).  

Sem dúvidas, ao longo desses cem anos da marca da Gravatinha Dourada no mercado brasileiro, poderíamos enumerar outros cinco, talvez até dez, produtos de destaque que foram vendidos por aqui. Mas esses que eu escolhi estão dentre os que tive oportunidade de dirigir ou ter contato próximo, pelo menos. Merecidos parabéns à GM do Brasil por se dedicar por um século ao mercado nacional. Mas, e você, tem seus preferidos? 

Compartilhar:
Jornalista na área automobilística há 50 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 69 anos, é casado e tem três filhos homens, de 22, 33 e 36 anos.