Óleo lubrificante: Preste atenção pois existe um para cada motor

Poucas pessoas dão a devida atenção ao óleo lubrificante que utilizam no cárter na hora da troca. De uma maneira geral, as pessoas deixam por conta do frentista do posto ou do atendente da troca de óleo escolher qual lubrificante utilizar no motor do seu carro: Essas pessoas não sabem o erro terrível que estão cometendo, podendo até mesmo comprometer seriamente a vida útil do motor dos seus carros.

Os óleos lubrificantes são classificados de duas formas: Uma releva a quantidade e a qualidade dos aditivos de sua composição e a outra classifica a viscosidade do lubrificante (O quanto ele é grosso ou fino, e a dificuldade que terá para passar entre as folgas internas das peças do motor). É importante ressaltar que as duas características técnicas dos óleos são importantíssimas para garantir uma lubrificação eficiente do motor do seu carro.

A primeira delas é especificada pela API (American Petroleum Institute), que dita qual é a aditivação mínima de um lubrificante utilizado em motores do ciclo Otto (Aqueles que precisam de velas de ignição para iniciar a combustão). Esse lubrificante é identificado pela letra S inicial, e a letra seguinte dá ao consumidor a ideia do grau de aditivação do óleo. Assim, um óleo API SA é praticamente um óleo mineral puro, sem aditivos. Um API SB é um óleo com uma aditivação mínima, utilizada por exemplo, em um motor estacionário de serviço leve.

O consumidor encontra também, ainda hoje no mercado, por exemplo, óleos lubrificantes API SE, recomendado para ser utilizado em motores dos anos 70 e 80, onde a potência específica não era muito alta. A outra característica técnica do óleo lubrificante é sua viscosidade, classificada pela SAE (Society of Automotive Engineers).

No mercado, as pessoas falam em óleo mais grosso ou mais fino, e quem define a tal viscosidade são as folgas internas de cada tipo de motor.
Hoje, a grande maioria dos lubrificantes é multiviscoso, e os números são separados pela letra W (Que significa Winter, inverno em inglês). Assim, um óleo 20W50, por exemplo, significa que ele frio (No momento da partida), vai se comportar como um óleo de viscosidade 20, e a medida que a temperatura sobe, ele vai encorpando até se transformar em um óleo de viscosidade 50.

Essa mágica é obtida através da aditivação feita no momento de sua composição química. É importante ressaltar que, assim como a classificação API, a viscosidade deve ser exatamente a recomendada pelo fabricante do motor. Nem mais, nem menos.

A medida que o tempo foi passando, os motores foram se desenvolvendo, a lubrificação foi se tornando mais crítica: As cargas térmicas e mecânicas sobre bronzinas, pistões e eixos comandos de válvulas em altos regimes de rotações e temperaturas de operação cada vez mais altas, passaram a exigir do óleo lubrificante muito mais do que eram exigidos nos motores do passado. Some-se a isso as altas temperaturas e condições críticas de operações dos motores turbocomprimidos.

Nesses casos, o óleo lubrifica e esfria, além do motor, também a turbina. Já imaginaram um motor turbo em regime de potência quando a turbina chega a ficar na cor alaranjada de tanto calor e o óleo do motor garantindo sua lubrificação? Então, além de lubrificar, o óleo esfria e tem de manter limpo e desobstruído todos os canais internos do motor, para que o próprio lubrificante circule sem interrupções.

Fica claro que, se o óleo lubrificante não for exatamente aquele recomendado pelo fabricante do motor, os riscos de quebra e de falha são muito grandes. Por isso, não economize na hora da troca de óleo e muito menos na troca do filtro de óleo: Essa pode ser a diferença entre um motor saudável e confiável por muitos anos e quilômetros e um motor que tenha uma vida útil curta e corre o risco de quebra a qualquer momento.

Óleo mineral ou sintético? Escolha certo

Uma grande dúvida que ainda paira na mente de muitos donos de carros: “Será que a utilização de um óleo sintético faz tanta diferença assim quando comparado a um óleo mineral? A diferença de preço chega a ser quase o dobro!”. Pense bem, uma troca de óleo acontece normalmente a cada 10 mil quilômetros ou mais, dependendo do carro.

Em tempo, isso representa de 6 meses a 1 ano, dependendo da utilização de cada veículo. Será que vale a pena essa economia? Certamente não, principalmente se considerarmos a excelência da qualidade da lubrificação feita por um óleo sintético quando comparado a outro similar de origem mineral.

Os óleos comuns, encontrados na grande maioria dos postos de serviço e utilizado pela grande maioria dos motores mais simples, os chamados minerais, tem em sua base um óleo mineral puro, originado do petróleo, que vai sendo aditivado de acordo com as especificações da API. O óleo sintético é fruto de uma mistura de componentes químicos que acabam formando o lubrificante que atende as especificações da API, sem que se parta de uma base mineral.

Existem ainda os lubrificantes intermediários, chamados de semissintético, feitos a partir de uma base mineral, mas aditivados com componentes sintéticos. Eles são superiores aos minerais puros, mas não chegam a ter a qualidade de um sintético. Por isso, os lubrificantes de uma maneira geral não devem ser misturados, pois tem origens completamente distintas um do outro.

É fato que o óleo lubrificante sintético custa cerca de 50% mais caro que o similar de origem mineral, mas também é uma grande verdade que a garantia de lubrificação desses óleos mais caros garantem aos motores modernos e atuais, maior durabilidade e garantia de operação, quaisquer que sejam as formas de uso.

Só para que se tenha uma ideia, o motor 1000 utilizado no Uno Mille do início dos anos 90 gerava cerca de 47cv de potência máxima, hoje o motor 1.0 turbo utilizado no Polo TSI gera 128cv: Enquanto um óleo mineral API SE 20W50 dava conta do recado no Mille, garantindo vida útil longa ao Fiat, o moderno motor 1.0 TSI com injeção direta e turbo da VW, exige um óleo sintético API SN 5W30 para garantir longa vida ao pequeno e moderno motor VW. Certamente o resultado será catastrófico se pegarmos o óleo do Uno Mille e utilizarmos no motor do Polo TSI. Será uma quebra anunciada. Por isso, cada lubrificante é adequado a um motor, e cada motor exige o lubrificante correto e especificado. Não tente inventar, pois os riscos serão enormes. Faça apenas o que o fabricante manda e você terá um motor por muitos anos e quilômetros.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.