Mini faz 65 anos: os carros mais raros e desconhecidos da história da marca
A Mini fez aniversário agora em agosto: 65 anos de existência mundial. Na realidade, antes de se tornar marca com uma série de modelos diferentes, o nome “Mini” representava um pequeno carrinho urbano produzido pelo grupo BMC (British Motors Corporation) desde 1959. Cerca de dez anos depois, começou a formar sua linha própria, enquanto já era fabricado pela British Leyland e Rover (esta a partir de 1986). A primeira geração do carrinho, inicialmente concorrente de Fiat 500, Citroën 2CV, Renault 4L e cia, durou até o ano 2000, o que significa 41 anos de produção ininterrupta. Uma espécie de VW Fusca dos ingleses…
A BMW, hoje tradicional dona da marca Mini, entrou na jogada em 1994, quando adquiriu a Rover, e já foi uma das “chefonas” no desenvolvimento do novo Mini em 2001, aquele que fazia uma releitura do carro do final dos anos 50. A BMW também foi uma das que decidiu investir fortemente em uma família própria para a Mini, com modelos de entrada (One), mais completos (Cooper), esportivos (JCW), conversíveis (HardTop), sem contar aqueles com pegada de perua, a exemplo do Clubman, ou mais fora-de-estrada, como Paceman, Countryman e Aceman. Grande família.
Mas, nesses 65 anos, desde o primeiro carro até os dias atuais, a Mini traz no seu currículo também alguns modelos raros, seja pela baixa produção ou pelo fracasso de vendas. Hoje são preciosidades nas mãos de colecionadores e fãs da marca, com menção honrosa nas comemorações do aniversário da Mini.
A primeira variante do Mini clássico de 1959 foi a Mini-Van, apresentada logo no começo de 1960, alguns meses depois do pequeno carro. Como o próprio nome diz, era um veículo comercial fechado, no melhor estilo furgão, porém mantendo as linhas básicas de um Mini hatch. O Van tinha 25 cm extras no comprimento da carroceria, eliminava os vidros laterais traseiros, recebia piso plano e duas portas de acesso ao baú na parte traseira, essas com janelas e abertura separada. Além de ser muito simples no acabamento e visual, o Mini de trabalho usava um pequeno e econômico motor de 850 cm³ e cerca de 34 cv.
O Countryman, apesar de remeter ao crossover moderno, é um modelo que já existia na era clássica da Mini. Foi lançado nos idos de 1960 com a proposta de um carro maior, mais espaçoso e prático para famílias. Para isso, ganhou 25 cm extras no comprimento total, alguns quilinhos a mais no peso final, além do tradicional acabamento lateral em madeira em algumas configurações, um movimento da época que ficou conhecido como “Woodie”. Esse primeiro Countryman era baseado na Mini-Van e tinha também 34 cv de potência no seu motor 0.8.
Em janeiro de 1961, surgiu a Mini Pick-Up, que tinha foco profissional como a Van, mas trocava o baú fechado por uma caçamba. Assim como o furgão, a picapinha era reconhecida pela capacidade de carga de 1/4 de tonelada, mais precisamente 254 kg, e usava o mesmo motor 0.8 de 34 cv. Cerca de seis anos depois, chegaria um 998 cm³ (1.0), já com 38 cv. Curiosamente, nos próprios materiais oficiais, o Pick-Up era considerado o veículo ideal para “encanadores, construtores, pintores e sementeiros” com sua caçamba de cerca de 1,40 m de comprimento por 1,00 m de largura.
Duas raridades que figuram na história da Mini foram Elf e Hornet, fabricados, respectivamente, pela Riley e Wolseley. Essas eram duas marcas tradicionais de luxo dentro do grupo BMC, e, em 1961, decidiram ter também suas variações do pequeno carrinho. Porém, alongaram sua carroceria em 22 cm, transformando o hatch em um sedan compacto de duas portas, enquanto o luxo dominava em seus interiores (tinham madeira de lei, couro legítimo, opção conversível como mostrado na capa da matéria e por aí vai). Elf e Hornet eram o mesmíssimo carro, com sutis diferenças no acabamento interno e externo, por isso utilizavam o tradicional motor 848 cm³ de 34 cv, depois trocado pelo 998 cm³ com 4 cv a mais. Os sedans gêmeos sempre foram tidos como uma das variações mais feias da Mini, mas, ainda assim, venderam quase 60 mil unidades até 1969.
Outro modelo curioso foi o Moke, de 1964. Ele não era um carro propriamente dito, estava mais para buggy com certo perfil militar. Aliás, ele foi originalmente desenvolvido para servir ao Exército Britânico com a robustez e a economia de um Mini convencional, só que com carroceria espartana e leve. Queriam resistência para que o carrinho pudesse ser jogado de um avião e sustentado por paraquedas, ou então içado por um helicóptero sem maiores problemas. Os militares não gostaram muito do Moke, principalmente pelo entre-eixos longo e baixa altura do solo, o que limitava o uso em terrenos difíceis, por isso logo ele foi adaptado para uso pessoal. As vendas ao grande público começaram em 1963, e há relatos de unidades produzidas até os anos 90 por empresas que adquiriram a licença do projeto.
Já na era “nova” da Mini, a partir da aquisição da BMW, brilharam alguns carros especiais e conceitos interessantes, como o Mini ACV30 de 1997, que adiantava algumas linhas do primeiro Cooper de 2001; o Cooper Hydrogen de 2001, movido por hidrogênio e eliminando apenas vapor d’água pelo escape; os JCW Rally e Buggy, criados para uso em competições off-road como Rally Dakar; ou o Beachcomber, de 2010, que fazia uma releitura do Moke e ainda dava prévias do novo Countryman, lançado meses depois. E viva os 65 anos de Mini, com bastante história, sucessos, fracassos, donos e raridades.