Manutenção preventiva: quanto dura um jogo de pneus?

Foto de capa: Leonardo França

Cuidar de carro tem receita, e costuma vir no manual do proprietário, aquele livrinho robusto geralmente localizado no porta-luvas e que poucos tiram tempo para ler. A verdade é que, além de ensinar recursos importantes de utilização do veículo, ele te ensina também a cuidar da manutenção do carro. E quando falamos de pneus, a manutenção é bastante relativa. Explico: depende da marca/modelo, periodicidade de revisões dos sistemas de suspensão/alinhamento, calibração e até mesmo o modo de condução. 

A manutenção é pra lá de importante em um carro. Falando de pneus então… (Foto: Lucca Mendonça)

Falando de marca/modelo, existem várias categorias de pneus, que definem suas durabilidades. Em geral, a escala de classificação de letras indica o desempenho relativo do pneu em condições molhadas. Pneus classificados como “A” oferecem a melhor aderência, proporcionando maior segurança em estradas molhadas, enquanto pneus classificados como “E” têm uma aderência inferior, e o mesmo vale quanto a resistência ao rolamento e ruído externo. 

A resistência varia de A para o mais eficiente e F para o menos eficiente, ou seja, quanto mais alta a classificação, menor a sua resistência à rolamento, permitindo que o carro rode mais solto, e de quebra consuma menos combustível. Em geral, cada marca de pneus possui seus modelos, que são separados como os Premium (mais eficientes), e os de segunda linha, com menor eficiência e menor custo.  

Pneu não é tudo igual: há uma enorme variedade de modelos, categorias, qualidades de construção e fabricantes (Foto: reprodução/Freepik)

Escolhendo bons pneus e fazendo as manutenções no tempo certo, pode-se rodar de 60 a 80 mil km com um jogo, mas para isso deve-se seguir algumas premissas, que eu te falo abaixo:  

1 – Rodízio de pneus 

O esquema do rodízio pode ter diferença entre as fabricantes, mas é um processo que deve ser feito a cada 10 mil km (Foto: Continental/divulgação)

O rodízio de pneus deve seguir as especificações indicadas no manual (algumas fabricantes recomendam a troca em forma de “X”, outras incluem o estepe). No caso dos veículos de passeio com tração dianteira (a maioria da frota nacional), em geral, eles são programados a cada 10.000 km. 

2 – Alinhamento técnico 

Oficialmente, o alinhamento deve ser feito a cada 10 mil km, porém a queda num buraco grande ou a direção desalinhada já são pré-requisitos para a realização do serviço (Foto: Leonardo França)

O alinhamento costuma ser indicado também a cada 10.000 km, mas pode ser feito sempre que for identificada alguma anormalidade no sistema de direção ou suspensão. Se o condutor notar que o carro está puxando para um dos lados, se o volante estiver torto, ou mesmo se cair em um buraco, o alinhamento deve ser verificado.  

Neste serviço, serão revisadas as buchas de suspensão e demais componentes, e se necessário, eles devem ser substituídos. O contrário também vale, pois, se o carro não puxa para os lados e o desgaste dos pneus está simétrico, o alinhamento pode ser prorrogado, porém, exigirá inspeções visuais mais frequentes. 

3 – Balanceamento das rodas 

 

O Balanceamento também costuma ser indicado a cada 10.000 km, mas pode ser feito sempre que for identificada uma vibração no volante. As vibrações geralmente são ocasionadas por pancadas em buracos, que desequilibram o pneu, e o balanceamento devolve este equilíbrio, eliminando a vibração. Caso, mesmo após rodar os 10.000km, não se identifique anomalias, pode-se esticar o prazo, exigindo apenas da percepção do condutor quando da necessidade.  

4 – Calibragem dos pneus 

A calibração frequente e correta é outra regra básica do jogo (Foto: reprodução/Freepik)

Esta não tem muito o que esticar, sendo indicada a inspeção a cada 7 ou 15 dias, no máximo. Seguir o indicado no manual ajudará não a aumentar a vida útil dos pneus, mas também na eficiência em performance do veículo, seja em seu desempenho e consumo. Pneus com calibragem mais alta se desgastam precocemente no centro da banda de rodagem, e os pneus com calibragem abaixo do indicado gastam mais as laterais da banda de rodagem.  

Ah, quando for conferir a calibragem, faça com os pneus frios, ou seja, evite percursos maiores que 4 km até chegar no calibrador, evitando variações de pressão que podem comprometer a calibração. 

5 – Pneus de qualidade e dentro da validade 

Escolher um pneu novo e de qualidade também é primordial para sua maior durabilidade (Foto: Leonardo França)

Pneus tem validade de 5 anos, e identificamos sua fabricação no DOT, gravado nas laterais. Os pneus ditos Premium costumam ser mais caros (diferença em média de R$300,00 na troca dos quatro, dependendo do aro), mas possuem maior durabilidade em quilômetros.  

Pneus importados, geralmente encontrados mais baratos no mercado, possuem outros compostos de fabricação, que não consideram nossas condições climáticas nem viárias. Sua durabilidade chega a ser 60% menor dependendo da marca/modelo, equiparando-se, a alguns casos, aos pneus remoldados. 

6 – Modo de condução 

Direção volante BYD Dolphin Mini
O estilo de condução de quem vai ao volante também faz toda a diferença (Foto: Lucca Mendonça)

Dirigir de forma mais agressiva, fazendo curvas mais rápidas ou frenagens bruscas, contribuem para maior desgaste, e consequentemente, menor durabilidade de todo o sistema de direção do veículo. Dirigir de forma preventiva e segura ajuda a aumentar a longevidade de todo o carro, sobretudo dos pneus. 

7 – Uso em estrada 

Jetta GLI 2024 VW
O uso do carro na estrada também aumenta bastante a vida útil dos pneus (Foto: Lucca Mendonça)

Se o uso é maior em estrada, é natural que o desgaste seja menor, já que o veículo não sofre com acelerações, reduções e conversões de sentidos mais bruscas quando se comparado ao uso em cidade. No manual você identificará o termo “uso severo”, recomendando, em todas as situações, revisões mais constantes e, em geral, na metade do KM indicado. Este termo refere-se ao uso em cidade.  

Na prática 

O jogo de pneus original de fábrica desse Gol 2017 durou mais de 65 mil km (Foto: Leonardo França)

O VW Gol Trendline 2017 da foto acima rodou exatos 65.776 km com o conjunto de pneus Pirelli P1 175/70R14 original de fábrica (foto da capa da matéria), respeitando o rodízio a cada 10.000 km. A calibragem era conferida a cada 15 dias, o alinhamento foi feito uma vez apenas aos 60.388 km quando foram substituídas as buchas da balança, não sendo necessário o balanceamento das rodas. Este carro foi utilizado por apenas um condutor, que rodou 90% desta quilometragem na estrada.  

Hoje, o carro utiliza pneus Goodyear EfficientGrip e está com cerca de 87.000 km, seguindo rigorosamente os prazos de rodízio. O alinhamento, desta vez, foi conferido novamente na revisão dos 80 mil km, após o impacto em um grande buraco. Foi preventivo, já que não havia necessidade de correção conforme o operador do alinhamento. 

Cuidar do carro é como cuidar da saúde: se não for rigoroso, há prejuízos. Ou, pior: uma hora para! 

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.