JAC cria laboratório para recuperar baterias de carros elétricos no Brasil
A JAC Motors do Brasil deixou de lado sua ideia de ser uma marca só de veículos elétricos, e por isso lançou por aqui também uma caminhonete turbodiesel, a Hunter. Mas isso não quer dizer que os investimentos no mundo da eletrificação tenham parado, tanto é que sua mais nova aposta é…um laboratório. Explico melhor: trata-se de um centro técnico atua na recuperação de células defeituosas em baterias de carros elétricos. Segundo o Grupo SHC, dono da JAC brasileira, esse é o primeiro empreendimento do ramo no país.
O intuito, segundo Sérgio Habib, presidente do SHC, é “tornar o serviço de reparo de baterias mais acessível e com custo drasticamente reduzido”. Porém, o centro técnico só atende carros elétricos da JAC, sejam os atuais (E-JS1, E-JS4, E-J7, além das vans e caminhões), ou os que já saíram de linha.
Basicamente, o custo total de uma bateria de tração pode superar 50% do valor do carro, tornando a operação de troca completa inviável do ponto de vista financeiro. Partindo dessa premissa, a marca promete detectar, através de um mapeamento individual, cada célula dentro dos diferentes módulos que compõe o “pacote” da bateria. Assim, a parte com problemas é literalmente cortada fora com o uso de uma serra-copo e substituída por outra nova, tornando o reparo muito mais fácil e, principalmente, barato.
Além disso, Nícolas Habib, diretor de operações da JAC, afirma que a empreitada deve evitar que mais de 15.000 kWh de baterias de tração sejam jogadas no lixo por ano. A marca ainda fala na preservação de matérias-primas importantes para a concepção de baterias, como lítio e fosfato, e nos seus descartes, que ainda geram preocupações ambientais.
Para se ter uma ideia, um E-JS1, hatch subcompacto, conta com uma bateria de 5 módulos com 660 células no total (132 por módulo). Ou seja, no caso de problema em uma única célula, as demais 131 daquele módulo também seriam descartadas em um processo de substituição “normal”. Isso não acontece nesse novo esquema de reparo da JAC, que troca só o necessário.
O Grupo SHC diz que investiu mais de 1 milhão de Dólares só em tecnologias e equipamentos para colocar o laboratório, localizado em São Paulo capital, para funcionar. Uma equipe de engenheiros daqui também passou 30 dias na China para entender e aprender sobre o processo de reparo de baterias, e um time de especialistas vieram de lá para calibrar as máquinas e sistemas do centro técnico, também de acordo com a marca.
O passo a passo para a operação é simples de ser entendido. Primeiro, um multímetro mede a capacidade de cada célula individualmente, identificando aquelas com baixa voltagem (ou seja, com problema). Em seguida, serram o “pedaço” defeituoso da bateria com a serra-copo e instalam um novo no local, fixado por um processo de soldagem a laser. Depois, colocam o módulo reparado numa máquina balanceadora, que equilibra a voltagem original dentre todas as células, inclusive aquelas substituídas. Cada módulo demora cerca de três dias para ser balanceado, e a marca não entrou em detalhes sobre os custos de todo esse processo de reparação.