Grandes esportivos importados dos anos 90: Os nervosos italianos que encantavam pelo design

A riqueza dos anos 90 no meio automobilístico é inegável, principalmente pela abertura das importações. Os modelos esportivos, em especial, invadiram o mercado brasileiro, e eles faziam o consumidor literalmente babar, sem saber qual carro iria escolher. Mas, claro, os modelos italianos, além de sua mecânica tecnicamente evoluída, acenavam ao consumidor com um design que causava inveja em toda a indústria automobilística mundial. Sem dúvida, a beleza dos carros de origem italiana não dava espaço para ninguém. Naquela época, tivemos modelos marcantes como o Alfa Romeo 145, e os Fiat Coupé e Tipo Sedicivalvole.

Alfa Romeo 145

Foto: Alfa Romeo/divulgação

Os Alfa 145 tinham um design que podemos classificar, no mínimo, como interessante. Olhando o carro lateralmente, suas linhas já davam a impressão de velocidade, quando as grandes janelas das portas iam se estreitando no vidro traseiro, passando a nítida impressão de que o carro estava constantemente em alta velocidade. Uma verdadeira cunha que facilitava a penetração no ar. Um visual atraente e encantador, até os dias de hoje.

Na época, a Alfa Romeo já havia sido incorporada ao grupo Fiat, e, por isso, muitos componentes mecânicos eram comuns entre carros dessas duas marcas. A estrutura do 145, que comporta toda a mecânica, por exemplo, era semelhante àquela utilizada pelo Fiat Tipo. Mas estamos falando de um Alfa Romeo, e, por isso, os freios eram de maior capacidade, a caixa de direção mais precisa e rápida, os motores, particularmente, mais potentes, e as suspensões, compreendendo molas, amortecedores e buchas eram próprias para um desempenho mais esportivo.

Quando começaram a chegar ao Brasil, em meados de 1996, os 145 eram trazidos da Itália em duas versões: Elegant com motores 1,8 ou 2 litros, e a Quadrifoglio Verde, com um kit ainda mais esportivo composto pelas rodas maiores, saias laterais, aerofólio, e interior diferenciado. Todas muito lindas. O destaque dessa matéria vai para o motor 2.0 16V com duas velas por cilindro (chamado de TwinSpark, centelha dupla), e o comando das válvulas de admissão com variador de fase comandado eletronicamente, sistema que permitia que esse componente da admissão pudesse ser adiantado em alguns graus sempre que se exigisse potência adicional do motor.

Uma ferinha para sua época, que gerava 150 cv com um torque máximo de 19,1 m·kgf. Esse conjunto, aliado ao câmbio manual de 5 marchas, fazia o 145 acelerar de 0 a 100 km/h em 9 segundos, atingindo os bons 210 km/h de velocidade máxima. Entre 1996, quando foi lançado no Brasil, e 1999, quando teve sua importação encerrada, foram comercializadas cerca de 1.700 unidades do 145 no mercado nacional, entre as três versões e duas motorizações. Como base de preço, a versão com motor 1,8 custava algo em torno dos US$ 30 mil em 1997.

Fiat Coupé

Foto: Fiat/divulgação

Em 1995, quando o Coupé desembarcou em nossos portos, também vindo da Itália, o esportivo da Fiat já havia encantado a Europa com suas linhas intimidantes, criadas nos estúdios do famoso designer Pininfarina. Esse centro de design italiano, que foi responsável pelos mais belos Ferrari, agora era o pai do exótico Coupé, um 2+2 que dividia a arquitetura com seu irmão Fiat Tipo, e ambos tinham exatamente a mesma distância entre eixos, 2.540 mm.

Na mecânica, o motor 2,0 da Fiat, com 16 válvulas e duplo comando no cabeçote, desenvolvendo 139 cv e um suave torque de 18,4 m·kgf. O câmbio também era manual de 5 marchas, realçando mais a esportividade, e seu peso era de 1.250 kg. Mesmo assim, desempenho não era o seu forte (0 a 100 km/h em 9,3 s e velocidade máxima de 208 km/h). O Coupé seduzia por suas linhas atraentes, e encantava, principalmente, o público feminino que, em sua grande maioria, não buscava muitas emoções ao volante. Ao todo, até 1997, quando o modelo se despediu do mercado nacional, foram vendidos 1.125 carros, com preços que rodeavam os US$ 50 mil. Um charme que era bem caro para o consumidor da época.

Fiat Tipo Sedicivalvole

Foto: Fiat/divulgação

Lançado no mercado nacional em meados de 1995, o Tipo Sedicivalvole (que significa dezesseis válvulas em italiano) chegou custando cerca de US$ 35 mil, um valor razoável em se tratando de um esportivo. Trazido da Itália, a versão esportiva do hatch Tipo tinha praticamente a mesma mecânica do seu irmão Fiat Coupé, mas sem o charme do seu design Pininfarina. Pesando 1.210 kg, o modelo vinha para brigar de frente com os hatches esportivos que existiam aos montes no mercado nacional: Honda Civic VTI, Mitsubishi Colt GTI, Golf GTI, Alfa 145, e por aí vai.

O seu motor era o mesmo 2.0 de 137 cv e 18,4 m·kgf de torque do Coupé, assim como o câmbio manual de 5 marchas, mas ele era a ovelha negra na família Tipo, que incluía também as versões 1.6 de menos de 90 cv e 2,0 8V de parcos 109 cv. Assim, esse esportivo da linha com seu motor 2,0 16V era uma fera, acelerando de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e chegando a 202 km/h de velocidade máxima.

Como esquisitice do modelo, podemos citar sua enorme tampa traseira do porta-malas, que era totalmente confeccionada em comoósito de fibra de vidro: qualquer batida ou ralada exigia a troca de toda a tampa. Mesmo durando pouco (foi vendido por aqui somente em 1995 e 1996), o Tipo Sedici, como ficou carinhosamente conhecido, ainda é um carro bem valioso pela sua raridade atual.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.