Grand Siena 1.4 e Uno 1.0: os veteranos da Fiat ainda valem a pena?
Hoje em dia, para a grande maioria do público consumidor, a linha de carros mais baratos da Fiat se resume na dupla Argo/Cronos, no subcompacto Mobi e na recém-lançada Nova Strada. O que poucos lembram é que, além deles, existem ainda Grand Siena e Uno. Sim, eles ainda são oferecidos, e mais, podem ser uma boa compra!
Grand Siena Attractive 1.4
Voltando um pouco no tempo, o sedan Grand Siena foi apresentado em março de 2012 com resposta ao Chevrolet Cobalt e Nissan Versa, ambos lançados em 2011. Na época, havia um “buraco” na linha de sedans da fabricante italiana: enquanto na base havia o Siena (compacto de entrada derivado da primeira geração do Palio, de 1996), acima dele já vinha o Linea (que nunca brilhou no Brasil por tentar concorrer com Civic e Corolla, fruto de um erro de posicionamento de mercado). E era nesse vazio entre Siena e Linea que entrava o Grand Siena: derivado do Novo Palio, que foi aposentado há cerca de 2 anos, ele veio com mecânica conhecida pela resistência, uma lista de equipamentos bem recheada, bom espaço interno e, principalmente, um enorme porta-malas de 520 litros como predicados, o que fez ele virar o queridinho dos taxistas em pouco tempo de mercado.
Mas voltando pra atualidade, o Grand Siena ainda resiste ao tempo, e é oferecido com o mesmo visual e pontos positivos de 2012. Vendido em versão única (Attractive), ele traz duas opções de motorização, mas nada de Firefly ou modernidades tecnológicas: 1.0 quatro cilindros de até 75 cv e 10,1 mkgf de torque (para quem não tem pressa alguma, afinal desempenho passa longe de ser seu forte), e 1.4 de até 88 cv e 12,5 mkgf de torque (como o carro avaliado, com potência mais condizente com o porte do modelo, mas também não espere nada veloz), ambos da família EVO Fire, já conhecida de bons anos pela economia de combustível, robustez, além da manutenção fácil e barata. A transmissão é sempre manual de 5 marchas, com engates curtos e não muito precisos.
No assunto preço, enquanto a configuração 1.0 parte de R$51.290, o motor 1.4 acrescenta exatamente R$4.500, saltando pra R$55.790. De série, pouca coisa: ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros e travas elétricas, rodas de aço com calotas (14” no 1.0 e 15” no 1.4), preparação pra som e função follow me home (que mantém os faróis acesos por um tempo após o desligamento da ignição), nada muito além disso.
Para ter um Grand Siena idêntico ao das fotos, é preciso equipá-lo os opcionais, oferecidos em dois kits: Creative 1 (que adiciona o volante regulável em altura, vidros elétricos traseiros, retrovisores com regulagem elétrica, luzes para o banco traseiro, além da pintura de maçanetas e retrovisores e os detalhes cromados pela carroceria, tudo por R$2.590), e Creative 2 (composto pelo volante multifuncional em couro, sensor de estacionamento traseiro, e rádio AM/FM com conexões Bluetooth e MP3, esse custando R$2.690). As rodas de liga-leve aro 16 são exclusivas da configuração 1.4 e são compradas a parte por R$1.990, assim como a curiosa predisposição para gás natural GNV custando R$690 (também presente no carro das fotos). No final, o tal carro das fotos, bem equipadinho e pintado na bela tonalidade Vermelho Monte Carlo metálica, sai por pouco menos de salgados R$65 mil (ou aproximadamente R$57.5 mil se o motor for o 1.0).
No final, vale a compra? Vale, pois no final o sedan “guerreiro” da Fiat ainda tem seu brilho, mas só se você comprar o carro básico de R$55.790 e não adicionar nenhum pacote opcional. Isso porque, dentro da própria Fiat, um Grand Siena 1.4 equipado chega no preço do Cronos, sedan do Argo, que é melhor em quase tudo. Na prática, por exatamente R$65.790 você leva pra casa um Cronos Drive com motor 1.3 Firefly (até 109 cv e 14,2 mkgf de torque), que vem com quase todos os itens do Grand Siena 1.4 equipado e, de quebra, além de mais espaço interno, ainda traz central multimídia de 7” com Android Auto/Apple CarPlay, direção elétrica, saída USB para os passageiros traseiros, quadro de instrumentos com tela TFT multifuncional de 3,5” e computador de bordo, luzes diurnas de LED e sensor de pressão dos pneus, todos itens indisponíveis no sedan mais antigo.
Uno 1.0
Presente no nosso mercado desde 1984, o Uno (Uninho, para os mais íntimos) teve sua primeira geração aposentada somente 30 anos depois, em 2014, provando o sucesso do hatch popular por aqui. A segunda e atual geração veio em 2010, totalmente renovada para brigar com o seu arquirrival VW Gol, que havia se renovado dois anos antes. Desde então, essa segunda geração do Uno passou por um facelift em 2014, ganhando uma aparência interna e externa praticamente igual à do carro vendido atualmente. Hoje em dia ele é posicionado como um hatch intermediário, ficando acima do Mobi e abaixo do Argo, é vendido em três versões na faixa dos R$46 mil até R$56 mil (Attractive, Drive, como o carro das fotos, e a pseudo-aventureira Way), três motorizações (o 1.0 Fire de até 75 cv e 10,1 mkgf de torque, o tricilíndrico 1.0 Firefly de até 77 cv e 10,9 mkgf, e o 1.3 Firefly de até 109 cv e 14,2 mkgf), e só um câmbio (manual, com 5 marchas).
Por pesar pouco, o hatch italiano acaba tendo bons números de desempenho e consumo independente do conjunto mecânico, mas as versões equipadas com a família Firefly se superam: a unidade avaliada, por exemplo, equipada com o 1.0 mais moderno de 77 cv, batia tranquilamente a marca dos 15 km/l de etanol no percurso rodoviário, claro que com o pé leve no acelerador e andando sempre na casa dos 90 km/h. No geral, ele é um hatch, então não espere nenhum porta-malas gigante ou espaço traseiro para se cruzar as pernas: são modestos 2,37 m de entre-eixos e ele acomoda até 290 litros no compartimento de bagagens, suficientes para o dia-a-dia urbano. Essa versão Drive 1.0 sai por R$49 mil e traz ar-condicionado, direção elétrica, vidros dianteiros e travas elétricas, limpador/desembaçador traseiro, computador de bordo, volante com regulagem de altura e rodas de aço aro 14 com calotas.
Como opcionais, estão a chave canivete, alarme, rádio AM/FM com Bluetooth e display de TFT multifuncional no painel de instrumentos, todos juntos no pacote Connect Plus, vendido por R$2.590. Os vidros elétricos traseiros, faróis de neblina, apoio de braço, retrovisores com regulagem elétrica e repetidores de seta, monitoramento de pressão dos pneus, e os importantes controles eletrônicos de estabilidade e tração fazem parte de outro kit, chamado de Comfort Plus 3, que acrescenta outros R$3 mil no valor do carro. É notável a ausência de um jogo de rodas de liga-leve opcional, que por mais estranho que possa parecer, não é oferecido em nenhuma versão do hatch. Fiat Uno? Só com calotas, independente da configuração. Vai entender…
No final, um Uninho igual ao das fotos, versão Drive 1.0 Firefly, sai por exatos R$56.590 já com a cor Cinza Silverstone metálica inclusa, e assim como o Grand Siena, passa não valer mais a pena por bater o preço de um Argo 1.3, mais moderno e de categoria superior. Mas quando falamos da Attractive 1.0 Fire a história muda, afinal nessa versão o Uno passa a ser o terceiro carro mais barato do Brasil (perdendo só pro irmão menor Mobi e Renault Kwid), e por cerca de R$46 mil não se encontra nada de porte igual ou parecido com o dele, a não ser que você esteja disposto a desembolsar R$3 mil a mais e levar um Hyundai HB20 Sense 1.0 pra sua garagem.
O veredicto final dos veteranos da Fiat é parecido: eles ainda tem seus destaques e podem ser uma boa compra, mas a concorrência (até mesmo dentro de casa) é grande, e o melhor negócio é comprá-los na versão de entrada, e de preferência sem opcionais.