GM Chevette: A trajetória de 20 anos do pequeno sedan da Chevrolet (Parte 3)

O ano de 1983 foi o mais marcante na vida do Chevette, o modelo de pequeno porte da Chevrolet. Até 1982 ele mantinha o visual básico de 1974, quando foi apresentado, mas foi em 1983 que ele se renovou por completo. Mantendo a plataforma e elementos básicos, ele inovava com nova frente, lateral (que finalmente recebia quebra-ventos), traseira e interior, seguindo as linhas do irmão maior Monza e também da então nova geração do próprio Chevette na Europa, onde recebia o nome de Kadett.

Em 1983 o Chevette era reestilizado profundamente (Foto: Chevrolet/divulgação)

Ele agora estava mais quadrado, deixando de lado algumas formas arredondadas de antes, mas mantinha a mecânica confiável: motor longitudinal de 4 cilindros com comando no cabeçote, acoplado a grande novidade que era o novo câmbio de 5 marchas (substituindo o anterior de 4), e a tradicional tração traseira que marcava o pequeno carro da Chevrolet.

O motor 1.4 ficava restrito as unidades de exportação, e por aqui ele se mantinha apenas com motor 1.6, que inclusive recebia modificações e ganhava uma versão a álcool, com 72 cv e 12,3 mkgf de torque.

Enquanto o motor 1.4 ficava restrito aos carros de exportação, a carroceria hatch ganhava um “meio-volume” (Foto: Chevrolet/divulgação)

Enquanto isso, a carroceria hatch recebia o chamado “meio volume” na tampa do porta-malas, ou seja, ainda tinha alguns centímetros de carroceria após o final do vidro traseiro, assim como o Ford Escort. Mas isso não agradou tanto o público consumidor, que passou a preferir a carroceria sedan convencional ao invés da hatch.

Ainda em 1983, o equilibrado Chevette se consagrou como o carro mais vendido do mercado nacional, tirando o velho VW Fusca da liderança e emplacando mais de 86 mil unidades.

Sem perder tempo, a Chevrolet já aprontava mais novidades para o Chevette no ano seguinte, em 1984: agora ele passava a contar com o câmbio automático de 3 marchas como opcional nas versões mais caras, compartilhando a mesma caixa com o Opala e Caravan. Três anos depois estreavam pequenas modificações no parachoque e grade (agora fundidos em plástico), nova lanterna traseira, maior e mais vistosa, e uma inédita versão de luxo batizada de SE, logo em seguida renomeada para SL/E.

Tentando deixar o Chevette mais refinado, a GM passou a oferecer opcionalmente o câmbio automático de três marchas (Foto: Chevrolet/divulgação)

Mesmo assim, começava a ficar difícil a vida do Chevettinho: rivais como VW Gol/Voyage e Fiat Uno/Prêmio traziam concepção bem mais moderna que a do GM, e, com mecânica longitudinal e tração dianteira, faziam mais jus ao segmento dos populares e melhoravam no espaço interno.

Nesse ponto, até o próprio Monza poderia ser uma compra mais interessante dependendo da versão, já que ele era bem mais evoluído que o Chevette e não custava muito mais caro. O peso do seu projeto de mais de 15 anos era um grande pênalti, que a GM tentava driblar com pequenas melhorias.

Ainda em 1987, saíam de linha as carrocerias hatch e quatro portas, sem deixar sucessores já que não agradavam o público consumidor nacional. Restava apenas o queridinho da família, ou seja, o sedan de duas portas. Enquanto isso, mesmo com as despedidas, o Chevette batia a importante marca de 1 milhão de unidades produzidas, incluindo a perua Marajó e também a picape Chevy 500, duas das grandes variações do Chevette.

O peso da idade fazia com que o Chevette se tornasse cada vez mais desinteressante (Foto: Chevrolet/divulgação)

Como mais uma tentativa de reanimar as vendas, que já não agradavam tanto quanto antes, chegava o motor 1.6/S em 1988, que nada mais era que o antigo 1.6 com melhorias na alimentação (carburador de corpo duplo) e um conjunto de pistões/bielas mais leves.

Agora modificado em prol de uma melhor dirigibilidade e menor consumo, os números de potência e torque cresciam: 78 cv e 12,6 mkgf de torque na versão a gasolina ou 81 cv e 12,9 mkgf de torque com álcool. Nessa época ainda havia o luxo do câmbio automático de 3 velocidades, que era oferecido como alternativa a caixa manual de 5 marchas.

Na quarta e última parte da trajetória desse longevo GM, falaremos da chegada do Kadett, seu sucessor direto, redução de suas versões, estreia do inédito motor 1.0 na versão Junior e mais. Não perca!

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.