GM Chevette: A trajetória de 20 anos do pequeno sedan da Chevrolet (Parte 1)
Na realidade, o Chevette foi um dos primeiros projetos de carro mundial de um grande fabricante. Tudo começou no final dos anos 60, mais precisamente em 1969, quando a General Motors, com sua matriz em Detroit (EUA), percebeu que economizaria muito se fizesse um único projeto mundial de um carro popular e pequeno que atendesse aos interesses de todas as suas fábricas espalhadas pelo mundo. Assim nascia a ideia do projeto 909, chamado de “Carro T” por conta da sua plataforma, que daria origem ao Chevettinho.
A matriz deu a diretriz de quem faria o que dentro desse tal projeto de um novo carro mundial: Para a alemã Opel coube o projeto da carroceria, design e de como seria a disposição mecânica dos principais elementos; e a Vauxhall, braço inglês da GM, ficou com o desenvolvimento do novo motor, que também contou com a colaboração da japonesa Isuzu.
O projeto desse tal propulsor era moderno para a época: Com quatro cilindros em linha e 1.4 litros, ele tinha comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada, e sistema crossflow na admissão e escapamento (cada um de um lado, para que se criasse um fluxo de gases que favoreceria a performance). Para a época, soluções tecnológicas interessantes para um futuro carro popular que seria vendido mundialmente em alta escala.
Em contrapartida, todo o restante da mecânica era careta para um carro que pretendia ser pequeno e leve: Um câmbio convencional ligado a esse motor através de um eixo cardã e tração traseira, conjunto com muito peso e inércia para o tamanho do futuro veículo. O projeto foi caminhando ao longo de quatro anos até o lançamento do carro em abril de 1973. Vale ressaltar que a estreia dele foi no mercado brasileiro, e só depois se espalhou para a Europa e até EUA, onde não obteve tanto sucesso assim. Inicialmente eram duas versões de acabamento: Básica e SL, sendo esta a topo de linha.
Na parte de baixo, onde se concentrava sua mecânica, o Chevette (nome que vem de “um pequeno Chevrolet”), ficou muito parecido com o grande Opala, que não coincidentemente também era projeto Opel. Por isso, o Chevette era constantemente apelidado de “mini-Opala”, apesar do seu motor de concepção mais moderna.
Uma curiosidade é que, ao longo dos quatro anos de projeto do modelo, algumas mudanças foram ocorrendo nas diversas subsidiárias da GM mundo afora: O motor 1.4, que era absolutamente inédito, só foi usado no Brasil, porque todas as subsidiárias já tinham propulsores pequenos pra usar no novo Chevette, ou seja, não tinham a necessidade de desenvolver um novo.
Como aqui em terras tupiniquins a Chevrolet só vendia o grande Opala e picapes, o Chevette não tinha motor para ser equipado, então a GM nacional optou por fabricar o tal 1.4 moderno, mesmo que fosse para um único carro. Embora tecnológico para a época, esse propulsor tinha o pênalti de (também) ser muito pesado para o carro, já que era inteiramente fundido em ferro, e rendia apenas 60 cv e parcos 9,2 mkgf de torque.
Com toda a parafernália de tração traseira, eixo cardã e câmbio superdimensionados, em que pese a durabilidade do conjunto, o Chevette não era nem um pouco ágil quando o assunto era desempenho e também registrava altas médias de consumo. Mesmo assim, para a época o carro foi muito bem aceito pelo público consumidor, e vendeu bem desde o início (menos de dois anos depois, em 1975, ele já batia a marca de 100 mil unidades fabricadas na planta de São José dos Campos, SP).
Onde ele se saía bem era na dinâmica, já que tinha soluções como o tanque de combustível instalado na vertical, atrás do banco traseiro, para melhor distribuição de peso e, além disso, em caso de impactos traseiros, as chances de incêndio eram pequenas afinal o tanque dificilmente era atingido. Outros pioneirismos ficaram pela barra de direção retrátil em caso de colisões frontais (não invadia a cabine) e até pisca-alerta, que não era oferecido em nenhum modelo da época no Brasil.
Na segunda parte dessa história, vamos dar continuidade contando sobre a inédita versão esportiva GP, que seria a primeira grande novidade da linha Chevette para 1975.