Fiat Strada? VW Saveiro? Que nada! Conheça suas rivais chinesas


Geralmente, quando pensamos em picapinhas urbanas, aquelas pra carregar menos carga que uma van ou caminhonetes maiores, logo vêm na cabeça a dupla veterana: Fiat Strada e VW Saveiro. Por mais de R$108 mil, é possível sim comprá-las para botar “no batente”, e é sabido que as duas tem competências suficientes para encarar o trabalho pesado. Mas, e as chinesas? Pois bem…
Para muitos, não existem mais aqueles “caminhõezinhos” Made in China, estreitos e pequenos, que eram muito comuns por aqui no começo dos anos 2010. A receita era simples, iniciada pela coreana Asia Towner lá nos anos 90: chassi tipo “escada”, cabine geralmente para dois ocupantes, caçamba metálica retangular e motor instalado debaixo do banco do passageiro. Com motores pequenos, não eram brilhantes no desempenho, mas compensavam com baixo consumo de gasolina e força suficiente para se deslocar nos centros urbanos. A condução com CNH Tipo B, mesma de carros pequenos, facilitava a operação.

Mas, não, eles não acabaram. Ainda é possível comprar esse tipo de “caminhãozinho” chinês 0 km, pelo mesmo preço de uma Fiat Strada ou VW Saveiro, ou até menos. Falamos da Shineray TLux, praticamente desconhecida e que custa R$112 mil pela tabela, e Effa V21, essa um pouco mais comum, que pode ser encontrada em revendas por aí por cerca de R$90 mil. Que baita diferença de preços, hein? Porém, vale saber um pouquinho mais sobre elas…
A TLux é uma ilustre desconhecida, afinal não são muito mais que 130 unidades emplacadas até janeiro, de acordo com o DENATRAN. A dianteira, com um duplo rim praticamente idêntico ao das BMW, remete a sua antiga geração, vendida por aqui no início dos anos 2010. Apesar de não oferecer calotas nem rodas de liga-leve, tem maçanetas e retrovisores pintados, bem como os parachoques na cor da carroceria. Ainda há o “luxo” das luzes de neblina e dos faróis do tipo projetor. Parabarros, bem como apliques plásticos nas caixas de rodas dianteiras, são charmes.
No interior, painel de instrumentos com tela digital, rádio AM/FM, ar-condicionado, vidros elétricos (com função one touch para o motorista), porta USB, direção elétrica e um volante de quatro raios que remete ao dos Corolla pós-2003. São dois ocupantes, separados pelo console central onde vão alavancas do câmbio manual de cinco marchas e do freio de mão. E haja apliques cromados espalhados pela cabine.
Sob o banco do passageiro, um motor 1.6 a gasolina, conhecido pelo “simpático” nome de “XC4F18-T/SWJ16”. São 122 cv de potência, mas o torque não é informado, assim como números de desempenho. Chama a atenção a capacidade de carga de 1.500 kg, ou praticamente o dobro de uma Fiat Strada Endurance, permitida pelas suspensões traseiras do tipo feixes de molas, igual a de caminhões maiores (McPherson na dianteira). A caçamba é grande, com 3 metros de comprimento, 1,65 m de largura e 37 cm de altura. Cores? Só branco, e nada mais.
A Effa V21 é mais “tradicional”, digamos assim, afinal já está no mercado há praticamente nove anos. Nesse caso, ao invés de se inspirar em BMWs, a fonte vem dos SUVs norte-americanos da Cadillac, mais precisamente o Escalade de terceira geração: formato de faróis, grade e parachoque frontal não negam. Disponível também com cabine dupla (V22), esse caminhãozinho é feito pela Shanxi Victory, braço do grupo GHC Automobile, que só fabrica esse tipo de veículo utilitário lá na China. Eles são montados numa planta da Effa em Manaus, no regime CKD.
Os V21 e V22 tem maçanetas em plástico preto, porém compensam com calotas plásticas, item indisponível no rival Shineray. Curiosamente, os carros das fotos de divulgação são bem mais simples do que os disponíveis no mercado, que, além das calotas, tem capas dos retrovisores na cor da carroceria e faróis de neblina, por exemplo. Ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos, lanternas traseiras de neblina, volante multifuncional, painel de instrumentos com tela digital colorida, porta USB para carregar celular e até uma multimídia com rádio AM/FM, Bluetooth e espelhamento de celular são de série.
Na cabine, vão dois (V21) ou cinco ocupantes (V22), e o interior tem estilo mais atual. Além disso, seu motor é menor: um 1.3 16v a gasolina, com não mais que 78 cv de potência com 10,5 mkgf de torque, administrados por uma transmissão manual de cinco marchas. Números de hatch 1.0. O único dado de desempenho divulgado é a velocidade máxima: 130 km/h. Porém, a Effa já diz que o V21 consegue rodar bons 12,6 km/l na cidade e 14,0 km/l na estrada, sempre com gasolina, o que ameniza o problema do limitado tanque de 40 litros (50 no rival).
A caçamba com 3 metros de comprimento, 1,68 m de largura e 37,5 cm de altura o coloca em pé de igualdade com o Shineray TLux, e o mesmo vale para os 1.500 kg de capacidade de carga. Mais uma vez, supera o dobro de uma Fiat Strada Endurance. Suspensão McPherson na frente, feixes de molas atrás, e freios a disco apenas na dianteira estão na sua concepção básica.

Se aguentam o tranco e conseguem se manter “na ativa” por anos, como uma Fiat Strada ou VW Saveiro? Fica a dúvida. Mas, algumas coisas são fatos: os caminhõezinhos chineses oferecem mais conteúdo de série, podem carregar o dobro de peso e, dependendo, custam bem menos que as picapes pequenas tradicionais. Para quem não os conhecia, prazer!