Fiat Marea e Weekend: a dupla mais injustiçada pelos brasileiros (Parte 2)
Depois da primeira parte, confira agora a segunda parte da história do sedan médio da Fiat e sua station Weekend, que permaneceram no mercado até 2007.
2000 e 2001: novos motores
Na virada do milênio, a versão básica, de entrada, foi premiada com um grande motor. Ao invés do antigo 2.0 sem o variador de fase no comando de válvulas, a Fiat optou por importar da Itália o moderno 1.8 16V que, acreditem, tinha exatos 127 cv de potência. O torque ficava na casa dos 17 mkgf.
Esse novo propulsor, além de mais econômico que o 2.0, apresentava uma performance semelhante graças, novamente, ao câmbio com relações de marchas revistas. Mais leve na concepção, ele mostrava, no conjunto, ser mais adequado ao Marea na carroceria sedan e perua. Junto com a novidade mecânica, todas as versões dos modelos ganhavam mudanças na lista de equipamentos, inclusive com itens inéditos.
Logo em seguida, outras melhorias chegavam. Logo no começo de 2001 estreava mais um novo motor na família Marea: partindo do 2.0 de cinco cilindros, a Fiat Europa desenvolveu uma versão 2.4 com duplo comando de válvulas variável, chamado de Fivetech, que ganhou, principalmente, potência e torque.
Os misteriosos 126 cv transformaram-se em poderosos 160 cv, enquanto o torque cresceu para 21 mkgf. O legal desse novo motor não foi tanto a força máxima, mas sim na disponibilidade do torque nas baixas rotações. O Marea 2.4 era um carro prazeroso de ser dirigido, afinal praticamente toda sua força vinha antes dos 2 mil rpm, e, com boa relação de marchas, era necessário apenas um pouco de pressão extra no acelerador para o carro ganhar velocidade sem precisar de reduções. Muito seguro nas ultrapassagens e retomadas.
Com sistemas de suspensões e freios aperfeiçoados, os Marea e Weekend com motor 2.4 Fivetech aposentaram de vez o 2.0 de cinco cilindros. A única exceção era para a versão Turbo, que mantinha o 2.0 superalimentado, importado da Itália. A gama era composta ainda pelo 1.8 16V, que movia a versão básica SX.
Primeira reestilização em 2003
Prestes a completar cinco anos de mercado brasileiro, o Marea sedan e Weekend passavam por sua primeira reestilização. Discretas, as mudanças eram focadas no conjunto óptico, rodas e grade da dupla, além de alguns novos detalhes dentro da cabine. A maior novidade era a traseira da carroceria sedan, que deixava de lado o desenho oval em prol de linhas mais retas e com cantos vivos. Sua lanterna era agora emprestada do Lancia Lybra.
Além de ganhar mais itens de série, os Marea e Weekend 2003 recebiam, pela primeira vez, a opção de transmissão automática. Focada no conforto e requinte, a caixa, com quatro velocidades e fornecida pela ZF, era a mesma de concorrentes como Chevrolet Vectra e Astra da época. Era opcional apenas na versão HLX 2.4 Fivetech, enquanto as demais traziam sempre o câmbio manual de 5 marchas.
Na época, a linha Marea era composta pela versão SX 1.8 16V manual, ELX 1.8 16V manual, HLX 2.4 20V manual ou automática, e, como top de linha, a Turbo 2.0 20V manual, que, em prol do melhor desempenho, não era oferecida com a caixa automática.
Vendas não iam tão bem
Mas já era 2004, a concorrência se renovava com frequência e o Marea, de projeto do início da década de 90, já não aparecia mais tão bem no ranking de vendas. Até dentro da própria Fiat, o Stilo, de projeto moderno, competia internamente com os veteranos. Mas como não havia Stilo sedan e sua versão station não tinha pretensões de vir pra cá, restava manter o Marea em produção…
Para tentar reanimar o Marea e Weekend nos emplacamentos, a Fiat ousava em equipá-los com motor 1.6 16V (o Corsa Lunga, produzido na Argentina e custando bem menos). Desenvolvendo 106 cv de potência e 15,4 mkgf de torque, ele pecava apenas em não ser flex, indo na contramão do mercado. O 1.8 16V, italiano, saía de cena pelos altos custos de importação, restando apenas o 1.6 para as versões SX e ELX.
Graças a um câmbio com relações encurtadas, que mantinham um pouco de vivacidade no conjunto, os Marea 1.6 16V andavam bem, gastavam pouco e apostavam no custo X benefício, já que tinham produção barateada pela idade do projeto e mecânica simplificada.
2006 e 2007: últimos suspiros
Já batendo os oito anos de vendas no Brasil, Marea e Marea Weekend passavam por mais algumas leves modificações internas e externas em 2006. Como grande novidade, o rádio que integrava a tecnologia de conexão Bluetooth e função viva-voz, o que, de certa forma, destoava do projeto antigo do carro.
Em 2007 veio o tão temido corte de versões, onde ELX, HLX e Turbo deixavam de ser produzidas. O motor 2.4 Fivetech e o 2.0 Turbo iam junto nesse lote, restando apenas a SX 1.6 16V para o sedan e perua. A aposta no baixo custo e boa oferta de equipamentos era realçada com esse movimento: os únicos Marea 1.6 0 km à venda eram baratos e tinham diversos opcionais a disposição do freguês.
Já ciente que o Marea e Marea Weekend não iam durar por mais muitos meses, a Fiat aprontou de criar um estoque dos modelos que duraria por mais algum tempo depois da saída de linha. Os últimos carros foram produzidos em dezembro de 2007, mas duraram nas concessionárias até fevereiro de 2008, quando, definitivamente, a linha Marea chegava ao fim no Brasil.
No total, foram cerca de 55 mil unidades do Marea com carroceria sedan e outros 15 mil Marea Weekend produzidos em solo nacional, divididos, no total, entre quatro versões (SX, ELX, HLX e Turbo), cinco motorizações (1.6, 1.8, 2.0 aspirado, 2.0 turbo e 2.4) e dois tipos de câmbio (manual de 5 marchas e automático de quatro velocidades). Injustiças e preconceitos a parte, um médio importante para o mercado brasileiro.