Compass e Commander, os Jeep antes da fama

Pra quem pensa que a vida do Jeep Compass e Jeep Commander começou em 2016 e 2021, respectivamente, um belo engano. Eles, que hoje compartilham plataforma, mecânica completa e até o interior, já têm bons anos de estrada, principalmente no mercado Norte-Americano. Mas a dupla também já veio importada para o Brasil, então não estranhe encontrar um Compass 2012 ou um Commander 2006 pelas nossas ruas.

Já adianto que essas gerações antigas, “antes da fama” são completamente diferentes dos carros atuais, em todos os sentidos. Quadradões, rústicos e pouco modernos, bem ao estilo dos Jeep americanos da época. Lembrando que, nessa época, a marca enfrentava um de seus piores momentos financeiros e administrativos. E, claro, isso tudo era descontado nos carros.

Jeep Compass era o mais barato…e problemático

Compass: mais barato da Jeep na época (Foto: Jeep/divulgação)

O Compass estreou nos EUA em 2006 para ser a porta de entrada da Jeep. Era barato, simples e trazia motorização a gasolina de 2.0 ou 2.4 litros da família TigerShark, que foi oferecida na picape Fiat Toro brasileira. Havia também propulsores a diesel de 2.0 ou 2.2 litros. Os carros a gasolina usavam câmbio manual ou um curioso automático CVT, enquanto os diesel compartilhavam uma caixa automática de 6 marchas com a Hyundai. Casamentos, no mínimo, curiosos…

Motor 2.0 16V é da família TigerShark (Foto: Jeep/divulgação)

Feito sobre uma plataforma compartilhada com a Mitsubishi, o Compass de primeira geração não era…digamos, um bom carro: tinha seríssimos problemas construtivos, que incluíam carrocerias enferrujadas com pouco tempo de uso, problemas mecânicos e elétricos e peças de acabamento de baixa qualidade que logo quebravam. Além disso, o modelo bombou em testes de colisão da época, provando ser também inseguro.

Interior simples, peças frágeis e visual pobre, o oposto do Compass atual (Foto: Jeep/divulgação)

Logo no comecinho de 2012, a Jeep passou a importar o Compass para o Brasil, única e exclusivamente na versão Sport, uma das mais baratas. Por aqui, tinha o motor 2.0 de quatro cilindros, que não era dos mais potentes (156 cv e 19,4 mkgf de torque), e o câmbio CVT da Jatco.

3.500 carros em três anos: flopou! (Foto: Jeep/divulgação)

Apesar de completo e com bom preço (na casa dos R$100 mil na época), ele obviamente não embalou nas vendas. No final, ele ficou por aqui até cerca de 2015, sempre em versão única, e concorria inclusive com seu irmão de plataforma, o Mitsubishi ASX. As vendas totais nesses três anos? Não passaram dos 3.500 carros. Um Compass atual vende isso tranquilamente em um único mês.

Commander 2006: importado e obscuro

Commander era uma opção mais em conta ao Grand Cherokee, como acontece até hoje (Foto: Jeep/divulgação)

Tratado como uma versão de sete lugares do então Jeep Liberty, e estando abaixo do Grand Cherokee como acontece hoje, a primeira geração do Commander (chamada de XK) deu as caras em 2005 no mercado estadunidense. Tinha motores V6 a gasolina de 3.7 e 4.7 litros, além do grandalhão V8 Hemi e um 3.0 turbodiesel, todos acoplados a um câmbio automático de 5 marchas e com tração 4×4.

Debaixo do capô, motores V6 ou V8 (Foto: Jeep/divulgação)

Feito em Detroit, nos EUA, ele era tinha suspensões independentes nas quatro rodas, eixo traseiro multibraço, freios a disco nas quatro rodas e era bem equipado. Curioso falar que suas versões eram as mesmas da atual geração, ou seja, Limited e Overland, e as dimensões da carroceria bem próximas.

Tamanho bem parecido ao do Commander atual (Foto: Jeep/divulgação)

Ele é outro que tem história bem obscura em terras brasileiras. Sua importação começou no final de 2006, mas, antes disso, ele já estava a mostra no Salão do Automóvel daquele ano. Custava quase R$250 mil na época, praticamente o mesmo preço de um modelo 2022 movido a diesel.

E no Brasil era caro, muito caro (Foto: Jeep/divulgação)

Convertido em valores atuais, seria um jipão de quase R$800 mil, que trazia sempre o V8 Hemi com 326 cv de potência, mais de 50 mkgf de torque e muita, mas muita sede de gasolina. Pra justificar o preço altíssimo, ele apostava também em muito luxo e vários equipamentos de série, principalmente de conforto e comodidade.

Visual e acabamento da cabine não eram dos melhores, mas a lista de equipamentos agradava (Foto: Jeep/divulgação)

Mas, como esperado, teve vendas pífias no mercado nacional. Ele, na realidade, foi importado em poucas quantidades pra cá, e a Jeep sabia que se tratava de um modelo para público bem restrito. Oficialmente, fala-se em 60 carros rodando pelo Brasil, fazendo dele uma figurinha mais rara que muito superesportivo por aí.

Gerações atuais são completamente diferentes

Vale destacar que o Compass e Commander atuais, feitos em Goiana (PE), não tem absolutamente nada a ver com seus antecessores: são bons de guiar, bem acabados, muito seguros, com mecânica confiável e moderna e vendem muito bem desde seus respectivos lançamentos. Queridinhos e desejados pelos brasileiros hoje, a dupla da Jeep já teve seus momentos “underground”.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.