(Comparativo) Fiat Grand Siena 1.4 enfrenta Nissan V-Drive 1.6 em um duelo de veteranos. Quem leva a melhor?

Os sedans compactos premium, assim como os hatches, são desejo de muita gente. Mas para quem não pode pagar pelo “premium”, existem ainda os bons e velhos sedans compactos mais simples. Geralmente frutos de projetos mais antigos e trazendo apenas o essencial em matéria de equipamentos, eles são figurinhas carimbadas no ramo de transporte de passageiros, como no táxi ou aplicativos de celular.

O motivo do “sucesso” deles é sempre o mesmo: oferecem uma relação custo X benefício interessante, tem mecânica confiável, custos de manutenção baixos e, quase sempre, são confortáveis e espaçosos. São compras racionais, carros para quem precisa de um bom meio de transporte ou de uma ferramenta de trabalho que atenda as necessidades.

Nesse comparativo vamos falar de dois representantes bem famosos desse grupo: Fiat Grand Siena 1.4 e Nissan V-Drive 1.6, ou Versa antigo, se você preferir. As fotos que ilustram a matéria são de um V-Drive topo de linha com câmbio automático CVT, mas, no comparativo, a versão utilizada como base é a 1.6 MT, custando R$67.500 sem a oferta de equipamento extras.

Já no caso do Grand Siena, o carro das fotos possui alguns acessórios (rodas de liga-leve, rádio AM/FM com Bluetooth e adereços estéticos), mas estamos falando da única configuração disponível, equipada com motor 1.4 e o opcional Pack Driver, que tem seu preço tabelado em R$66.400 mil (no estado de São Paulo).

Foto: Lucca Mendonça

Voltando um pouquinho no tempo, os dois chegaram ao mercado mais ou menos na mesma época (O Nissan veio em outubro de 2011 e o Fiat deu as caras em janeiro de 2012), tinham propostas parecidas (sedans populares intermediários com bastante porta-malas e espaço interno), e sempre concorreram entre si. Hoje, quase uma década depois, o mercado mudou bastante, e muita coisa nova chegou, mas será que eles ainda são interessantes? E qual o melhor dos dois? Vamos conferir…

Motorização, desempenho e consumo

O 1.6 16V do V-Drive une bom desempenho e baixo consumo (Foto: Lucca Mendonça)

Tanto o Versa quanto o Grand Siena mantém os mesmos motores desde que foram lançados. Sob o capô do Nissan, encontramos um 1.6 com 16 válvulas e comando variável, fundido totalmente em alumínio e rendendo 111 cv com 15,1 mkgf de torque a 4.000 rpm (tanto com gasolina quanto com etanol).

Ele trabalha em conjunto com uma transmissão manual de 5 marchas, e é suficiente pra mover os 1.060 kg dessa versão com bastante ânimo: segundo a Nissan, o 0 a 100 km/h é feito em cerca de 10,5 segundos, atingindo os 187 km/h de velocidade máxima. Para um carro que não tem pretensão esportiva alguma, são números até que interessantes.

No Grand Siena, o motor é o antigo 1.4 8V da família EVO Fire, que já tem bons anos de estrada. Ele possui poucas tecnologias e modernidades, mas compensa com a robustez mecânica e facilidade de manutenção. São 85/88 cv, com 12,4/12,5 mkgf de torque disponíveis a 3.500 rotações (gasolina/etanol, respectivamente) e, assim como no V-Drive, a transmissão é manual com 5 velocidades. Fazendo uma comparação justa, o Fiat alcança os 100 km/h em 12,5 segundos, com uma máxima de 175 km/h. Ele anda menos que o V-Drive, mas ainda sim tem potência suficiente para a sua proposta.

Sob o capô do Grand Siena, brilha o bom e velho 1.4 8V EVO Fire (foto: Lucca Mendonça)

Mas para quem busca um carro racional como esses dois, a preocupação é outra: o consumo de combustível. Rodando nas mesmas condições (abastecido com etanol, somente com o motorista a bordo e sem exigir muito do motor), os dois se garantiram com boas médias, apesar das diferenças mecânicas. No circuito rodoviário em uma velocidade média de 110 km/h, o computador de bordo do Grand Siena registrou 13,7 km/l, enquanto o Nissan fez 12,9 km/l. Na cidade, os resultados foram mais distantes: 9,2 km/l no Fiat e 10,5 km/l no V-Drive. Lembrando que ambos estavam com etanol no tanque.

Essa diferença negativa nas médias urbanas do Grand Siena tem justificativa: além de pesar 34 kg a mais que o V-Drive (o que exige mais do motor no anda e para do trânsito), ele tem pouco torque disponível nas baixas rotações, ou seja, o motor tem que trabalhar em giros mais altos, consumindo mais. Em contrapartida, ele acaba compensando com um tanque de combustível maior que o do Nissan, garantindo uma autonomia tanto com gasolina quanto com etanol.

Dirigibilidade, espaço interno e conforto

Dessa dupla, não espere muito prazer ao volante, nem tampouco um desempenho brilhante. São carros muito mais lógicos e racionais, deixando as emoções de lado. Mas, dentre os dois, o que agrada mais é o Fiat Grand Siena. O motivo? Além de ter uma direção mais precisa (apesar da obsoleta assistência hidráulica), seu sistema de suspensões um tanto mais rígido, o que garante mais estabilidade em curvas e desvios bruscos de trajetória.

O Fiat leva vantagem pela direção mais precisa e rodar mais estável (foto: Lucca Mendonça)

Outro ponto positivo do Fiat é sua estabilidade direcional em velocidades mais altas. Nessa situação, andando no circuito rodoviário em velocidades acima de 120 km/h, o V-Drive “passarinha” muito, deixando uma sensação de insegurança e desconforto pra quem está a bordo. O Grand Siena é mais “no chão”, seja nas retas ou curvas.

Nesse caso, a vitória é do Fiat no quesito dirigibilidade, mas isso não desmerece o V-Drive: ele também tem seus pontos fortes, como o desempenho mais aguçado, o que ajuda nas ultrapassagens e retomadas de velocidade, além do câmbio manual com engates mais precisos e a direção mais leve para manobras, com assistência elétrica.

O Nissan é mais longo (20 centímetros!), mas tem exatamente a mesma largura (1,70 m) e altura (1,50 m) do Fiat, resultando em uma distância entre-eixos bastante generosa: são 2,60 m, que impressionam pelo espaço entre os bancos dianteiros e traseiro. Por mais altos e grandes que sejam os ocupantes, eles provavelmente vão se acomodar muito bem no V-Drive. Claro que todo esse espaço para os ocupantes acaba sacrificando outro ponto importante de um sedan, que é o porta-malas. Nesse caso, o compartimento do V-Drive acomoda até 460 litros, uma capacidade ainda boa, mas que passa longe de ser a melhor do segmento.

Com um verdadeiro latifúndio entre os bancos dianteiros e traseiro, o V-Drive acomoda muito bem até as pessoas grandes (foto: Lucca Mendonça)

No Grand Siena, os 2,51 m de entre-eixos são bons, e ele também é capaz de acomodar até 4 adultos e uma criança com conforto, mas não espere nenhum latifúndio como no seu rival de origem japonesa. Ele ganha do Nissan em três pontos: o primeiro é o porta-malas de enormes 520 litros (aqui, a vitória do Grand Siena é indiscutível), o segundo é no conforto dos bancos, que são maiores, acomodam melhor o corpo e tem uma espuma mais macia, e, por último, ele também tem um isolamento acústico mais caprichado, absorvendo melhor os ruídos mecânicos e externos.

Itens de série e valores

Foto: Lucca Mendonça

Ambos são enxutos nos equipamentos, trazendo só o essencial: ar-condicionado, direção assistida (hidráulica no Fiat e elétrica no Nissan), travas e vidros elétricos, computador de bordo, porta-malas com abertura interna, banco do motorista e volante com regulagem de altura, rodas de aço com calotas (aro 14 no Grand Siena e aro 15 no V-Drive), airbags dianteiros e freios ABS (obrigatórios por lei), fixação ISOFIX, e mais nada de muito importante. Coisas como um simples rádio ou luzes de neblina só podem ser compradas como acessórios a parte.

Além disso, o Fiat traz ainda o alerta de limite de velocidade, ajuste elétrico dos retrovisores externos, faróis com função follow me home e o útil sensor de estacionamento traseiro. No V-Drive, o único equipamento exclusivo é o alarme com comando na chave, disponível como acessório no Fiat por cerca de R$1.000 adicionais, ou seja, aqui o ponto positivo vai para o Grand Siena, que oferece mais conteúdo de série. Relembrando, um Fiat Grand Siena 1.4 equipado com o único opcional Pack Driver e cor sólida custa exatos R$66.381, enquanto um Nissan V-Drive 1.6 sem opcionais é tabelado em R$67.490.

Qual deles é a melhor compra?

Olhando somente para a relação custo X benefício, o Grand Siena provavelmente é a escolha mais correta, afinal custa menos e entrega mais conteúdo. Mas o V-Drive acaba compensando com o motor mais potente, (muito) mais espaço interno, além do porte de carro maior. A briga é bem parelha: os dois tem valores bem próximos, propostas similares e uma oferta de itens de série parecida.

As necessidades e preferências do consumidor são, novamente, os mandantes nessa escolha: se a sua preocupação for com desempenho e espaço para os passageiros, vá de Nissan. Mas se você preza por um porta-malas enorme e quer ver seu carro mais completinho de equipamentos, sem se importar com desempenho ou mecânica, o Grand Siena é a melhor compra.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.