(Comparativo de época) Citroën C3 XTR enfrenta VW CrossFox e Ford EcoSport

Apesar dos estilos valentes, preparados para qualquer terreno, os três modelos do teste conseguem, se muito, levantar poeira. Não se imagine transpondo grandes lamaçais, passando por onde não há caminhos ou desbravando trilhas com esses carros. Eles são só de “brincadeirinha”, “faz-de-conta” de veículos realmente aventureiros que, neste caso, têm tração nas quatro rodas reduzida e pneus apropriados.

Foto: Cláudio Larangeira

Esses três rivais servem, segundo o marketing das fábricas, para sugerir uma personalidade aventureira de seus proprietários, pessoas que estão de bem com a natureza, que curtem coisas novas, gostam de arriscar-se e por aí vai. Invenção de marqueteiro que tem dado resultados em termos de mercado, afinal esse tipo de carro tem vendido como pão quente. Na prática, as pessoas tem comprado os veículos com visual off-road para enfrentar os buracos e irregularidades dos pisos de nossas ruas e estradas. E nisso eles são bons.

Claro que seus designs diferenciados em relação aos outros modelos ajudam bastante: são veículos com estilos incomuns na manada de carros “normais” dos grandes centros urbanos. Pilotando um deles, você já está diferenciado dos demais. E já valeu o investimento. Isso porque o design agressivo vende uma imagem muito além do que os três contendores são capazes de realizar quando  o assunto é buraqueira, mato e terreno acidentado do fora-de-estrada. Apesar do bom vão livre do solo (menor no C3 com 15 cm e maior no EcoSport  com 20 cm, ficando para o CrossFox um meio termo de 18,2 cm), todos tem curso normal de suspensão, adequados para utilização no asfalto e pisos com o mínimo de irregularidades.

Foto: Cláudio Larangeira

Quando colocamos em terrenos realmente ruins, como aqueles castigados pela erosão ou caminhos com grandes valas, os três param por falta de tração. Qualquer uma de suas rodas dianteiras motrizes, quando perdem o contato com o piso, passam a girar em falso, imobilizando o veículo. Nenhum deles tem diferencial blocante que poderia transferir o torque para a roda apoiada no chão para, com tração, tirar o veículo daquela situação dificil. Não é o caso deles. Apenas o EcoSport é oferecido em versão 4×4 permanente com diferencial central que divide o torque entre os eixos. Mas tudo isso a um preço que o coloca longe desses aqui do teste.

Tanto o C3, claramente direcionado para utilização urbana (o marketing da Citroen sugere que o XTR seja um carro urbano apenas com design diferenciado do restante da linha) quanto o EcoSport param quando pegam pela frente um grande desnível de piso. Claro que o CrossFox não foge à regra: fica patinando com seus dois companheiros de aventura. A bem da verdade, nenhum deles foi concebido para nenhum tipo de aventura em trilha ou fora-de-estrada. Apenas parecem…

Foto: Cláudio Larangeira

Mesmo assim, o sucesso de EcoSport e do CrossFox são incontestáveis: trouxeram para suas marcas uma significativa parcela de cientes. A fatia de mercado do CrossFox é tão grande, que a Volkswagen já produz 21% de Cross em sua linha Fox. Mesmo custando 22% mais caro que a versão normal 1.6, o Cross vende cerca de 35% a mais. Ou seja, o consumidor do Fox 1.6 não quer ser confundido com o comprador do Fox 1.0 e por isso paga mais caro para ter um carro diferenciado. Ganha com isso, um design diferente, uma estrutura monobloco realmente reforçada com relação à versão normal e um carro mais apropriado para resistir a buraqueira de nossas ruas e estradas. O EcoSport também somou à Ford, roubando clientes do Golf, Astra, Stilo e vários outros modelos.

Foto: Cláudio Larangeira

Agora chega a Citroen. Em cima do sucesso de vendas do C3 (vendem tudo o que produzem e já estudam aumento da produção para atender à nova demanda do mercado) criaram a versão XTR. Totalmente concebida na França, essa nova versão tem como público-alvo o consumidor interessado em carros com design diferenciado, incomum. A marca o coloca em um estilo “descolado” de C3 e não como um off-road ou fora-de-estrada . É apresentado mesmo como um carro urbano incrementado de acessórios. E traz um pacote bastante interessante: ar, direção, trio, som, bancos forrados em couro, ABS, airbag duplo, rodas de liga, faróis auxiliares, motor 1.6 flex de 16V (110 cv de gasolina/113 cv de alcool, o mais potente do comparativo). E tudo por um preço ainda mais interessante: R$ 48,9 mil. Com o mesmo pacote do C3 XTR, O CrossFox custaria cerca de R$ 10 mil mais caro e o EcoSport com o mesmo conjunto de equipamentos sai por R$ 66,8 mil (versão XTL, pois o FreeStyle das fotos não é oferecido com airbag duplo e ABS no sistema de freios, de série no Citroen). É sonhar e escolher.

Quadro comparativo

C3 X-TR CROSSFOX ECOSPORT
Porta-malas 305 litros 260 litros 296 litros
Motor: Cil./Pot. 1.6 l 16V / 110 (113)cv 1.6 l 8V / 101 (103) cv 1.6 l /105 (111) cv
Desempenho Máxima – 196 (198) km/h Máxima – 175 (177) km/h Máxima – 162 (167) km/h
0 a 100 km/h – 9s8(9s6) 0 a 100 km/h – 11s (10s8) 0 a 100 km/h – 13s6 (13s1)
Consumo Cidade – 11,6 (7,8) km/l Cidade – 11,3 (7,6) km/l Cidade – 12,1 (7,9) km/l
Estrada – 17,0 (11,5) km/l Estrada – 16,6 (11) km/l Estrada – 15,1 (9,8) km/l
Dimensões: Comprimento: 3,85 Comprimento: 4,08 Comprimento: 4,23
Altura: 1,52 Altura: 1,64 Altura: 1,62
Largura: 1,67 Largura: 1,69 Largura: 1,74
Entreeixos (m) 2,46 2,47 2,49
Vão livre do solo (cm) 15,0 18,2 20,0
Preço de época R$ 48.900,00 R$ 61.201,00 R$ 54.830,00
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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.