Como funcionam e quais as diferenças entre câmbio automático, automatizado e CVT

Lá pelos anos 70 e 80, câmbio automático era tido pela grande maioria dos motoristas como algo abominável. Ninguém queria saber deles e, dizia-se entre aqueles que gostavam de carro, que era coisa de preguiçoso ou de motoristas incompetentes que não sabiam trocar de marcha. Por isso, creio que 95% dos carros que circulavam pelo país na época tivessem câmbios manuais.

Mas, claro que o mercado e, principalmente os motoristas evoluíram. Percebeu-se que além do conforto e da dirigibilidade suave, o câmbio automático permitia que o motorista se concentrasse mais no ato de dirigir ao invés de ficar dividindo sua atenção com a transmissão manual e o momento correto de trocar as marchas. Carro automático era também mais seguro.

Já no final dos anos 80 e início dos anos 90, tínhamos a opção do câmbio automático (Ou transmissão automática) em alguns carros de luxo nacionais e a chegada dos importados no início dos anos 90, definitivamente popularizou o câmbio automático nos carros médios e até mesmo nos pequenos. E o brasileiro foi tomando gosto pelo conforto, silêncio e, em algumas situações, até economia de combustível quando comparado aos câmbios manuais.

Atualmente, temos a opção de câmbios convencionais automáticos com conversor de torque (Esses, a grande maioria); CVT (Continuously Variable Transmission, ou transmissão continuamente variável no bom português); os chamados câmbios automatizados de embreagem simples e, finalmente, os dupla embreagem (Que basicamente são a evolução dos automatizados).

Automático Convencional

O câmbio convencional automático é o projeto mais antigo entre eles. Claro que foi passando por contínua evolução, e hoje seu funcionamento beira a perfeição. No mercado nacional, a grande maioria dos automáticos possui 6 marchas e a quase totalidade deles é produzida por um único fabricante.

Mas, nesses convencionais existem ainda velhos câmbios de 4 marchas, alguns poucos de 5 e outros com 7, 8 e até 9 marchas. O problema desses câmbios normalmente muito duráveis, é que quando necessitam de reparos, os consertos são caros e executados apenas por alguns especialistas. Trocas de óleo no tempo correto e utilizando exatamente o lubrificante recomendado pelo fabricante do veículo é que garantem a longevidade dessas transmissões. Essa é uma ótima dica.

Câmbio CVT

O câmbio CVT começou sendo aplicado na Europa em motores de pequeno torque e potência. Pela natureza do seu funcionamento (São duas polias que vão alterando seus diâmetros simultaneamente ligados por uma correia, alterando a velocidade entre os eixos), a limitação da correia e do calor gerado entre as polias não permitia a transmissão de muito torque. Por isso, a coisa funcionava em scooters e microcarros de motores bem limitados.

Mas a tecnologia não parou, e o desenvolvimento de novos materiais e sistemas de monitoramento eletrônicos permitiam que o câmbio CVT fosse viabilizado cada vez por motores maiores e mais potentes. Assim como no câmbio automático convencional, a lubrificação do CVT é ainda mais crítica pela severidade do seu funcionamento: Nesse, é fundamental a troca de óleo no momento correto e a utilização do lubrificante recomendado pelo fabricante.

Com relação ao câmbio convencional, o CVT caracteriza-se por manter constante a rotação do motor a medida que a velocidade aumenta. E a pressão no pedal do acelerador é que vai definir a rotação. Quanto mais se pisa, maior é o regime de rotações e mais rápido é o aumento de velocidade.

Câmbio Automatizado

O automatizado é, na realidade, um câmbio convencional manual que, ao invés da alavanca de mudanças e da embreagem, possui um sistema robotizado que aciona a embreagem e faz as trocas de marchas sempre que o sistema eletrônico avalia que é o momento correto. O sistema automatizado funciona relativamente bem, se o motorista não for muito exigente no que tange a suavidade de condução.

Particularmente, aprovo o sistema e acho que ele funciona bem, principalmente no pesado trânsito urbano das cidades. Dá conforto ao motorista que não se preocupa com a embreagem nas ladeiras ou com o momento das trocas de marcha. Mas o mercado reclama que, depois de 50 ou 70 mil quilômetros, há desgastes nos mecanismos que executam as trocas, e elas começam a ficar imperfeitas. Nesse caso, necessitam de reparos em intervalos relativamente curtos.

Automatizado Dupla Embreagem

Finalmente, chegamos a dupla embreagem. Pelo menos, teoricamente, o melhor de dois mundos em termos de transmissão: Não tem as pequenas perdas por escorregamento do câmbio automático convencional e, um bom rendimento mecânico mostra trocas de marcha suaves e silenciosas como um câmbio automático convencional.

Apesar de internamente parecer um câmbio convencional manual, tem monitoramento eletrônico e um projeto totalmente novo, onde duas embreagens atuam, dependendo do momento, nas marchas ímpares e a outra nas marchas pares: Quem seleciona a marcha de tração são as embreagens. Quando a embreagem das marchas ímpares está acoplada, está engatada a primeira, a terceira, a quinta ou a sétima. Se estiver acoplada a embreagem das marchas pares, certamente estará engatada a segunda, quarta, sexta ou oitava, dependendo do câmbio. Certamente esse é o câmbio mais inteligente e normalmente destinados aos carros mais caros e sofisticados pelo alto custo do seu projeto.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.