Como as picapes caminham para o futuro: Construção monobloco, motorização híbrida, eletrificação e conectividade

O futuro das picapes está sendo desenhado de maneira cada vez mais rápida. Inicialmente criadas como ferramentas de trabalho, elas eram praticamente um pequeno caminhão com muita robustez e resistência. Depois, de ferramentas de trabalho da semana, as picapes passaram a ser utilizadas como veículos de lazer de famílias, e a evolução desse tipo de carro não parou mais: as cabines se alongaram, ficaram mais confortáveis e ganharam vários mimos (ar-condicionado, direção hidráulica, transmissão automática, cabine dupla para acomodar mais passageiros e por aí vai). Tudo isso sem perder a praticidade de carregar cargas pesadas na caçamba. Um veículo versátil e útil para vários usos.

Assim como os automóveis pequenos evoluem, as tais picapes não poderiam deixar de acompanhar as novidades. Hoje temos caminhonetes com construção de carroceria monobloco, com motorização híbrida, totalmente eletrificadas e repletas de tecnologias, tudo para cair no gosto do público consumidor atual.

A proposta ainda é a mesma de 1917, mas as picapes evoluem tanto quanto os carros (Foto: Ford/divulgação)

E em todo esse processo de modernização, evolução e aprimoramento das tais picapes mundo afora, a Ford, criadora desse promissor segmento, também tem trabalhado intensamente para implantar em seus modelos as tecnologias atuais. E, olha, que o resultado prático desse pioneirismo tem sido muito promissor.

Aproveitando o enorme sucesso do nome Maverick, que pertencia a um modelo em meados dos anos 60 e início dos anos 70 (e que também foi destaque no mercado brasileiro), a Ford apresentou nos EUA em junho sua mais nova picape cabine dupla com construção monobloco. Partindo da robusta plataforma do Bronco Sport (também vendido por aqui), a marca do oval azul criou uma picape com sua estrutura totalmente monobloco, resultando em dimensões mais compactas e uma construção mais simples e segura, sem o uso de longarinas, chassi e caçamba separada do restante do conjunto.

A nova Maverick é bem atual e adequada para o uso em cidades e centros urbanos, além de ser muito resistente a impactos e torções. Até então, esse segmento de picapes compactas monobloco era algo pouco conhecido para o mercado Norte-Americano, e provou que sempre há espaço para novidades em uma categoria tão convencional.

Carroceria monobloco e motorização híbrida desde a versão de entrada: A Ford Maverick é um bom exemplo de caminhonetes do mundo atual (Foto: Ford/divulgação)

Para manter todo esse ineditismo, a Ford adotou uma motorização híbrida de série para a Maverick, com um motor a combustão ligado a outro elétrico, resultando em mais de 190 cv de potência. Além disso, essa novidade da Ford também pode trazer o motor 2.0 turbo EcoBoost que equipa o Bronco Sport vendido no mercado nacional, esse com 253 cv. Apesar de tradicional, essa mecânica convencional consegue aliar bem o bom desempenho com baixo consumo, e, claro, é mais do que adequada para a proposta do novo modelo. A expectativa é grande da Ford Maverick desembarcar no Brasil em breve, e ela tem grandes chances de agradar em cheio ao consumidor brasileiro.

E o futuro das picapes não parou na Maverick. Ainda em maio de 2021, a Ford surpreendeu o mercado quando mostrou ao mundo a nova F-150 Lightning Eletric, que é nada menos que uma versão eletrificada do fenômeno F-150, líder absoluto de vendas no mercado estadunidense há quase 50 anos.

A nova F-150 Lightning Eletric provou que tecnologias também tem seu espaço no segmento das caminhonetes: 150 mil reservas em menos de 5 meses (Foto: Ford/divulgação)

E essa apresentação foi em alto estilo: Seus motores elétricos somam a surpreendente potência de até 565 cv com um torque máximo nas alturas, superando a casa dos 107 mkgf. São números de fazer inveja pra muito caminhão pesado por aí. Com essa motorização, a versão mais potente dessa elétrica da Ford consegue cumprir a prova dos 0 a 100 km/h em cerca de 4 segundos. Agora, essa inveja fica para a grande maioria dos esportivos do mundo. E obviamente ela é recheada com muita tecnologia, tanto construtiva quanto embarcada.

A receita da Ford deu certo: em apenas uma semana, 70 mil pedidos do modelo foram feitos por compradores só dos EUA, número que hoje já superou a barreira das 150 mil unidades encomendadas. É um sucesso que dá mostras que o público das picapes também busca por essa tecnologia, principalmente se ela estiver aliada ao nome da caminhonete mais consagrada do mundo: A F-150.

E não pense que essa evolução toda das picapes parou na América do Norte, porque aqui no Brasil ela também está presente na picape Ranger, só que de uma forma diferente: ela é uma das únicas do mercado nacional a utilizar um tremendo leque de conectividades através do aplicativo para smartphones FordPass.

No Brasil, o sistema FordPass da Ranger 2022 foca na conectividade (Foto: Ford/divulgação)

Com ele, o proprietário pode comandar diversas funções do carro a distância, além de ter serviços de emergência, agendamento de revisões na rede autorizada, localizar pontos de interesse como destinos, tirar várias dúvidas sobre o carro e muito mais, tudo na palma da mão de qualquer proprietário das Ford Ranger na nova linha 2022.

Tudo isso é uma clara indicação de que nossas picapes também seguem para o caminho do futuro, desenvolvendo tecnologias com a intenção de modernizar e deixar o segmento cada vez mais atraente, evoluído e similar ao que hoje é oferecido nos mais modernos automóveis. E isso não está presente somente nos aparatos eletrônicos como o FordPass ou em soluções do futuro como a eletrificação da F-150, mas também em avanços gerais como a elaboração de uma nova concepção construtiva para as picapes, a exemplo da Maverick e sua carroceria monobloco.

Por tudo o que estamos vendo acontecer no mundo das picapes, é que fica claro que aquela simples e genial ferramenta de trabalho criada por Henry Ford em 1917 transformou-se hoje em um veículo versátil, robusto e tecnologicamente muito avançado. E que acompanha o desenvolvimento natural pelo qual vem passando toda a indústria automobilística mundial.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.