Chevrolet Corsa: A trajetória do hatch que revolucionou o mercado de populares no Brasil

Em 1990, início do governo Collor, as importações eram reabertasl, e algumas tecnologias chegavam com ineditismo por aqui. Além disso, era a época da ascensão dos carros populares, principalmente os com motor de 1 litro, segmento inaugurado pelo Fiat Uno Mille em setembro assim que o governo criou alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). para carros de motor até 1.000 cm³, 20% ante 32%. Após o Uno Mille, vieram somente mais três modelos com motor de 1-litro: VW Gol 1000, Ford Escort Hobby 1000 e Chevrolet Chevette Júnior, todos já ultrapassados quando comparados com as novidades importadas.

Aproveitando essa falta de modernização dos populares nacionais, a GM foi rápida e em fevereiro de 1994 lançava a segunda geração do Opel Corsa (a Adam Opel AG, para quem não sabe, era o braço alemão da General Motors Corporation na Alemanha desde 1929), com um atraso de apena nove meses em relação à apresentação original na Europa. Mas o nem todos sabem é que a história do Corsa pelo mundo não se iniciou nos anos 1990, afinal o modelo já acumulava bons anos de mercado pelo mundo quando foi apresentado no Brasil.

O Opel Corsa B, lançado na Europa em 1993, chegaria meses depois ao Brasil (foto: Opel/divulgação)

No final dos anos 70, a Europa via sua população crescendo, e com isso faltava espaço nas antigas ruas e avenidas pelo continente afora. A Opel, que já oferecia o Kadett como opção de modelo compacto, precisava de algo menor, e também mais econômico (outro problema daquela parte do mundo na época era o aumento significativo nos preços dos combustíveis). Assim nascia o Opel Corsa, lançado em setembro de 1982 e posicionado como modelo de entrada da fabricante. Pequeno e moderno, ele era fabricado na Espanha, estava disponível somente na carroceria 2 portas, a tração era sempre dianteira, oferecia várias motorizações (1,0 de 45 cv, 1,2 de 55 cv e um 1,3 de 70 cv, todas variações da Família 1 e movidas a gasolina) e dois câmbios manuais (4 ou 5 marchas). Além disso, o Corsa tinha também a versão sedã, batizada de TR, mas ela nunca alcançou o sucesso do modelo hatch.

O primeiro Corsa, de 1982 (foto: Opel/divulgação)

Ele podia ser comprado em quatro versões, incluindo uma esportivada chamada de SR e dotada de motor 1,3 L, que fez sucesso logo que foi apresentada. Algum tempo depois chegava o Corsa GTE, versão esportiva de verdade, que tinha sob o capô um 1,6-L de100 cv e acoplado ao mesmo câmbio de cinco  marchas do restante da linha, mas reescalonado com foco no desempenho.

O pequeno Opel caiu nas graças do consumidor, e acumulou boas vendas até sua primeira reestilização 8 anos depois, em 1990, onde ganhou mudanças externas e internas, além de melhorias mecânicas: chegava um motor 1,5 turbodiesel de 67 cv (de origem Isuzu), e o esportivo GTE ganhava injeção eletrônica, passando a se chamar Corsa GSi. Dois anos depois era a vez do motor 1,3 ser modificado, tendo sua cilindrada aumentada para 1,4 litro e ganhando também injeção eletrônica.

Nessa fase, o Corsa já completava uma década de mercado, e precisava de uma segunda geração. O encarregado pelo visual desse novo Corsa era o japonês Hideo Kodama, chefe da equipe Studio 6, sediada no centro de design da Opel em Rüsselsheim. O novo Corsa chegou por lá em abril de 1993, apresentado no Reino Unido, e de início já causou alvoroço pela ousadia de seu design arredondado e moderno. O fato curioso é que nessa segunda geração não existia variação três-volumes, e os Corsa Sedan/Classic eram exclusividade dos mercados latino-americanos, além de Índia e África do Sul. A parte mecânica, em contrapartida, não era totalmente nova como o carro, e os motores da Família 1 GM eram mantidos nas variantes 1,2, 1,4 e 1,6-litro além do 1,5-litro turbodiesel Isuzu que se mantinha inalterado. Os câmbios poderiam ser manuais (ainda de 4 ou 5 marchas), ou automático de 4 marchas opcional.

Desenhado por um japonês, o Corsa B tinha linhas arredondadas e graciosas, bem modernas para a época (foto: Opel/divulgação)

A versão esportiva GSi também entrava no catálogo da segunda geração do Corsa, mas agora seu motor 1,6 recebia o nome de Ecotec, tinha duplo comando, 16 válvulas e entregava excelentes 108 cv e 14,8 m·kgf de torque, levando o pequeno hatch de 950 kg da imobilidade a 100 km/h em  9,8 segundos, e alcançando 192 km/h de velocidade máxima. Um dos derivados de maior destaque dessa segunda geração do Corsa era o Tigra, um cupê 2+2 com visual bastante atraente e mecânica da versão GSi do hatch (havia também o Tigra 1,4, esse com menor sucesso). Definitivamente esse Corsa de segunda geração foi um sucesso e tanto, tendo até se classificado como o carro mais vendido do mundo em 1999.

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Jornalista na área automobilística há 50 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 69 anos, é casado e tem três filhos homens, de 22, 33 e 36 anos.