Centro de Desenvolvimento e Tecnologia Ford: do Brasil para o mundo

Já imaginaram um complexo para testar e desenvolver novas tecnologias automotivas? E se essas tecnologias servirem não só para carros vendidos aqui, mas também Europa, Ásia e Estados Unidos? O Brasil dispõe de uma área bem diversificada, ideal para criar e desenvolver novos produtos e tecnologias quando falamos de carro.

Fisicamente, nossas condições ambientais são boas para testes, seja pela diferença de temperatura (calores de 40ºC no Nordeste a frios abaixo de 0ºC no Sul, por exemplo), ou nossa malha rodoviária e seus milhares de quilômetros de estradas precárias de terra até autopistas que permitem velocidades médias acima dos 120 km/h. Claro que não preciso dizer que as dimensões continentais do Brasil permitem ainda vários níveis de umidade ou condições diversas.

As dimensões continentais do Brasil são um prato cheio para as engenharias automotivas: clima diversos, estradas boas e ruins, variações de temperatura e por aí vai (Foto: Ford/divulgação)

Um prato cheio para as engenharias competentes simularem condições de uso similares às encontradas na maioria do países. Não é à toa que a Ford desenvolveu aqui no Brasil, na Bahia (principalmente em Camaçari), um dos seus grandes centros tecnológicos do mundo. O Centro de Desenvolvimento e Tecnologia é composto por uma área de 6 mil m², seis prédios e, lá, estão desde núcleo de criação de design com realidade virtual, núcleo de engenharia que permite criar novas formas de locomoção ou estudos e desmontagem de componentes.

No Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford, várias formas de testar, conceber tecnologias e aprimorar carros (Foto: Ford/divulgação)

São cerca de 1.500 pessoas entre engenheiros e outros profissionais (pesquisadores, técnicos de T.I, designers etc.), todos especializados na área automotiva. Toda essa megaestrutura presta serviços de desenvolvimento em veículos da Ford em todo o mundo, incluindo aqueles vendidos em nosso mercado, todos passando por duras provas de adaptação às nossas ruas, estradas, temperaturas, combustíveis e preferências.

Além de prestar serviço para a Ford brasileira, o Centro cede também seus serviços ao mundo (Foto: Ford/divulgação)

Nada menos que um terço das tecnologias e funcionalidades encontradas nos modelos Ford, Lincoln e associadas (distribuídas, principalmente, na Ásia e Oriente Médio) foram desenvolvidas ou aprimoradas aqui no Brasil, como a identidade visual dos futuros Lincoln eletrificados ou as próximas versões de centrais multimídia para uso global.

Alguns outros exemplos práticos mostram o poder desse Centro de Desenvolvimento e Tecnologia: daqui saíram novidades modernas como o One Pedal Drive do elétrico Mustang Mach-E, que permite a condução utilizando apenas o pedal do acelerador; sistema Zone Lightining, que comanda as luzes externas da picape F-Series; ou então parte das tecnologias de assistência e concierge da Nova Transit, que são um dos seus diferenciais no mercado.

Por lá também são manipuladas impressoras 3D e a criação de vários componentes automotivos (Foto: Ford/divulgação)

E se você pensa que as novidades tecnológicas ficam restritas aos carros a combustão, como os vendidos pela marca no mercado nacional atualmente, saiba que a engenharia da Ford de Camaçari também trabalha pesado na criação e aprimoramento dos veículos eletrificados, sejam os totalmente elétricos ou os híbridos, que mesclam a combustão com eletricidade.

Híbridos, elétricos e autônomos também são foco da expertise do Centro (Foto: Ford/divulgação)

Além disso, modelos autônomos ou semiautônomos de alta tecnologia também são alvo dos nossos técnicos na instalação e posicionamento dos essenciais radares, sensores e câmeras. Uma parcela do time também estuda o uso de materiais encontrados em abundância em solo nacional, como o grafeno, para adequá-lo ao uso automotivo.

Todo esse complexo encontrado no Nordeste brasileiro é complementado por uma eficiente pista de testes no interior de São Paulo, mais especificamente na cidade de Tatuí. Esta pista, que simula as mais variadas condições de rodagem, no asfalto ou não, permite a execução de testes de durabilidade e performance. Lá, além disso, existem ainda câmaras frigoríficas que permitem a avaliação de componentes a temperaturas abaixo de -30ºC.

Além do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia na Bahia, a completa pista de testes em Tatuí (Foto: Ford/divulgação)

Os componentes, até mesmo os de veículos elétricos, são avaliados em calores escaldantes e temperaturas baixíssimas. São testes que garantem que o produto final recebido pelo consumidor tenha um carimbo de qualidade Ford. Como as subsidiárias da marca do Oval Azul por todo o mundo contratam os serviços, o Centro acaba gerando ainda uma receita anual que pode passar dos R$ 500 milhões.

Com mais de 1.500 integrantes, o Centro garante receita que pode superar os R$500 milhões/ano (Foto: Ford/divulgação)

Os recentes flagras de modelos da Lincoln em testes no Brasil, por exemplo, provam que o time interno da marca em Camaçari está a todo vapor: 85% do trabalho do time brasileiro é focado em veículos de outros mercados, e, como parte desse trabalho, os engenheiros avaliam modelos comercializados em outros países.

Gerando empregos e recursos para a economia brasileira, o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia vende para o mundo o que de mais valioso nós podemos oferecer: a capacidade e a tecnologia acumulada por décadas por seus técnicos e engenheiros, que hoje são respeitadíssimos nos quatro cantos do mundo.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.