BYD Super e-Platform: bateria com recarga mais rápida do mundo e motor de 30.000 rpm


A BYD deu uma balançada no mercado automotivo nos últimos dias com o lançamento da sua mais nova plataforma dedicada à veículos elétricos, a “Super e-Platform”, por enquanto exclusiva do mercado chinês. Para a fabricante, foi ótimo: suas ações em Hong Kong subiram mais de 6% em um dia. A tal nova base tecnológica já está pronta e chega em breve, afinal os modelos de estreia, Tang L (evolução do nosso SUV Tan EV) e Han L (evolução do sedan Han EV), já entraram em pré-venda na China. A comercialização em massa começa em abril.

Essa plataforma inédita atende, por enquanto, aos modelos mais caros da marca, em gerações renovadas que estreiam agora. É a primeira base automotiva com arquitetura elétrica de 1.000 Volts do mundo (produzida em larga escala, claro), tensão atingida na operação de bateria, motor elétrico, sistema de recarga, ar-condicionado e outros componentes. Graças a isso, e a uma inédita concepção de baterias de tração, o veículo aceita recargas extremamente rápidas (até 1.000 kW de potência), o que pode significar 2 km de autonomia a cada segundo plugado no carregador. Também feito em série, é o sistema de recarga automotivo mais rápido.
As baterias de tração que fazem parte da Super e-Platform também são exclusivas: oferecem 50% a menos de resistência interna, segundo a fabricante, e elevam a corrente de carregamento para algo próximo dos 1000 Ampères. Para efeito de comparação, um Kia EV9, SUV elétrico de alta tecnologia, tem potência de recarga limitada em 350 kW e corrente de carregamento ao redor dos 437 Ampères (800 Volts de arquitetura elétrica). A BYD diz que essas baterias batem recordes mundiais.

No caso do sedanzão Han L, que adota linhas no maior estilo fastback nessa nova geração, a marca chinesa diz ser possível atingir 400 km de autonomia em apenas 5 minutos de recarga, ou o mesmo tempo para abastecer um carro a combustão. Isso nas melhores situações, claro (fonte de energia mais potente, temperatura ideal e por aí vai).
Mas, claro, são necessárias fontes de energia (carregadores) poderosos a ponto de fazer toda essa tecnologia funcionar nas melhores condições. Por isso a BYD também diz estar trabalhando em eletropostos, resfriados à líquido, que conseguem fornecer até 1.360 kW de potência. Hoje, no Brasil, fontes mais poderosas oferecem, em média, 10% dessa capacidade. O intuito da fabricante chinesa é construir mais de 4.000 estações de recarga dessas no futuro, todas em território chinês, com o intuito de criar terminais de carregamento para veículos elétricos com o mesmo dinamismo de postos de combustíveis.

Além disso, os novos Tang L e Han L trazem uma nova geração de motores elétricos, os primeiros de produção seriada que superam os 30.000 rpm no funcionamento. Além de menores e mais leves, entregam maior densidade de potência. A configuração mais poderosa pode beirar os 790 cv de potência (580 kW) operando a exatas 30.511 rotações por minuto. E, acompanhando os superlativos da nova plataforma, também são inéditos chips semicondutores de carbeto de silício com até 1.500 Volts, permitindo que todo esse aparato eletrônico opere bem.
Han L e Tang L mudam para se adequar à nova identidade visual da marca, ambos com plataforma e carroceria renovadas. O primeiro adota estilo mais coupé e fastback, ainda que continue sendo considerado um sedan grande. E “grande” ele é, literalmente: passa dos 5,0 metros de comprimento e beira os 2.0 metros de largura, com entre-eixos próximo dos 3,0 metros. A baixa altura, 1,50 m, o deixa com aspecto mais esportivo, ajudado pela linha de cintura baixa e maçanetas embutidas. O interior foi redesenhado com aspecto mais elegante e atual.

São sempre 83 kWh de capacidade nas baterias. Com elas, o sedanzão promete 701 km de autonomia pelo ciclo chinês CLTC na versão mais “simples”, com motor elétrico único e 670 cv de potência. Na versão mais poderosa, de tração integral permanente (AWD) e dois motores elétricos (um em cada eixo), são nada menos que 1.086 cv de potência. A performance impressiona: acelera de 0 a 100 km/h em 2,7 segundos, de 100 a 200 km/h em 4,7 segundos, e atinge os 305 km/h de velocidade máxima. Nesse caso, a autonomia informada é de 601 km.

Já o Tang L segue com sete lugares (2+3+2), como o Tan EV vendido no Brasil. Seu estilo torna-se mais limpo e arredondado, também com direito a maçanetas embutidas, lembrando SUVs elétricos mais atuais da BYD (Yuan Pro, por exemplo). Ele também passa dos 5 metros de comprimento, com cerca de 2 metros de largura e entre-eixos próximo de 3 metros. A altura da sua carroceria ronda os 1,75 m. Internamente, fortes semelhanças com o Han L, ainda que formatos das saídas de ar e outros detalhes sejam exclusivos do SUVzão.

O powertrain é igual ao do Han L (670 cv na versão de motor único e 1.086 cv na configuração AWD), porém com baterias de tração maiores (100,5 kWh). A autonomia CLTC varia entre 560 km e 670 km, de acordo com a especificação do trem-de-força. Apesar de render um pouco menos que o sedanzão, o Tan L também assusta com seus números de performance: leva mínimos 3,6 segundos na prova de 0 a 100 km/h, consegue ir de 100 a 200 km/h em 6,2 segundos, e alcança os 288 km/h de velocidade máxima.

As primeiras unidades das novidades da BYD devem ser entregues aos compradores chineses em abril, mais ou menos quando está previsto o início das vendas em larga escala. Dolarizados, seus preços variam entre US$37,3 mil e US$48,3 mil (Han L), ou US$38,7 mil e US$49,8 mil (Tang L).