(Avaliação) VW Virtus Exclusive troca macacão de corrida por terno e gravata


Lembram do Virtus GTS, aquele sedan apimentado com motor 1.4 turboflex do Taos e que claramente tinha vocação esportiva? Pois é, ele durou até 2022. Isso porque, em seu lugar, veio o Virtus Exclusive, esse cara das fotos. O que muda? O Exclusive está mais para um sedan focado no luxo e requinte, mas que brinda com alto desempenho e performance digna do antigo GTS. São novos tempos, e a VW precisava suprir a falta dos Jetta 1.4 TSI com outro sedan que não fosse só…esportivo. Por isso tentaram mesclar luxo e performance nesse Virtus. Mas, deu certo?
Requinte é a meta
Por R$166 mil, ele é, de longe, o sedan compacto mais caro do mercado brasileiro. Descontando o Audi A3, que é praticamente médio. Bonito, consegue se equilibrar bem entre o requinte de um Jetta Highline com a “picância” do Virtus GTS. A reestilização visual de 2023, que adotou parachoques mais retilíneos e pronunciados, ajudou bastante. Faróis e lanternas em LED, ambos com máscaras negras, também caem bem. As rodas diamantadas aro 18 são as mesmas do antecessor GTS, e calçam pneus de perfil mais baixo. Não deixou de lado os cromados e outros penduricalhos “de luxo”, nem parece ser só um “sport”.
Isso significa que, por dentro, ele tenta ser o mais refinado possível, com direito a bancos exclusivos com forração que imita (bem) um couro legítimo desenhado, e o melhor acabamento geral da linha. Une bem peças em preto brilhante, pontos cromados, tecido com costuras brancas nas laterais de portas dianteiras e até um aplique central em material macio no painel, mas, ainda é um Virtus, sedan do Polo, modelo mais barato da marca atualmente. Ou seja, os plásticos duros ainda são presença garantida em muitas partes da cabine, e, mesmo com as vistosas telas digitais de painel de instrumentos e multimídia, o aspecto geral ainda não vai muito além de um “sedan compacto esmerado”.

250TSI e AQ250-F
O motor 1.4 turbo, famoso 250TSI, é a cereja do bolo, ainda. Mesmo após tantos anos de mercado, não precisou ser “capado” para atender as leis de emissões de poluentes, o que é ótimo! Seguem os 150 cv com torque de exatos 25,5 mkgf, isso já em baixas rotações e com bastante progressividade (de 1.400 até 4.000 rpm). Nada estranho também no câmbio: automático, Aisin AQ250-F, com seis velocidades e esperteza na operação. Motor e câmbio, até pelo tempo de casamento, formam um bom par, com trocas mais sentidas e até certa aspereza no bom sentido. Aquela que realça a esportividade, e não a que incomoda.
Apesar de estar vestindo uma carroceria mais estilosa e classuda, como num terno e gravata, a boa e velha alma de GTS, aquele que usa macacão e luvas de corrida, permanece. A calibração da VW previu um uso pacato e confortável quando ativado o modo Eco de condução, e assim ele se comporta: suave, silencioso, adiantando as passagens de marchas e prezando pela tranquilidade de uma viagem mais econômica. Mas, basta colocar no Sport para muita coisa mudar. A começar pelo ronco, muito mais grosso e bonito, mesmo não sendo tão natural: uma caixa de ressonância próxima do parabrisas produz boa parte do barulho encorpado.

As respostas ao comando do acelerador tornam-se bem afiadas, a transmissão entende que o motorista “quer correr” e privilegia maiores rotações, trocas mais secas e, na hora de desacelerar, vai reduzindo as seis marchas com bastante competência. O ronco grave, claro, acompanha tudo isso. Nobre menção ao sistema de freios a disco nas quatro rodas, que, mesmo emprestados das versões 200TSI tradicionais, tem capacidade surpreendentemente boa de estancar o Exclusive. A precisa direção elétrica, com relação mais multiplicada e respostas rápidas, é “cria” típica da engenharia alemã. O carro vira realmente esportivo no Sport.
Modo Eco e o consumo
Mas, esse Virtus é mais um sedan com proposta requintada, que acaba acelerando bastante por conta de uma motorização superdimensionada. Por isso, dos pouco mais de 300 km de testes entre cidade e estrada, predominou o conforto e maciez do modo Eco de condução. Que, vale falar, ainda o deixa bem rápido. Afinal, os 25,5 quilos de força estão sempre lá, e o seletor de modos de condução só podem deixá-los mais nítidos, ou não.
Gastando cerca de 30% a menos no Eco do que no Sport, o Exclusive surpreendeu com marcas próximas a de 13,0 km/l de etanol na estrada, se mantido o pé leve. Pudera, a transmissão de relação final bem longa acaba sendo benéfica nesse sentido: são apenas 1.800 giros a 100 km/h, ou cerca de 2.200 a 120 km/h, mantendo a sexta permanentemente engatada. Como o 1.4 TSI já dispõe de toda sua força em baixas rotações, no Eco ele evita ao máximo as reduções desnecessárias no uso rodoviário. Bacana!

Só que, na cidade, a coisa muda de figura: o peso superior dessa versão, bem como a sede maior do 250TSI, não foram páreos para a transmissão de trocas adiantadas, e aí o normal foram médias ao redor dos 8,0 km/l divulgados pelo INMETRO, sempre com etanol. Não é muito diferente daqueles números vistos no antigo Virtus GTS, só que esse, pelo menos, tinha um tanque de combustível maior, de 52 litros. No Exclusive, são 49. Acaba mais rápido.
Mais durinho
Ainda no uso urbano, ele encontra algumas “pedras no caminho” (ou buracos, valetas, lombadas, desníveis de pista…), por conta das rodas maiores, pneus mais baixos e suspensões endurecidas. Tudo essencial para manter sua dinâmica apurada, que não costuma dar sustos nem nos motoristas apressadinhos, vale falar. Só que, no dia a dia, não tem jeito: os impactos das buraqueiras, as trepidações dos pisos ruins e os solavancos na hora de cruzar lombadas são mais sentidos pelos ocupantes. Mesmo durinho, parece seguir com uma suspensão robusta e durável, como esperado num sedan nacional de produção volumosa.
Ao trabalho!
Costumam dizer por aí que os carros utilizados pelos taxistas são os melhores, já que os motoristas de praça costumam se falar bastante, e sabem bem quais modelos “aguentam o tranco” para rodar milhares de quilômetros sem dar dor de cabeça. E, curiosamente, os Virtus Exclusive são figurinhas carimbadas no ramo do táxi em capitais grandes como São Paulo, por exemplo. Geralmente, transportam passageiros no segmento de maior luxo, aquele que também engloba sedãs médios. As próprias concessionárias Volks, vira e mexe, promovem promoções e descontos especiais do Exclusive para motoristas profissionais.
Mas, por quê? Pesa a favor o tempo de mercado e nível de confiabilidade do powertrain. Porém, além disso, é de grande importância o nível de espaço interno e comodidade do sedan. Com o amplo entre-eixos, sobra um vão generoso para pernas e pés dos passageiros traseiros. Quem vai atrás consegue se movimentar facilmente de um lado para o outro, e, mesmo se for alto, mantém a cabeça longe do teto. E, na segunda fileira, a VW não esqueceu das saídas de ar, portas USB e luzes de leitura. Só não tem apoio de braço central traseiro, ausência sentida. O porta-malas, imenso, não abre espaço para críticas.
O motorista também vai bem, obrigado. Com um posto de condução de altura intermediária (mais baixo do que alto, ainda assim), tem praticamente tudo do painel com fácil acesso. O banco é grande na altura e tem espuma de densidade correta, mas condutores de maior estatura poderão sentir falta de abas laterais mais largas. A instrumentação digital Active Info Display e a multimídia VW Play formam uma dupla de telas bonita, e os dois sistemas são cheios de funções, personalizações e tecnologias.
Devendo…
Pelo preço que custa, essa versão Exclusive fica devendo alguns assistentes de condução importantes. Piloto automático adaptativo (ACC), alerta de colisão frontal e frenagem autônoma de emergência (bem discretos, aliás), estão presentes, bem como o útil detector de fadiga do condutor. Só que fazem falta alerta de tráfego cruzado traseiro, monitores de ponto-cego, alerta de saída de faixa e até um simples comutador automático de farol alto, que não existem no sedan nem opcionalmente. Ah, e sem dúvidas cairia bem um jogo de faróis matriciais em LED, como aqueles que equipavam o Polo GTS. Ficaria charmoso!
Boa troca
Se a troca do traje de corridas pelas roupas mais formais caiu bem no Virtus? Para a VW, que hoje não tem nenhum sedan maior do que ele além do esportivo Jetta GLI, certamente sim. Dessa forma, classudo e sem perder a mecânica apimentada, o Exclusive “mata dois coelhos com uma cajadada só”, como dizem por aí. Serve para quem gosta de acelerar, e também para quem quer um sedan mais fino e elegante.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.395 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escapamento, bloco e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automática de 6 velocidades, com trocas manuais pela alavanca e paddle-shifts atrás do volante |
Potência: 150 cv a 5.000 rpm (gasolina/etanol) |
Torque: 25,5 mkgf entre 1.400 e 4.000 rpm (gasolina/etanol) |
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
Pneus e rodas: Goodyear Eagle Touring, medidas 205/45 e rodas de liga-leve aro 18 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,56 m/1,75 m/1,48 m/2,65 m |
Porta-malas: 521 litros |
Tanque de combustível: 49 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.258 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,5 s (gasolina/etanol) |
Velocidade máxima: 207/209 km/h (gasolina/etanol) |
Preço básico: R$165.990 (carro avaliado: R$165.990) |
Itens de série:
Piloto automático adaptativo (ACC), frenagem autônoma de emergência (AEB), assistente para partida em subidas (HHC), sistema de alarme anti-furto com comando remoto (Keyless), 6 airbags (2 frontais, 2 laterais nos bancos dianteiros e 2 de cortina), alerta sonoro e visual de não utilização dos cintos de segurança (5 ocupantes), alto-falantes (6), antena no teto, apoios de cabeça dianteiros com ajuste de altura, apoios de cabeça no banco traseiro com ajuste de altura (3), ar-condicionado digital automático “Climatronic” com filtro de poeira e pólen, banco do motorista com ajuste milimétrico de altura, banco traseiro com encosto rebatível bi-partido, bancos com revestimento em couro sintético, câmera traseira, carcaça do espelho retrovisor externo pintada em preto brilhante, carregamento de celular por indução, cintos de segurança automáticos de três pontos na frente com tensor e ajuste de altura, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, controle eletrônico de estabilidade (ESP), controle de tração (TC), bloqueio eletrônico do diferencial (EDS), direção com assistência elétrica, espelho retrovisor interno eletrocrômico, espelhos retrovisores externos eletricamente ajustáveis e rebatíveis com função tilt-down no lado direito, faróis em LED com função “coming/leaving home” e luzes de condução diurna em LED, faróis de neblina com função “Cornering light” (luz de conversão estática), fixação da cadeirinha de criança com sistema ISOFIX®/Top Tether, seletor de modos de condução (Eco, Normal, Sport e Individual), iluminação do porta-luvas e do porta-malas, lanternas traseiras em LED, luzes de leitura dianteira e traseiras, manopla de transmissão em couro, painel de instrumentos digital de 10.25″, para-sóis com espelhos iluminados para motorista e passageiro, Rodas de liga-leve diamantadas aro 18, sensores de chuva e crepuscular, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Destravamento das portas sem uso de chave e partida do motor por botão, sistema de reconhecimento de cansaço e de distração do condutor (detector de fadiga), sistema multimídia “VW Play” tela de 10,1″ com conexões sem fio, sistema Start-Stop, Monitor de pressão dos pneus (TPMS), sistema de frenagem automática pós-colisão (Post Collision Brake), sobretapetes dianteiros e traseiros em carpete, 4 tomadas USB tipo C, vidros elétricos nas quatro portas com função “one touch” nos dianteiros, volante multifuncional em couro com “shift-paddles”