(Avaliação) Renault Captur 1.3 Turbo ainda briga com o Duster 1.6?

Não é a toa que o Captur é considerado um dos SUVs mais bonitos do mercado nacional: Ele realmente agrada no conjunto da obra, e provavelmente é por isso que a Renault mexeu pouco no design dessa reestilização da linha 2022. Difícil notar as novidades, que ficaram restritas ao parachoque dianteiro (em detalhes como as novas luzes de neblina), rodas (emprestadas do Duster, pra reduzir custos) e nada muito além disso, já que a parte traseira é a mesma de 2017. É aquele velho lema: Não se mexe em time que está ganhando.

O visual que agrada a maioria evitou grandes mudanças: a traseira continua exatamente igual (Foto: Lucca Mendonça)

Mas a vida do Captur não era feita só dos tais times vitoriosos: O conjunto motor 1.6 16V SCe + Câmbio automático CVT6 era feito pra ser suave e economizar combustível, ou seja, desempenho definitivamente não era a prioridade. A Renault aproveitou pra resolver vários “probleminhas” nessa reestilização (acabamento ruim, falta de alguns equipamentos, itens obsoletos etc.), e junto dela estreou o novíssimo motor 1.3 turbo feito em parceria com a Mercedes-Benz, além da inédita transmissão automática CVT com simulação de 8 velocidades, tudo numa tacada só.

Uma coisa é fato: O carro mudou muito. E mudou pra melhor, já que esse novo conjunto mecânico resolveu o problema do antigo 1.6 sem estragar nada. Ele continua suave como sempre e ainda surpreendentemente econômico pra um SUV compacto, com a diferença dos novos números de potência e torque bem animadores do motor 1.3 TCe, sigla para Turbo Control Efficiency. A receita é a clássica dos motores modernos (tem turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão e escapamento e até algumas modernidades exclusivas), então consegue entregar saudáveis 162/170 cv e 27,5 mkgf de 1.600 até 3.750 rpm, um regime bem progressivo.

O desenvolvimento desse 1.3 turbo teve parceria com a Mercedes-Benz (Foto: Lucca Mendonça)

O câmbio CVT com mais “marchas” é bem melhor que o anterior, mas ainda fica longe de ser um câmbio automatizado de dupla embreagem, por exemplo, quando o assunto é condução esportiva. Os deslizes e lentidões ainda estão lá, então pra evitar isso o Captur conta com trocas manuais na própria alavanca (faltaram os paddle-shifts no volante, hein dona Renault?), além de um útil modo Sport, que faz o carro ficar ainda mais aguçado nas acelerações e retomadas. Mas nem é preciso ir tão longe: Até no modo Eco, pra poupar combustível, ele esbanja força desde cedo, já que a maioria do torque vem ao redor dos 1.500 rpm. Ao menor toque do acelerador ele já desperta com muito ânimo.

É um páreo duro pra outros SUVs “rapidinhos” como Citroën C4 Cactus THP, Peugeot 2008 THP ou VW T-Cross 250 TSI, já que, segundo a Renault, o Captur 1.3 turbo leva pouco mais de 9 segundos para ir de 0 a 100 km/h quando abastecido com etanol. Um Sandero R.S., hot hatch legitimamente esportivo com motor 2.0 e câmbio manual de 6 marchas, é só 1 segundo mais rápido na mesma prova. E o que uma mecânica moderna não faz: No consumo ele consegue praticamente se igualar ao 1.6 SCe, registrando médias na casa dos 9,0 km/l na cidade e 12,0 km/l na estrada (com etanol, condução suave e modo Eco ativado), com a “pequena” diferença que o novo 1.3 turbo tem 50 cv e 11,5 mkgf de torque a mais. Muito mais potência pelos mesmos km/litro.

A disputa com outros SUVs “rapidinhos” é acirrada (Foto: Lucca Mendonça)

Melhorou bastante, mas não tudo

Finalmente o Captur deixou de lado o acabamento ruim, pelo menos onde os olhos veem: Dependendo da versão, o painel passa a ser emborrachado no bonito tom de marrom dos bancos, as partes cromadas e com detalhes refinados estão mais presentes, e, pra não esquecer, as peças plásticas (que ainda aparecem com frequência) estão com encaixes melhores. Até alguns parafusos do interior, que antes estavam lá pra quem quisesse ver, foram escondidos em prol da aparência mais refinada. Melhorou muito no visual e no toque, coisas que pesam muito na compra de um SUV.

Acabamento ruim e pouco refinamento: coisas do passado (Foto: Lucca Mendonça)

Por outro lado, olhando com mais atenção, fica claro que tiveram algumas economias de palito em banquete: Freios a discos só estão nas rodas dianteiras, e atrás os velhos tambores ainda marcam presença. Eles não chegam a ser ineficientes, mas tem substitutos prontos: Os 4 discos bem dimensionados do Sandero R.S., que compartilha parte da plataforma com o Captur, serviriam sem muitas modificações e cairiam como uma luva.

Seguindo na linha das mancadas, ele continua com apenas quatro airbags, sem saídas de ar-condicionado para os passageiros traseiros (só duas portas USB pra carregar celular), e, até agora, nada de assistentes de condução como alerta de colisão e frenagem autônoma de emergência, por exemplo. A Renault preferiu trabalhar com o que já tinha disponível “na prateleira”: as úteis novidades como o monitor de ponto-cego, câmera 360º e multimídia de 8” foram importadas do Duster. Da mesma forma, o novo volante com ajuste de altura e profundidade veio dos Sandero/Logan mais caros. De inédito mesmo só os faróis em LED, que fizeram uma tremenda diferença na iluminação do carro. Agora o Captur está mais fácil de operar, de conduzir e de se acomodar, porém merecia mais.

A única novidade realmente inédita são os faróis em LED. Todo o restante é compartilhado com outros modelos da marca, inclusive as novas rodas de liga-leve (Foto: Lucca Mendonça)

Por dentro, quem se destaca é o porta-malas

Grande por fora mas nem tanto por dentro. Na realidade ele é só suficiente pra carregar com conforto quatro adultos grandes. Além do banco traseiro alto, até mais que os dianteiros, e proximidade entre a primeira e segunda fileira, as janelas pequenas e teto/colunas na cor preta não ajudam na sensação de amplitude. Mesmo assim os 2,67 m de entre-eixos chamam a atenção, assim como os mais de 1,80 m de largura. Se ele é tão grande assim, pra onde vai todo o espaço? A resposta é fácil: Porta-malas, que comporta até 437 litros e faz bonito na hora de acomodar as bagagens da família na viagem.

Sobra tamanho por fora, mas falta espaço por dentro (Foto: Lucca Mendonça)

O compartimento ainda tem a vantagem de ser quadrado, ou seja, não tem aqueles “buraquinhos” e vãos que não cabem nada e só atrapalham. Removendo o tampão ele fica ainda maior, só não tão grande quanto na configuração de dois lugares (banco traseiro rebatido): Dessa forma se cria um latifúndio de quase 1.250 litros, suficientes pra carregar muita coisa grande. Até eletrodomésticos como fogão ou máquina de lavar se ajeitam com folga, sobrando espaço para mais alguns objetos pequenos.

Compartimento quadrado e que acomoda 437 litros: Excelente pra um SUV compacto (Foto: Lucca Mendonça)

O Duster ainda é mais interessante?

Bonito, renovado, evoluído, refinado na mecânica e…caro, bem caro. Com a extinção do motor 1.6 nacional (a Renault afirma que ele só está disponível nas vendas diretas), os preços do Captur subiram bastante com o novo conjunto 1.3 Turbo/CVT8, em parte importado da Europa. Pra não absorver esse enorme aumento no custo da produção, a Renault repassou quase tudo para o consumidor final, e isso fez o modelo subir um degrau na tabela de valores: Se antes era possível levar um Captur pra casa com cerca de R$100 mil (ou até menos que isso), hoje ele começa em R$126.690 e pode chegar nos R$140 mil na versão Iconic, topo de linha como o carro das fotos. Mais equipado e tecnológico que antes? Sem dúvidas, mas nem tanto pra ficar pelo menos R$26 mil mais caro.

Tecnologia mecânica de ponta, novo visual, bastante coisa melhorada e preço aumentado (Foto: Lucca Mendonça)

Volta aqui a velha dúvida: Duster top de linha ou Captur? Antes quem levava a melhor era o primeiro, pela relação custo X benefício atraente. Agora um está mais distante do outro, seja pela mecânica moderna ou outros parâmetros melhorados. Considerando que um Duster 1.6 com todos os equipamentos sai por pouco mais de R$115 mil e o consumidor teria que adicionar mais R$11 mil pra levar um Captur 1.3 turbo, a escolha pode ser mais difícil do que parece. Depende das necessidades e do bolso de cada um, mas uma coisa é inegável: o Captur renasceu com o novo coração franco-germânico, e o espaço dividido com o Duster não tira seus méritos de forma alguma.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.332 cm³, flex, quatro cilindros, turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas variável, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote fundidos em alumínio
Transmissão: automática do tipo continuamente variável (CVT) simulando 8 velocidades. Possibilidade de trocas manuais na alavanca.
Potência: 162/170 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 27,5 mkgf entre 1.600 e 3.750 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Pneus e rodas: Michelin Primacy 4, medidas 215/60. Rodas de liga-leve aro 17
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,38 m/1,81 m/1,62 m/2,67 m
Porta-malas: 437 litros
Tanque de combustível: 50 litros
Peso em ordem de marcha: 1.366 kg (carro avaliado)
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,2 s/9,5 s (etanol/gasolina)
Velocidade máxima: 190 km/h (etanol/gasolina. Limitada eletronicamente)
Preço básico: R$140.690 (carro avaliado)

Itens de série:

Retrovisores externos com rebatimento elétrico automático, Travamento central elétrico, Luz de cortesia no porta-malas, Regulador e limitador de velocidade, Ar-condicionado automático, Vidros elétricos traseiros tipo um toque com antiesmagamento, Vidros elétricos dianteiros tipo um toque com antiesmagamento, Banco do motorista com regulagem de altura, Chave cartão com sistema walk away closing, Estepe de dimensões reduzidas para uso temporário, Vidro traseiro térmico, Saídas USB para o banco traseiro, Multimídia Easy Link + Sistema de áudio premium BOSE, Espelhamento de smartphones Apple CarPlay & Android Auto, Aviso de cintos de segurança dianteiros não afivelado, 2 airbags laterais, Assistente de frenagem de urgência (AFU), 2 airbags frontais, Indicadores de direção laterais, Desativação do airbag do passageiro, Sensor de chuva e crepuscular, Sensor de ponto cego, Alarme perimétrico, Duas posições ISOFIX no banco traseiro, Apoios de cabeça traseiros com ajuste de altura, Sistema “Multiview Camera”, Sensores de estacionamento traseiros, Retrovisor interno dia e noite, Protetor de cárter, Monitoramento indireto de pressão dos pneus (iTPMS), Luzes de circulação diurna em LED (DRL), Controle eletrônico de estabilidade (ESP) com auxílio de partida em rampa (HSA), Faróis Full-LED, Cintos de segurança traseiros de 3 pontos, Cintos de segurança dianteiros com regulagem de altura, Faróis de neblina com função “cornering”, Freios antitravamento (ABS), Motor TCe 1.332 cm³, Direção com assistência elétrica, Sistema de gerenciamento de energia, Indicador de mudança de marcha (GSI), Botão ECO, Câmbio automático CVT XTRONIC 8, Stop & Start, Eco Coaching, Teto pintado na cor da carroceria, Vidros verdes

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.