(Avaliação) Peugeot 2008 THP 2022 aposta tudo no desempenho e custo X benefício

Crossover ou SUV pequeno? O 2008 sempre deixou essa dúvida no ar, desde sua chegada lá em 2015. Talvez unindo o melhor desses dois mundos, especialmente nas versões THP, ele ainda mostra disposição e várias virtudes em pleno 2022, e tenta driblar seus principais inimigos: Concorrentes mais modernos, consumidores mais exigentes e, claro, o implacável tempo, que vai deixando qualquer carro ultrapassado perante os rivais.

Os anos de estrada, concorrência de peso e público-consumidor exigente são suas principais ameaças (Foto: Lucca Mendonça)

Todas as fichas desse Peugeot, que é fabricado em Porto Real (RJ) e hoje tem como “mãe” o Grupo Stellantis, são apostadas em duas coisas: Desempenho apurado e uma interessante relação custo X benefício, em especial nessa configuração Griffe THP de R$123.990. Topo de linha dentro da gama 2008, ela também é a única que realmente se destaca nos números de potência e torque.

Falando nisso, conjunto motor/câmbio é a cereja desse bolo. Isso porque aqui temos o consagrado motor 1.6 16V turboflex (THP) com seus surpreendentes 165/173 cv de potência e 24,5 mkgf de torque (gasolina/etanol). Com ele debaixo do capô, o 2008 ainda é o SUV mais potente do mercado nacional e perde nos quilos de torque apenas para o Novo Renault Captur 1.3 TCe, um feito e tanto pra um carro de sete anos de estrada. Parte desse mérito também vai para a transmissão automática Aisin AT6, com seis velocidades e muita competência.

O resultado dessa equação são acelerações bem vigorosas, principalmente no modo Sport e com o câmbio programado para trocas manuais, além de força de sobra em qualquer situação de uso. É um pouco menos rápido que seu irmão Citroën C4 Cactus THP, mas ainda um belo “canhãozinho”: 0 a 100 km/h na casa dos 8 segundos e velocidade máxima de 210 km/h quando abastecido com etanol, segundo dados de fábrica.

O corpinho de SUV pequeno continua escondendo um belo espírito esportivo, que se beneficia também da carroceria não muito alta, suspensões bem calibradas e freios a disco nas quatro rodas. E mais notícias boas: Quem espera consumo alto se engana, já que a baixa cilindrada, turbo e injeção direta do THP garantem boas médias no uso urbano e rodoviário. Durante nossos testes, os números foram de 10,8 km/l na cidade e até 17,7 km/l na estrada abastecido com gasolina e no modo Eco, onde o acelerador fica mais “morto” e o câmbio antecipa bastante as trocas de marchas.

Além de ser um “canhãozinho”, o 2008 THP conquista também pelo baixo consumo de combustível (Foto: Lucca Mendonça)

Pra quem quer, e precisa, ele ainda pode ser um bom utilitário, desde que não seja exigido nada muito fora-de-estrada: Traz de série o Grip Control, sistema que adequa vários pontos do carro de acordo com o tipo de terreno selecionado, mas não consegue atravessar muitos obstáculos com seus meros 20 cm de vão-livre do solo. Se dá melhor no asfalto que no off-road, assim como praticamente todos os concorrentes.

Vida a bordo é boa

Por dentro ele é mais moderno: Traz o i-Cockpit, assim como os Peugeot mais modernos, e a disposição dos componentes é atual (Foto: Lucca Mendonça)

Por dentro, a idade do 2008 pesa menos que por fora. Desde sua estreia ele conta com o i-Cockpit, que inclui o volante pequeno, instrumentação elevada e posição do condutor mais “no chão”, todas características que qualquer Peugeot mais moderno oferece. É uma exclusividade que só ele possui dentro da categoria de SUVs compactos.

A disposição dos componentes também é moderna, com multimídia de tela flutuante, seguida pelas saídas de ar-condicionado e demais comandos mais embaixo, e o acabamento interno segue o padrão atual: plástico duro, várias texturas e algumas partes emborrachadas. Ele ainda é simples e fácil de “usar”, qualquer um se adapta com facilidade no posto do condutor e o carro não esconde segredos. Nem parece que é de 2015.

Tudo fica à mão do motorista, e até o acabamento interno segue o padrão dos rivais atuais (Foto: Lucca Mendonça)

Seguindo o mesmo lema, os demais ocupantes também viajam bem, com direito a teto alto, pouco ressalto do túnel central e espaço interessante para ombros e joelhos de todos. Claro que a carroceria mais compacta não faz milagres, mas vão até quatro adultos e uma criança no meio do banco traseiro com conforto. Se apertar cabem cinco ocupantes “grandinhos” sem maiores problemas. Outro ponto positivo é o porta-malas plano de generosos 402 litros, bem condizente com a proposta do carro.

No final, vale a pena?

Essa versão não só é a mais cara, mas também a única oferecida com esse excelente conjunto mecânico. Abaixo dela está a Allure Pack de R$112.990, que traz motor 1.6 16V EC5, sem turbo, aliado a mesma caixa automática de 6 velocidades Aisin. Mas esse é quase um outro carro (veja a avaliação dele aqui), tamanha diferença de potência e torque quando comparado ao THP.

Agora voltemos ao Griffe THP de R$124 mil, que não tem opcionais a não ser a cor metálica (R$1.890 por esse branco perolizado do carro avaliado): Ele briga na mesma faixa de preço com Nissan Kicks Advance 1.6 16V de R$127 mil, Chevrolet Tracker LTZ 1.0T de R$128 mil, VW T-Cross 200TSI de R$130 mil, Jeep Renegade Longitude 1.8 16V de R$130 mil, Hyundai Creta Limited 1.0T de R$132 mil e até com o próprio Citroën C4 Cactus Feel Pack 1.6 16V EC5, que hoje não sai por menos de R$122 mil.

Ganha de todos os concorrentes em desempenho e força do motor, e também entrega mais conteúdo que a maioria (Foto: Lucca Mendonça)

Todos esses rivais perdem feio para o 2008 THP nos números de desempenho e força do conjunto mecânico. Enquanto isso, em conteúdo de série e tecnologia ele fica atrás apenas do Tracker e Creta, chega a empatar com o Renegade, mas novamente deixa todo os outros para trás. Depois disso tudo, a resposta parece ser clara: É um ótimo negócio! Pechincha? Não é pra tanto, mas ele ainda é dono da relação custo X benefício mais convidativa do segmento. E talvez de um dos melhores powertrain do mercado nacional…

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.598 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote fundidos em alumínio
Transmissão: Automática com conversor de torque e 6 velocidades, com possibilidade de trocas manuais na alavanca
Potência: 165/173 cv a 6.000 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 24,5 mkgf a 1.400 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: Independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: Eixo de torção com molas helicoidais
Direção: Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
Freios: Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Goodyear EfficientGrip, medidas 205/60. Rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,16 m/1,74 m/1,58 m/2,54 m
Porta-malas: 402 litros
Tanque de combustível: 55 litros
Peso em ordem de marcha: 1.246 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,3/8,1 seg.(gasolina/etanol)
Velocidade máxima: 206/209 km/h (gasolina/etanol)
Preço básico: R$123.990 (Carro avaliado: R$125.880)

Itens de série:

Teto de vidro panorâmico, Volante revestido em couro, Aerofólio traseiro com detalhe preto brilhante, ESP – Programa eletrônico de estabilidade, Sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré, Airbags laterais + Airbags de cortina, Faróis de neblina dianteiros, Piloto automático e limitador de velocidade, Acendimento automático dos faróis, Acionamento automático do limpador de para-brisas, Comandos no volante para rádio e Bluetooth, Peugeot Connect Radio Touchscreen de 7″, Ar-condicionado automático digital bi-zone, Câmbio Automático Sequencial de 6 velocidades

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.