(Avaliação) Novo Audi A3 Sedan 2.0 TFSI está melhor do que nunca
Primeiro Audi fabricado no Brasil, o A3 é o carro mais famoso da marca alemã por aqui desde sua estreia em 1997. A carroceria sedan só veio em 2013, e, claro, foi mantida nessa nova geração, estreada há pouco tempo e novamente importada da Alemanha.
O A3 é um daqueles carros que pouco precisa de atualizações e, quando elas acontecem, dificilmente são muito extravagantes ou radicais. É fácil notar isso pela semelhança dessa nova quarta geração com a anterior. Os mais leigos podem até pensar ser uma reestilização visual mais profunda ou coisa assim, já que eles realmente se parecem, mas na verdade é quase tudo novo.
“Quase”: Dois pontos fortes do A3, plataforma modular MQB e mecânica básica, são os mesmos de antes, o que explica a distância entre-eixos inalterada (2,63 m) e os motores já conhecidos (1.4 TFSI e 2.0 TFSI), respectivamente. Que bom.
Assim sendo, o “popular chique” da Audi mantém concepção aprimorada com suspensões independentes nas quatro rodas, fixação multilink no eixo traseiro, eficientes freios a disco ventilado nas quatro rodas, estampo da carroceria em aços de altíssima resistência e outras diversas tecnologias embarcadas, começando pelo conjunto motor/câmbio.
Não, ele não tem tração integral Quattro, mas, ainda assim, é um powertrain de muito respeito. Une a transmissão automatizada de dupla embreagem S-Tronic de 7 marchas com o bom e velho 2.0 TFSI EA-888 movido a gasolina que, nesse caso, está um pouquinho “capado”: 190 cv de potência, progressivos entre 4.200 e 6.000 rpm, e 32,5 mkgf de torque a partir de 1.500 rpm. Em outros modelos mais caros (e pesados) esse propulsor chega aos 250 cv e quase 40 mkgf.
Ainda bem que é tudo questão de calibração eletrônica, já que as tecnologias construtivas como injeção direta, turbo com intercooler e duplo comando variável ainda estão lá. Mas o A3 Sedan tem dois segredinhos: Ele pesa bem menos que seus irmãos maiores e consegue ser mais econômico que um popular 1.0, ou seja, acaba compensando a potência/torque menores e ainda tem o “bônus” de gastar pouco combustível. Maravilha!
Mesmo não estando na sua melhor versão (leia-se “a mais potente”), essa mecânica também garante ao A3 Sedan bastante vigor e disposição nas acelerações e retomadas de velocidade, feitas sem muita pressão no pedal do acelerador graças ao torque máximo despejado já em baixas rotações. Oficialmente, o 0 a 100 km/h é feito em cerca de 7,5 segundos e velocidade máxima estaciona na casa dos 250 km/h.
Trocas de marchas rápidas e quase imperceptíveis, maioria da força disponível em baixas rotações e acelerações sem exigir muito do acelerador, ou então ajustes refinados de direção, freios e suspensão, que inclusive está em um ótimo meio-termo entre estabilidade e conforto, driblando a pouca absorção dos pneus de perfil baixo, são algumas das características que definem a condução desse pequeno sedan alemão.
Por essas e outras que ele acaba tendo números animadores não só no desempenho, mas também quando falamos de consumo de gasolina. Graças a tecnologias como Start&Stop e roda-livre, não foi difícil superar os 13,5 km/l na cidade e até 20,5 km/l na estrada. Contra fatos não há argumentos: O A3 Sedan das fotos gastou ¾ do seu tanque de 50 litros para rodar quase 600 km entre uso urbano e rodoviário durante nossos testes, ou seja, conseguiu algo em torno dos 16,0 km/l no consumo misto.
Apesar de estar um pouquinho maior do que a geração anterior, ele tem parâmetros parecidos com os de antes na condução, conforto e sensação a bordo, o que, em parte, é uma boa notícia. Sua cabine, leia-se painel, laterais de portas e bancos, foi inspirada no “super” SUV Urus, da Lamborghini (hoje propriedade do Grupo VW/Audi), mas também traz elementos bem-vindos de e-tron, A6 e A8. Está até inovador, pra esquecer de vez as linhas insossas do interior da antiga geração.
Facilmente acomodado pelos diversos ajustes de banco e volante, com todos os comandos à mão e sentado em um posto de condução bem baixo, o motorista só vai sofrer um pouquinho para entrar e sair por conta da pouca altura da carroceria e caixas de ar elevadas, assim como os demais passageiros.
Mas, depois disso, nenhum problema a bordo, já que todos os ocupantes (de preferência quatro adultos e uma criança pequena) viajam com espaço razoável para pernas e cabeça, embora aqui também exista o problema do túnel central alto demais na segunda fileira, crônico nos Audi modernos.
Ao menos ninguém passa calor graças a um eficiente sistema de ar-condicionado com saídas pra quem vai atrás, nem fica no escuro, já que, além das luzes de leitura padrão em LED para todos os passageiros, existe o opcional da iluminação ambiente com seletor de cores, equipado no carro do teste.
Importante lembrar que estamos falando de um A3, carro de entrada da marca, então não espere um surpreendente padrão premium de acabamento (que, por sinal, é caprichado), rodar silencioso como o de um elétrico (a mecânica pouco é ouvida, mas os altos ruídos de rodagem dos pneus incomodam), espaço interno de limousine ou porta-malas de SUV (aqui são modestos 425 litros). Nesses quesitos o irmão-maior e mais caro A4 se sai bem melhor.
Preços e conteúdo: Vale a pena?
Como sempre, aqui temos a versão mais cara Performance Black 2.0 TFSI, tabelada em R$285 mil. Existem ainda outros R$41 mil de diversos opcionais, como pintura metálica ou perolizada, faróis Full LED Matrix, sistema de som Bang&Olufsen 3D, interior com visual S-Line, capas dos retrovisores com acabamento em fibra de carbono e por aí vai, tudo vendido separadamente.
O A3 Sedan Performance Black das fotos, que possui a maioria desses itens extras, sai por pouco mais de R$308 mil. Abaixo, com o mesmo conjunto mecânico, está o S-Line 2.0 TFSI de R$270 mil, que tem uma lista de equipamentos mais enxuta.
Cifras salgadas que acabam causando um problema na vida do A3 Sedan: Equipado assim como o carro das fotos, ele atinge praticamente o mesmo preço de um A4 intermediário, da versão Prestige Plus. E não para por aí: Os Novos A3 vendidos no Brasil até agora tiveram alguns equipamentos cortados da sua lista original, culpa daquela crise mundial no fornecimento de chips semicondutores.
Assistentes de condução tradicionais como piloto automático adaptativo (ACC), alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, monitor de ponto-cego, Park Assist e alerta de saída de faixa, por exemplo, não são oferecidos nem nessa versão mais cara, pelo menos por enquanto. A expectativa é que a oferta deles se normalize com uma melhora da tal crise.
Detalhe que alguns desses itens tem até seus botões de ativação/desativação espalhados pelo painel, à exemplo da tecla para comandar o alerta de saída de faixa, que está lá, sem função, na chave de seta. Ao que tudo indica, parece ser mesmo um problema temporário.
Veredicto
Mesmo com essas pedras no sapato, o A3 Sedan continua sendo um excelente produto, e nessa geração ele está melhor do que nunca. Pode até ser um pouco mais caro do que deveria, mas ainda fica na média de preços do segmento, onde briga principalmente com Mercedes-Benz Classe A Sedan e BMW Série 3 Sedan. Melhor que ele na feliz junção de bom desempenho, baixo consumo e dirigibilidade afiada? Arrisco em dizer que nenhum concorrente.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.984 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades, possibilidade de trocas manuais em paddle-shifts no volante |
Potência: 190 cv a 6.000 rpm |
Torque: 32,6 mkgf entre 1.500 e 4.200 rpm |
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson |
Suspensão traseira: independente, do tipo multilink |
Direção: tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados nas quatro rodas |
Pneus e rodas: Bridgestone Turanza T005, medidas 225/40. Rodas de liga-leve aro 18 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,50 m/1,82 m/1,43 m/2,63 m |
Porta-malas: 425 litros |
Tanque de combustível: 50 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.485 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 7,4 segundos |
Velocidade máxima: 248 km/h |
Preço básico: R$284.990 (Carro avaliado: R$308.200) |