(Avaliação) Mercedes-Benz mais barato do Brasil, o SUV GLB200 1.3 turbo agrada até no preço
Depois de um Renault com motor Mercedes, agora é a vez do Mercedes com motor Renault. A bem da verdade é que esse moderníssimo 1.3 16v turbo foi desenvolvido pela Daimler (Mercedes-Benz), Renault e Nissan em uma aliança consagrada na Europa, e se mostra pra lá de versátil: equipa o Captur nacional, A200 Sedan, GLA200, além do GLB200, um SUV de 7 lugares com pitadas de minivan na sua concepção. Já adianto que o carro é muito bom, enquanto o 1.3 turbo dá o mesmo show à parte, seja num Renault nacional ou em um Mercedes alemão.
E falando em nacionalidades, o que deve surpreender você, leitor, é o fato que esse SUV não é um Europeu de sangue, mas sim mexicano, mais especificamente de Aguascalientes: lá a Mercedes ergueu recentemente uma de suas fábricas de automóveis, localizada propositalmente nas redondezas da planta da Nissan México, novamente por causa da aliança entre as marcas.
É um ganha-ganha pra todos os lados: a fábrica tem menores custos de produção, paga menos impostos de importação e, claro, consegue ter bom custo X benefício vendendo o GLB200 por R$279 mil iniciais, o MB mais barato do Brasil. Esse preço é equivalente ao de utilitários médios como Toyota RAV-4, Honda CR-V, Ford Bronco, Peugeot 3008 e cia, mas nenhum deles tem a grife da estrela de três pontas. O carro das fotos é da versão mais cara, a Progressive, que custa R$305.990. Ainda assim não é nada assustador para os padrões atuais…
Coração (poli)valente
O GLB200 não é para aqueles que pensam em Mercedes e já imaginam qualquer esportivo que faça de 0 a 100 km/h em 5 segundos, até porque seu moderno 1.3 turbo movido a gasolina de 163 cv e 25,5 mkgf de torque máximo tem expertise em outro assunto: economia de combustível.
Para isso, conta com a eficiente transmissão automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades (DCT), um interessante sistema que desativa dois dos quatro cilindros quando o motor é pouco exigido, além da conhecida função de roda-livre, aquela que desengata o câmbio em vias planas e declives assim que o motorista tira o pé do acelerador (uma espécie de “banguela” institucionalizada). O Start-Stop também está presente.
Durante o uso, só alegrias: Com o seletor de modos de condução sempre no ECO (também existe o Sport, Sport+ e Comfort), a GLB conseguiu mais de 12 km/l na cidade e, com pé leve, superou facilmente a barreira dos 18 km/l na estrada. Diferentemente do Renault Captur, o 1.3 turbo nos carros da Mercedes é movido única e exclusivamente a gasolina, o que é compensado tranquilamente com esses baixíssimos índices de consumo. Seu desempenho, mesmo não sendo esse o foco de um SUV familiar, também é elogiável: 0 a 100 km/h em cerca de 9 segundos e velocidade máxima de 207 km/h, segundo dados oficiais.
5 ou 7
O grande diferencial do GLB200 sobre seus concorrentes (em especial o Audi Q3 e BMW X1) é que ele consegue carregar confortavelmente até 7 ocupantes com uma modularidade interna que faz inveja a qualquer minivan: os dois bancos dianteiros possuem grande ângulo de reclinação, enquanto a segunda fileira, dividida em três partes (assento direito, assento central e assento esquerdo), corre sobre trilhos individualmente e pode ter os encostos rebatidos.
Isso tudo somado aos excelentes 2,83 m de distância entre-eixos, portas que se abrem em quase 90º, teto alto e assoalho praticamente plano, é impossível não se acomodar bem nesse carro. Até mesmo os passageiros do “fundão”, que só encontram certa dificuldade na hora de entrar e sair da terceira fileira, vão com conforto e até agraciados com porta-copos e portas USB para carregar celular. Além disso, todos tem acesso ao enorme teto-solar panorâmico que se divide em duas partes.
O melhor está a bordo
Além de toda a modularidade dos 7 lugares, a GLB200 oferece um bem-estar típico de um carro premium para motorista ou qualquer um dos demais seis passageiros. O interior do carro avaliado, revestido nessa interessante combinação de cor creme com madeira escura (no painel e detalhes das portas), passa boa impressão e completa o ar de requinte, mesmo que não seja dos mais fáceis de se limpar, ainda mais em um SUV familiar.
Chamando a atenção também está o conglomerado de telas formado pelo painel de instrumentos 100% digital e multimídia generosa, ambos eficientes mas com operação um tanto complicada, o que é comum nos carros da marca. Nessa versão avaliada, o SUV de entrada da Mercedes oferece ainda o sistema MBUX (Mercedes-Benz User eXperience), que nada mais é do que a operação de diversas funções do carro através de comandos de voz.
Pode-se abrir ou fechar a persiana do teto-solar, ajustar o ar-condicionado, obter números do computador de bordo, fazer ligações pelo celular através do Bluetooth e mais, tudo comandado por frases ditas pelos ocupantes. Existe também a função chamada de Cinética dos Bancos: com ela ativada, os assentos do motorista e passageiro dianteiro vão se ajustando automaticamente, em movimentos pequenos, conforme a posição do corpo, garantindo sempre uma boa anatomia.
Outras mordomias como saídas de ar-condicionado para a segunda fileira, touchpad no console central para comandar a multimídia, bancos dianteiros com ajustes elétricos e memória de posição, porta-malas de 500 litros com abertura/fechamento automáticos presenciais, sistema de som premium e luzes ambientes em LED não poderiam faltar em um premium moderno.
Bom negócio
Esse é, sem dúvidas, o melhor negócio dentro da linha de carros da Mercedes atualmente. É mais barato até mesmo que o hatch pequeno Classe A (R$320 mil), importado da Alemanha em versão única e bem enxuto em itens de série, e ganha de lavada na relação custo X benefício do seu irmão menor GLA200 (R$326 mil), equipado com o mesmo conjunto mecânico e com capacidade para 5 ocupantes. Toda essa “pechincha” só é possível graças a exclusividade da fabricação latino-americana.
Considerando seu preço e porte, esse SUV da Mercedes é uma perfeita alternativa de luxo a VW Tiguan All Space, Jeep Commander, CAOA-Chery Tiggo 8 e cia. Pode até ser menor nas dimensões e um pouco mais caro no preço final, mas, em contrapartida, traz a grife da marca que literalmente inventou os automóveis. Isso é coisa que ninguém mais tem.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.332 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades. Trocas manuais por paddle-shifts no volante |
Potência: 163 cv a 5.500 rpm |
Torque: 25,5 mkgf entre 1.620 e 4.000 rpm |
Suspensão dianteira: Independente, McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: Independente, multibraço |
Direção: Do tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica progressiva |
Freios: Discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira |
Pneus e rodas: Continental PremiumContact 6 (runflat), medidas 235/50. Rodas de liga-leve aro 19 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,63 m/1,83 m/1,66 m/2,83 m |
Porta-malas: 500 litros (cinco ocupantes) ou 130 litros (sete ocupantes) |
Tanque de combustível: 52 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.630 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,1 segundos |
Velocidade máxima: 207 km/h (limitada eletronicamente) |
Preço básico: R$278.900 (carro avaliado: R$305.900) |