(Avaliação) Jeep Commander 2.0 turbo é o melhor de todos os tempos, mas vale a pena?


Desde o lançamento do Jeep Commander, lá em 2021, o SUVzão tinha uma pedra no sapato: estava limitado ao motor 1.3 turboflex T270 mesmo nas suas versões mais caras. Não que esse propulsor fosse ruim, mas ele era um tanto subdimensionado para o porte do Commander. Principalmente quando tinham sete pessoas a bordo, podia faltar um pouco de motor. Por isso muita gente acabava pagando mais caro e levando um turbodiesel, com 11 mkgf de torque a mais e, de quebra, tração 4×4 com reduzida.
Mas chegou o Hurricane na linha Commander, e problema resolvido! Quem é ele? Um moderno motor 2.0 turbo inteiro em alumínio, com injeção direta, duplo comando variável e várias outras modernidades dignas de um propulsor de primeira linha. É ele quem move as Ram Rampage a gasolina, os Jeep Wrangler e Gladiator, e outros carrões por aí. Incluindo o Commander, que ganhou esse 2.0 turbo de série nas suas versões mais caras, como essa Blackhawk avaliada, de R$327,5 mil.
Potência e torque: cerejas do bolo
E, claro, as cerejas desse bolo são os mais de 270 cv de potência e quase 41 mkgf de torque, administrados pelo amplo leque das nove marchas da caixa automática ZF. Tudo com esse powertrain ficou mais fácil nos Commander: as ultrapassagens são feitas ao menor comando do acelerador graças ao torque prematuro, ele retoma velocidade como um esportivo e, apesar de não roncar grosso como as Rampage R/T, pode ser bem mais divertido do que parece ao volante. Na teoria, a Jeep fala em apenas 7 segundos para ir de 0 a 100 km/h, e o bacana é que a prática não fica muito diferente disso: aferimos 7,2s com o carro avaliado. Bem arisco!
Quem ajuda nessa proposta é a tração integral, que trabalha de forma automática distribuindo a força para as quatro rodas, fazendo com que o carro ande “na linha” mesmo em curvas mais rápidas ou desvios bruscos de trajetória. Claro, ainda tem o “pênalti” da carroceria alta e elevado centro de gravidade, mas aí são características típicas de SUVs: ele acaba inclinando mais nas curvas, já que as suspensões mantêm o curso longo, em prol da capacidade off-road e robustez para o dia a dia.
Mecânica preparada
Molas e amortecedores, aliás, foram preparados para trabalharem no pique mais esportivo do Hurricane, com acerto mais rígido, sem prejudicar muito o conforto ou a capacidade de absorção. Também há discos de freio dianteiros maiores e mais poderosos (330 mm, ante 305 mm das demais versões), para parar a fera com segurança. A direção foi a única que não parece ter sido modificada: continua progressiva, com relação mediana (nem muito multiplicada, nem desmultiplicada) e peso razoavelmente leve, inclusive nas manobras. Um conjunto bem ajustado.
O mesmo vale para a relação das nove marchas da transmissão. O carro parte sempre em segunda, a não ser em situações de 4×4 ativado ou quando ele está carregado, e todas as demais velocidades são curtas e próximas entre elas. Na estrada, por exemplo, é possível manter os 120 km/h em sexta marcha a menos de 2.700 rpm, em sétima ao redor de 2.350 rpm, em oitava a cerca de 1.900 rpm e em nona a 1.600 rpm. Considerando que baixas rotações como essas significam menos barulho e menor consumo, o Hurricane ainda acaba fazendo bem ao Commander em outros pontos além da performance.
Bebe menos que os 1.3 turboflex
De fato, ele pode beber menos gasolina que os 1.3 turboflex, dependendo da situação: na estrada, vazio e com ar ligado, foi possível bater a marca dos 13 km/l, enquanto numa situação de sete a bordo, o computador de bordo indicou 11,9 km/l mantendo o velocímetro ao redor dos 115 km/h. O consumo urbano é bem parecido com o dos T270: ao redor dos 7,7 km/l, aproveitando o Start&Stop no anda e para. Com sete pessoas a bordo e bagagens numa viagem de 220 km, sendo 90% deles na estrada, a conta final foi de 10,9 km/l. Falamos de 20,2 litros queimados, ou praticamente 1/3 do seu tanque.
Na ocasião, a viagem foi tranquila e sem indício algum de falta de força, mesmo em retomadas ou ultrapassagens: o Hurricane dá muito bem conta do recado, e não sofre nem um pouco para mover o Commander carregado. O único “efeito” dos sete a bordo pareceu ser um carro mais “assentado” e que oscila entre oitava e nona marcha, aproximando-se assim do seu pico de torque (3 mil giros). Inclusive, é interessante notar a “estilingada” a partir das tais 3.000 rotações, mesmo com força de sobra antes disso.
Poucos rivais
Por quase R$330 mil, essa versão Blackhawk topo de linha pode parecer salgada, mas a vantagem do Commander é sua concorrência “tímida”: nessa faixa de preço, além dos turbodiesel como Trailblazer, SW4 ou Pajero Sport, a lista não vai muito além com o Tiggo 8 híbrido plug-in da Caoa-Chery ou Mercedes GLB, ambos de luxo, com sete lugares e motorização poderosa. Desses todos, só o Caoa-Chery consegue ser (bem) mais barato.

O negócio torna-se mais atraente quando olhamos para outros pontos além da mecânica. O Commander 2.0 turbo mantém aquelas conhecidas qualidades do 1.3 turboflex, só que com potência e torque que sobram: é grandalhão, mas espaçoso, confortável, cheio de tecnologias embarcadas e com um acabamento elogiável para os padrões atuais. O porta-malas pode ser imenso na configuração de cinco lugares, com os dois últimos bancos rebatidos. Mesmo montado para sete, ainda sobra um espaço para algumas sacolas, bolsas ou malas pequenas lá atrás.
Novidades e faltas
Enquanto isso, coisas que faltavam, como memórias de posição para o banco do motorista, vieram nessa linha 2025 para facilitar a vida a bordo, que já inclui comandos fáceis e próximos do motorista. Pena que outras funções, a exemplo da câmera 360º 3D ou bancos dianteiros refrigerados, ainda fiquem de fora dos luxos do maior SUV nacional da Jeep. A lista de equipamentos ainda é bem longa, como esperado pelo preço que ele custa.
Off-road garantido
Vale lembrar que o Commander também é um carro que não faz feio no off-road. Tem boa altura do solo, ângulos abertos de ataque e saída, tração 4×4 sob demanda, função de reduzida, bloqueio eletrônico do diferencial e controle eletrônico de descidas, todos itens de série nessas versões com motor Hurricane. Ainda que não tenha pneus de uso misto e use aros grandes (19”), ele consegue encarar trechos ruins e lama sem reclamar muito. É, de fato, um carro multiuso, desde que você não pretenda enchê-lo com sete pessoas e mais muitas bagagens, nem colocar passageiros muito grandes lá na última fileira, onde a folga é menor e não há saídas de ar-condicionado.

Melhor de todos?
Não é exagero falar que esse 2.0 turbo é o melhor Jeep Commander desde seu lançamento. É o mais potente e arisco, um dos que se sai melhor nas curvas e frenagens, e o que mais oferece equipamentos de série. Como “plus”, ainda pode ser mais econômico que um 1.3 turboflex, mantendo a tração 4×4 com reduzida dos turbodiesel e a praticidade dos sete lugares. Basta ter os R$327,5 mil dessa Blackhawk, ou pelo menos os R$311 mil da Overland Hurricane, e ele torna-se um negócio bem interessante…
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.995 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automática de 9 velocidades, com opção de trocas manuais por paddle-shifts ou na alavanca |
Potência: 272 cv a 5.200 rpm |
Torque: 40,8 mkgf a 3.000 rpm |
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: indepentente, multibraço, com barra estabilizadora |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
Pneus e rodas: Pirelli Scorpion, medidas 235/50 e rodas de liga-leve aro 19 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,77 m/1,86 m/1,72 m/2,79 m |
Porta-malas: 661 litros (5 lugares) ou 231 litros (7 lugares) |
Tanque de combustível: 61 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.886 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 7,0 segundos |
Velocidade máxima: 220 km/h (limitada eletronicamente) |
Preço básico: R$327.590 (carro avaliado: R$330.590) |
Itens de série:
Abertura elétrica automática da tampa do porta-malas com sensor de presença, Acabamentos externos em preto brilhante, Bancos dianteiros com ajustes elétricos, Banco do Motorista com Duas Memórias de posição, Central Multimídia de 10,1″ com Adventure Intelligence Plus e Alexa in vehicle, Logos escurecidos, Pneus com tecnologia Seal Inside, Rodas de liga leve de 19″ escurecidas, Sistema de som Premium Harman Kardon de 450W (9 alto-falantes + 1 subwoofer), Teto–Solar Elétrico e Panorâmico, ABS, Acendimento automático dos faróis por sensor crepuscular, Ajuste do volante em altura e profundidade, Alarme, Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, Aletas para trocas de marcha no volante (Borboletas), Apóia-braço central dianteiro e porta objetos, Apple Carplay e Android Auto com espelhamento sem fio, Ar–condicionado automático digital dual zone e ajuste de velocidade para as fileiras traseiras, Aviso de colisão frontal com frenagem de emergência, Detecção de pedestres e ciclistas, Alerta de saída de faixa ativo, Banco do passageiro rebatível, Bolsa porta objetos atrás dos bancos dianteiros, Câmera de estacionamento traseira, Chave presencial com telecomando para abertura de portas e vidros – Keyless Entry n Go, Sete cintos de segurança de três pontos, Sete apoios de cabeça individiduais, Cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura, Comutação automática de faróis, Controle de Estabilidade (ESP), Controle de Tração (TC), Controle eletrônico anticapotamento, Detector de fadiga do motorista, Direção elétrica progressiva, Estepe de uso emergencial, Conjunto óptico full LED (DRLs, faróis, luzes de seta e de neblina, lanternas), Freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold, Freios a disco nas 4 rodas, Ganchos de fixação de carga no porta-malas, HDC – Hill Descent Control (controle eletrônico de descidas), HSA – Hill Start Assist (assistente de saída em rampas), Iluminação do porta-malas, Isofix, Limpador e desembaçador do vidro traseiro, Monitoramento de pontos cegos com alerta sonoro, Painel de instrumentos digital HD de 10,25″, Panic Break Assist (assistente de frenagem de emergência), Parassóis com espelhos de cortesia, Pavimento do porta–malas com revestimento duplo, Piloto automático adaptativo (ACC), Porta–óculos, Portas USB nas três fileiras de assentos, Reconhecimento de placas de trânsito, Engine Remote Start (partida remota do motor), Retrovisores externos com repetidores de seta em LED e rebatimento elétrico, Retrovisor interno eletrocrômico, Seletor de terrenos (Selec-Terrain), Sensor de chuva, Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Sete airbags (2 frontais, 2 laterais, 2 de cortina e 1 para os joelhos do motorista), Sistema de estacionamento semiautônomo (Park Assist), Sistema de monitoramento da pressão dos pneus, Sistema de navegação GPS online, Tampa de cobertura do porta-malas (retrátil e removível), Tapetes dianteiros e traseiros em carpete, Teto em preto brilhante, Tração 4x4 com função Reduzida, Bloqueio eletrônico do diferencial, Travas elétricas nas portas e porta–malas a partir de 20 km/h, Vidros elétricos nas 4 portas com one touch, Volante multifuncional com acabamento em couro, Wireless Charger (Carregador do Celular por Indução), 2ª fileira de assentos reclináveis e com deslocamento longitudinal de 14 cm sobre trilhos, 3ª fileira de assentos reclináveis e com ajuste de inclinação do encosto